Entrevista com Arlindo Rodrigues Cardoso Filho

Nesta semana a GAZETA de COSMÓPOLIS entrevistou o ex-vereador, aposentado pela Prefeitura, onde ficou por 20 anos exercendo cargos administrativos, ex-Guarda Municipal que participou do corpo da primeira Guarda Municipal, Arlindo Rodrigues Cardoso Filho, 68 anos, também conhecido como ‘Quirela’. Casado com Odete Rodrigues Cardoso, tem três filhos e três netos.
Entre conversas sobre os tempos em que trabalhou na Usina Ester, conta que sente saudades dos carnavais da época, dos bailes no clube, jogos de futebol e diversas outras atividades que realizava naquele tempo. Mesma época que conheceu sua esposa.
Atualmente, Quirela vem enfrentado problemas de saúde, levando cerca de 8 meses para realizar um segundo procedimento cirúrgico pelo SUS.
Em entrevista, o aposentado contou sua trajetória e experiências, tanto no ramo da indústria, quanto da política. Já nos últimos 20 anos, o casal tem cuidado de animais abandonados em um terreno em frente à sua casa. Nesta mesma entrevista, ele conta como tudo começou e quais as principais dificuldades que tem enfrentado.

GAZETA de COSMÓPOLIS: O senhor é nascido em Cosmópolis?
Arlindo Rodrigues Cardoso Filho: Nasci em Cosmópolis e morei aqui a minha vida toda, inclusive, a maior parte dela foi no mesmo bairro.

GAZETA: O senhor finalizou seus trabalhos na Prefeitura, onde desenvolveu diversos cargos públicos. Como foi sua trajetória profissional?
Arlindo: Comecei a minha vida profissional no campo, na lavoura. Na adolescência, entrei para o corte de cana da Usina Ester. Ainda na Usina, passei por diversos setores, inclusive, administrativos. Já na vida adulta, entrei na primeira Guarda Municipal de Cosmópolis. Seguido disso, após sair da Guarda, decidi ir trabalhar na Petrobras, em diversas empresas. Posterior a isso, também exerci trabalhos na Sanofi e Rhodia, cerca de, respectivamente, quatro e dez anos.
Contudo, resolvi voltar à Guarda Municipal, onde, dessa vez, eu trabalhei na parte administrativa em vários setores.
Em resumo, eu tenho cerca de 43 anos de registro em carteira e mais vários anos que trabalhei na zona rural.

GAZETA: Por que o senhor decidiu entrar na Guarda Municipal?
Arlindo: Eu admirava a profissão e, quando trabalhei nela, adorei.

GAZETA: De onde veio a vontade de se candidatar a vereador?
Arlindo: Foi na época que eu trabalhava no administrativo da Prefeitura. Trabalhei no Serviço Social e lá tive muito contato com a comunidade e os estudantes – isso me motivou a buscar fazer algo a mais por essas pessoas.
Nesse período, muitos alunos sugeriram para que eu entrasse como vereador, por conta das atividades que eu exercia. Como eu era um pouco conhecido no bairro e na cidade, decidi entrar como vereador.
Na época, por volta de 1966, eu fui o segundo mais votado da cidade. Disputei com muitas pessoas boas como Willian Neumann, ‘Nabão’, ‘Molina’ e muitos outros.

GAZETA: Como foi a experiência?
Arlindo: Eu gostei, mas logo comecei a notar algumas injustiças e comecei a desgostar. Entretanto, sempre estive envolvido com política, sou filiado ao PMDB há 40 anos e, na última eleição, não fiquei de fora, auxiliei alguns políticos na campanha.
Parece que está no sangue gostar de política. Mesmo eu entrando só uma vez como vereador e levando algumas ‘buchadas’, acabei me apaixonando.
Sempre estive no meio das pessoas, da sociedade, correndo atrás de fazer algo pela população e estou até hoje.

GAZETA: O que mais chamou sua atenção e o que foi mais difícil em exercer um cargo político?
Arlindo: Acredito que a parte que mais me doeu foi ver projetos injustos entrarem na Câmara e serem aprovados por companheiros meus. Já vi muitos fazendo isso por interesse financeiro e não pelo desenvolvimento da cidade.

GAZETA: Depois da carreira política, o senhor começou a partir para outros ramos. O que exatamente o senhor fez e faz até hoje?
Arlindo: No passado, eu tinha aberto uma peixaria e também um minhocário, onde vendia húmus e minhocas. Infelizmente, deixei de fazer ambas as atividades.
Hoje, estou cuidando de animais abandonados. Estou discutindo uma forma de regularizar um terreno em frente à minha casa, o qual eu uso para cuidar de animais que são abandonados e maltratados.
Entretanto, começaram a vir muitos animais e estou chegando a um ponto que está se tornando muito difícil. Tanto pela quantidade de animais, quanto pelos meus problemas de saúde.
Atualmente, com poucos apoios, estamos lutando para manter esses animais em bom estado de saúde.

GAZETA: Qual o sonho que o senhor ainda tem?
Arlindo: Tenho vontade de chorar quando penso nisso. Na verdade, meu maior sonho era conseguir documentar esse terreno em frente à minha casa, fazer um rancho onde daria boas condições a esses animais abandonados e maltratados.
Eu tenho a esperança de que, um dia, mais pessoas apoiem a minha ideia e juntos nós conseguiremos diminuir o sofrimento desses animais.
Tenho medo de morrer e ninguém continuar cuidando desses animais que tanto amo.
Além disso, também gostaria de realizar o sonho da minha mulher de reformar a casa e deixar bem arrumada para ela.

GAZETA: O senhor gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores?
Arlindo: Sim, na verdade, eu gostaria de fazer um agradecimento especial ao Centro Médico de Cosmópolis e ao antigo Hospital Beneficente Santa Gertrudes pelo atendimento particular, através do Dr. Mauricio Aparecido Gonçalves, sua equipe e funcionários da saúde no geral. Além disso, quero agradecer minha família e amigos, pelo apoio na cirurgia. Que Deus e Jesus abençoem a todos!