A GAZETA de COSMÓPOLIS realizou o quadro ‘Entrevista’ desta semana, que conta a trajetória de Carlos Roberto Barbosa Santos. O aposentado, de 55 anos, fala que sempre sonhou em montar um negócio próprio e, mesmo tendo trabalhado por anos em empresas, sempre buscou um ramo para trabalhar como autônomo. Passou anos como administrador da livraria católica da cidade e, hoje, concilia sua aposentadoria com o conserto de máquinas de lavar.
GAZETA DE COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis? Como foi seu período de juventude?
Carlos Roberto Barbosa Santos: Sim, nasci aqui na cidade. Tive uma juventude ótima! Sempre fui muito envolvido com os projetos da cidade, joguei no time da escola. Há 55 anos, era fácil interagir (risos).
GAZETA: Durante sua juventude, você pensava em seguir uma carreira diferente da que seguiu?
Carlos: Sempre pensei em ser autônomo e ter o meu próprio negócio. Acabei aposentando em indústria, mas, sempre com dois trabalhos; a indústria e um serviço paralelo.
GAZETA: Por que queria ser autônomo? É melhor do que ser empregado?
Carlos: Melhor não é, até porque trabalhando como empregado, você tem todos os seus benefícios garantidos; o pagamento fixo na data exata. Como autônomo, você não sabe quanto receberá no mês, mas, para mim, sempre foi um prazer tocar meu próprio negócio.
GAZETA: Quais foram os seus serviços fixos?
Carlos: Aos meus 12 anos, eu já trabalhava em um escritório de contabilidade. Com 17, entrei na Coca-Cola e, aos 22, entrei na Rhodia, onde fiquei por 24 anos. Saí de lá faltando 3 anos para a minha aposentadoria.
GAZETA: Uma das coisas que marcou sua vida como autônomo foi a livraria católica. De onde veio e como surgiu a ideia de montá-la?
Carlos: Havia um grupo de jovens que trabalhavam na igreja. Com esse serviço, uma comunidade de Limeira se instalou aqui, alugando uma casa, onde foi montada a livraria católica, que ajudava no custo do aluguel. Eu sempre participei das reuniões que aconteciam lá junto com minha família e foi quando soube que a comunidade de Limeira, por não atingir seu objetivo com vendas, ia embora e fecharia a livraria. Para que isso não acontecesse, mesmo com a ida do grupo, assumi a mesma. Ela deveria ter durado apenas 4 meses, mas, acabou ficando por 14 anos.
GAZETA: Em algum momento, pensou em desistir?
Carlos: Não! Em momento algum. Isso aqui foi Deus quem me deu, por isso, nunca quis desistir do meu presente, do que amo. Por outro lado, eu nunca fui uma pessoa acomodada, sempre busquei mais.
GAZETA: E de onde surgiu esse trabalho com máquinas?
Carlos: Eu fiz o curso na época em que trabalhava na Rhodia, após o convite de um amigo. Com o tempo, comecei a gostar da profissão, que, naquele tempo, eram poucos que exerciam. Hoje, é maior o número de pessoas que trabalham com isso, mas, eu gosto e me ajuda muito no orçamento da casa.
GAZETA: Quais as dificuldades que você enfrentou, tanto como empregado quanto como autônomo?
Carlos: Uma das maiores dificuldades que tive foi a conciliação de horários, porque, quando você trabalha por conta própria e ainda é fixado em uma empresa, corre o risco de ser solicitado por um cliente que anseia pelo conserto o mais rápido possível e não poder atendê-lo no tempo dele. Foi difícil aprender como organizar tudo isso de maneira que nenhum atrapalhasse o outro. No fim, deu tudo certo! Hoje, tenho uma boa clientela que cresce dentro da cidade.
GAZETA: Quais as dicas que você daria para as pessoas que desejam ser autônomas, como você desejava?
Carlos: Se esta pessoa estiver empregada, eu recomendo que não deixe o seu emprego. A concorrência está cada vez maior e mais competitiva; às vezes, trabalham por um preço baixo com peças boas, mesmo que não sejam da melhor qualidade. Isso torna o mercado cada vez mais complicado e a conquista do cliente mais difícil.
GAZETA: Você se sente feliz e realizado com a sua vida até hoje?
Carlos: Sim, graças a Deus! Hoje, com o meu trabalho e 55 anos, não tenho dívidas, tenho crédito com a cidade inteira e, com tudo isso, posso concluir que valeu a pena o esforço de trabalhar sempre em dois empregos.