Entrevista com Cláudio Justino

Esta semana a GAZETA de COSMÓPOLIS entrevistou o advogado Cláudio Justino, que contou sobre sua carreia na área social, inclusive, as conquistas, como por exemplo, o Projeto Despertar.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Quando e como foi que o senhor chegou a Cosmópolis:
Cláudio Justino: Em 1985, quando cheguei a Cosmópolis, senti muita diferença porque morava em Campinas e as realidades eram bem diferentes. Morava em um lugar agitado e aqui as coisas eram paradas, senti muita estranheza, quase voltei.
Comecei a me envolver com a igreja e lá o pessoal era animado, jogava bola e trabalhava no mesmo lugar, mas foi um pouco difícil no começo.

GAZETA: Por que Cosmópolis?
Cláudio: Morava em um condomínio e o ambiente era fechado, queria sair. Por segurança, escolhemos a cidade, inclusive, por ter alguns amigos que moravam aqui e eram bastante felizes. Vendemos o apartamento em Campinas e comprei minha casa aqui.

GAZETA: Como começou a carreira como advogado?
Cláudio: Eu me formei em 2013 e, em 2015, passei na OAB. Estou advogando bem devagar, porque já sou aposentado há 20 anos. Só fiz o direito para ganhar conhecimento, não para começar outra carreira.
Pego poucos processos, não advogo muito, porque se for pegar muitos, terei que trabalhar o dia todo. Com minha idade, já não estou nessa correria toda, vou deixar para os mais novos.

GAZETA: Antes de ser advogado, o senhor fazia o que? Como se aposentou?
Cláudio: Me aposentei trabalhando na Shell Química, era operador químico na época. Trabalhei cerca de 21 anos nessa empresa.

GAZETA: Tem alguma relação do seu tralho antigo com o atual? Quando surgiu a vontade de advogar?
Cláudio: São coisas bem diferentes, mas, como eu acabei me envolvendo com a parte social, algumas coisas me levaram para esse lado. Eu acreditei que, como advogado, eu poderia estar ajudando algumas pessoas, foi por isso que eu acabei optando, depois de tanto tempo, em ser advogado.
Trabalhei na Prefeitura Municipal de Cosmópolis também; nessa época, eu acabei estudando e me formando como advogado.

GAZETA: Mas como chegou à área social?
Cláudio: Quando eu vim para Cosmópolis, não conhecia praticamente ninguém; então, fiquei bastante perdido. Acabei indo para a Assembleia de Deus e lá me colocaram como presidente da Sabec, uma parte social da igreja. Quando comecei a trabalhar nessa área, tive bastante contato com a Prefeitura e acabei me envolvendo em conselhos.
Foi por isso que acabei me envolvendo, participei de quase todos os conselhos que tiveram na cidade, inclusive, o primeiro Conselho Tutelar que teve na cidade. Mas, o trabalho era complicado e resolvi sair.
Na época, quem estava na Prefeitura era o Joaquim Pedrozo. Sabendo que eu iria sair, resolveu me indicar para o Conselho de Direito. Assumi e conseguimos fazer boas coisas na cidade como, por exemplo, o projeto Despertar, que se ergueu e se estabilizou com apoio de diversas pessoas, assim como, uma verba da Petrobras. Esse projeto funcionou por volta de 10 anos. Além disso, o Projeto Arco-íris também foi montado na minha gestão, quando o único orfanato que tínhamos se mudou para Jaguariúna.

GAZETA: A área social é muito diferente de uma empresa. Qual foi a grande diferença em partir para essa área?
Cláudio: Acho que, em nossa vida, nos afinamos com uma área da sociedade. E eu acabei me envolvendo com isso e a parte política. Em 2004, eu fui vice-prefeito do candidato Mariano Durães; depois, fui candidato a vereador e, enfim, fui me envolvendo com a sociedade. A área social está junto com tudo isso.

GAZETA: E por que política?
Cláudio: Eu tinha uma ideia de política diferente de hoje, pensava que, como aposentado, poderia contribuir com mais tempo para isso. Então, minha ideia era ajudar realmente, nunca pensei em dinheiro. Mas, foi então que percebi que a política não é só querer ajudar, não é tanto trabalho ativo. O vereador, por exemplo, não tem poder para fazer muita coisa, depende de verba e quem dá é a Prefeitura.
Eu pensava que, como vereador, poderia ajudar a cidade e as pessoas, acredito que isso está em mim. Mas, depois de ver como as coisas funcionam, sinto que política não é minha área.

GAZETA: Quando o senhor iniciou na área social, a realidade de Cosmópolis era outra. Qual a diferença que o senhor vê entre quando iniciou naquela época e hoje?
Cláudio: Como eu participei mais na área da criança e do adolescente, percebo que as coisas complicaram mais e, hoje, está ainda mais difícil. Percebi que somente o Conselho Tutelar não resolve o problema, porque ele está na família desestruturada. Hoje, essas coisas ainda estão piores.
Isso desaponta porque, no fundo, mesmo conversando e tentando mudar, a realidade das pessoas é muito diferente.

GAZETA: E como advogado, o senhor sente que ainda atua na área social?
Cláudio: Acredito que sim, mesmo quando fiz a prova da OAB, fiz na área criminal e, depois, na pós fiz direito civil. Hoje, trabalho na área da família.

GAZETA: O senhor acredita que foi exemplo para alguém e inspirou pessoas a trabalhar nessa área?
Cláudio: Não digo exemplo, mas tudo que nós fazemos, sempre tem alguém olhando e vai atrás. A cidade precisa disso.

GAZETA: E o futuro, o que senhor espera dele?
Cláudio: É como dizem, o futuro a Deus pertence. Mas eu estou tranquilo aqui, feliz com minha família, não tenho muita pretensão de mudança e quero continuar a vida assim.
Eu penso em vender um empreendimento e comprar um apartamento em Ubatuba para ir aos fins de semana.