Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com Ciro Marcondes Balione, 37 anos, dono do mercado ‘Compre Mais’, localizado no Cosmópolis Plaza Shopping. Ciro conta a história desde sua época como vendedor até a conquista de seu atual cargo, o de empreendedor. Além disso, compartilha dicas de negócios, provando que ser um empresário não exige muito mais do que dedicação e trabalho.
GAZETA de COSMÓPOLIS: De onde é? Como foi o seu período de infância?
Ciro Marcondes Balione: Nasci em Minas Gerais, onde fiquei até os cinco anos de idade. A partir de então, passei a viver em Limeira, onde estou até hoje.
Quanto à minha infância, posso concluir que foi bem simples. Meus pais trabalhavam na roça e eu me vi obrigado a sair muito cedo para acompanhá-los. Com dez anos, eu já vendia chocolate pelas ruas; com onze, passei a carpir terrenos; aos 13, fui servente de pedreiro e assim fui seguindo. Não me arrependo de nada que fiz.
GAZETA: Como chegou a Cosmópolis?
Ciro: Em Limeira, fui vendedor de bijuterias até conseguir um emprego em uma fabrica na Nestlé. Passei a vender iogurtes e acabei me vendo na cidade para comercializar com os mercados locais.
A partir de então, passei a visitar as ruas cosmopolenses com frequência, até conseguir abrir meu negócio.
GAZETA: A partir de que momento passou de vendedor para administrador?
Ciro: Por estar sempre em contato com os mercados da cidade, conheci muita gente bacana, e dentre elas o Claudio e a Claudinha, da Cosmolata. Na época, os dois administravam o Compre Mais, da Avenida da Saudade, e desejavam muito vendê-lo.
A verdade é que eu não tinha nenhum capital para comprá-lo ou supri-lo, mas, o casal foi muito bom comigo! Em 2008, ofereceram-me a gestão do mercado da forma mais gentil possível, permitindo que eu pagasse em parcelas a compra do prédio.
Nunca gostei de perder oportunidades, e essa agarrei rapidamente. Mas, não deixei de ser um vendedor. No começo, trabalhava de segunda a segunda, sem folga e com pouco descanso.
GAZETA: Como lidou com o fato de estar administrando um negócio sem capital? Quais foram as dificuldades?
Ciro: Sempre tentei de tudo e nunca gostei de estar estagnado. Vejo uma oportunidade e corro atrás.
Quando essa surgiu, eu estava fixo em um emprego e com carteira assinada, mas vi nela uma oportunidade de crescer. Encarei isso trabalhando duro e persistindo, sem medo do que viesse. Hoje, fico feliz por ter dado tudo certo.
Já as dificuldades giraram em torno mesmo do pouco capital que investi. Havia grande concorrência também e isso foi um pouco difícil de lidar.
GAZETA: Qual o segredo de iniciar um negócio sem muito investimento? No início, houve alguém que te auxiliou na gestão do negócio?
Ciro: O segredo é manter-se organizado. No meu caso, sempre busquei renovar o estoque diariamente. Lembro que, no período da noite, após o fechamento do comércio, eu ia ao Atacadão comprar tudo o que vendia ao longo do dia, e acredito que isso me ajudou a tocar o negócio.
Quanto à gestão, não houve muito auxílio. Tive que aprender a lidar com os desafios sozinho.
GAZETA: Por que o comércio mudou de endereço? Como funcionou a compra do prédio?
Ciro: Mudamos por que o Berton desejava comprar nosso mercado, pois, desejavam expandir o negócio deles.
A venda me gerou certo lucro, que foi usado na compra do ponto no Shopping, antigamente ocupado por um comércio que faliu. A verdade é que sempre gostei de comprar pontos, erguê-los novamente e vendê-los. Já fiz isso com mercados nos bairros Cidade Alta, Parque Ester e até em Limeira. Me ajudou bastante.
GAZETA: Atualmente, como você administra o Compre Mais?
Ciro: Agora que estou mais estável profissionalmente e financeiramente, trouxe minha família para trabalhar comigo.
Sempre tive o desejo de introduzi-los em meus negócios, mas, não podia chamá-los quando ainda possuía dúvidas em relação a prosperidade do que eu fazia. Seria injusto permitir que trocassem o certo pelo duvidoso. Mas, sempre foi um sonho.
Quando mudei para o ponto do Shopping, pude realizar esse desejo, já que meu negócio passou a dar lucros. Trabalhar com minha família próxima a mim me dá segurança e também uma alegria imensa.
GAZETA: Como aprendeu a empreender?
Ciro: Cursei administração por dois anos, mas não pude concluir. A verdade é que fui vendo como funcionava no dia a dia e como outras pessoas levavam seus negócios.
GAZETA: E como foi conciliar vida pessoal e um trabalho que exigia sua atenção em grande parte do dia?
Ciro: Não foi muito difícil. Sou casado há 19 anos e, felizmente, minha esposa sempre entendeu o meu lado, me apoiou e incentivou. Ela foi, sem dúvidas, muito paciente.
GAZETA: Quais são as dicas para alguém que deseja iniciar um negócio?
Ciro: Trabalhe, se dedique e faça escolhas boas. Aliás, escolha sempre trabalhar bastante e aproveitar oportunidades. Seja determinado. Para ter sucesso, é necessário estar disposto a fazer as coisas sem medo de errar e aprender com tudo isso. Como já dizia Paulo Coelho, “o caminho da sabedoria é não ter medo de errar”.
GAZETA: Quais os planos para o futuro?
Ciro: Eu, sem dúvidas, quero trabalhar um pouco menos e conseguir me dedicar mais à minha família, ao lazer e, principalmente, viajar mais (risos).