Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com o professor de música e dono do Instituto Musical de Ensino, Edilson Aquino Ribeiro, 29 anos. Ele conta como foi abrir sua escola de música e como é ingressar nesta carreira.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Onde nasceu e como foi o período de infância? Como a música ingressou em sua vida?
Edilson Aquino Ribeiro: Nasci em Cosmópolis mesmo.
Na minha infância, descobri que gostava muito de música a partir dos 10 anos, quando meu pai estava no quarto tocando violão e o ouvi, chamando muito a minha atenção. Pedi para que me ensinasse e, a partir dali, comecei a pegar gosto por essa arte e lidar como uma brincadeira. Em seguida, comecei a fazer aulas com vários outros professores particulares.
Meu pai sempre dizia que eu tinha extrema facilidade para aprender e, como na época não havia nada que tirasse o foco, como os eletrônicos atualmente, eu passava horas e horas com meu violão.
Antes disso, minha família sempre participou dos grupos da igreja, minha mãe tocava clarinete na banda, meu pai cantava e eu cantava no grupo das crianças. Então, a música sempre esteve presente na minha vida, mas, somente com 10 anos comecei a executar um instrumento e, desde então, não parei mais.
GAZETA: Algum estilo te chamou mais a atenção?
Edilson: No começo, pela forte influência do meu pai, eu só ouvia e tocava sertanejo, pois, para mim, só existia esse estilo; tanto que eu queria ser um cantor sertanejo e formar uma dupla junto com meu irmão. Isso até os 12 anos, quando ouvi a banda Oficina G3, com um estilo rock, e tudo começou a mudar em minha cabeça, abandonei tudo o que era de estilo sertanejo e passei a ouvir rock.
GAZETA: Como foi o trajeto até abrir a escola?
Edilson: Com 14 anos, comecei a dar aulas de violão e guitarra em casa, na área ou na sala mesmo. Cobrava um valor simbólico e, automaticamente, fui pegando prática com isso. Com 16 anos, consegui meu primeiro registro na carteira como músico, trabalhando para uma empresa que fazia eventos com carreta de som. Eu era o responsável de montar e fazer a manutenção da carreta, que também tinha uma banda gospel, que, geralmente, realizava um grande número de shows – eu tocava e era registrado com certos tipos de trabalho. Foram três anos trabalhando na carreta, encerrando aos 18 anos.
Nesse mesmo período, estava abrindo uma escola de música na cidade e fui chamado logo em seguida. Nesse mesmo ano, comecei a dar aulas e ter experiências de como lidar com as pessoas, sendo crianças, jovens e senhores. Desde então, fui desenvolvendo a mentalidade de professor e amadurecendo. Foram três anos dando aulas nessa escola.
Em 2010, senti que era o momento de abrir o meu próprio Instituto Musical, pois, percebi que era o que eu queria para minha vida, não pensava em outra coisa além da música. Meu pai também me aconselhou dizendo que era o melhor momento e, desde sempre, tive muito apoio dos meus pais. Tinha um dinheiro guardado, procuramos uma casa em um lugar legal e eu já tinha uma média de 15 a 20 alunos. Há 8 anos, abri o Instituto Musical de Ensino e estou no mercado até hoje.
GAZETA: Quais as dificuldades que enfrentou ao abrir a escola e até mesmo no mundo da música?
Edilson: A dificuldade maior não foi nem a parte financeira, pois, entrei num momento bom, na época da Refinaria, e a economia estava bem aquecida, então, tive muitos alunos. O que mais me dificultou foi a questão de administrar o tempo na escola, eu ficava 12 horas por dia, às vezes, até mais e não conseguia traçar outras linhas musicais, que é indispensável nessa área.
Foi um período grande da minha vida e que ocupou muito tempo, dificultando a parte de não conseguir desenvolver em outros aspectos, dar workshops, fazer um curso superior, pois, eu tinha muitas aulas para dar e atender os alunos.
GAZETA: Chegou a cursar música em algum lugar?
Edilson: Comecei a dar aulas quando estava no 3º ano do Ensino Médio, iniciei o curso técnico em música no Conservatório Carlos Gomes em Campinas e foram três anos de curso até concluir e me formar. Atualmente, estou cursando o 10º semestre no Conservatório de Tatuí. Me empenhei em sempre buscar conhecimentos e em sempre fazer aulas. Nunca me limitei somente a dar aulas.
GAZETA: Como funciona o método de ensino?
Edilson: Nossa escola possui método de curso livre. Não é curso técnico e nem superior, o aluno apenas vem e explica o que pretende ao aprender a tocar determinado instrumento. Por exemplo, se ele quer aprender violão apenas para tocar no churrasco da família, não há necessidade de ensinarmos a ele coisas mais complexas como partituras. Seremos mais objetivos, passando acordes, ritmos de músicas de sua preferência e sempre centrando no objetivo do aluno.
E é claro que, para aqueles que não têm muita noção do que querem, procuro direcionar para o melhor caminho, ensinando a parte teórica, prática, práticas de banda, apresentações externas que temos no decorrer do ano, parte de apreciação musical e atividades assim. Além disso, o aluno não precisa necessariamente decidir o tempo que quer estudar conosco. Se ele quiser ficar na escola por 10 anos, teremos conteúdo para todo esse tempo e mais um pouco.
Este ano, vamos fazer mais excursões para feiras de música e workshops para os alunos entenderem realmente qual o valor da música. Vamos tentar deixar algo importante, igual aos países desenvolvidos. A música para eles é tão necessária como um curso de inglês, por exemplo
GAZETA: Quais as dicas para uma pessoa que quer seguir essa carreira? Quais são as áreas que um músico pode ingressar?
Edilson: A dica é estudar bastante, ter foco e ser sempre dedicado. É importante conhecer aquilo que faz. Se você escolhe a música como profissão ou está querendo entrar nesse mercado, é importante que estude bastante, se prepare e busque bastante informações de como funciona esse mercado.
Quanto às áreas a se atuar, o mais fácil é trabalhar com aulas, começar em casa e ir divulgando. Com o tempo, você pode abrir uma escola de música, com mais professores. Trabalhar com porcentagens, ter um rendimento seu e dos outros sócios também.
Além disso, pode trabalhar com cerimônias de casamentos. Hoje em dia, alguns amigos meus trabalham apenas com isso, vivem basicamente de tocar em festas. O pessoal gosta muito de fazer festa, fica sem qualquer coisa, menos festa (risos).
Outra opção é trabalhar em estúdio. Você pode ter uma placa de som, um computador, pode fazer produções, cobrando por faixa, pré-produções de músicas, etc.
E por fim, ser um professor de nível superior, de escolas do governo ou de conservatórios também pode ser uma ótima opção.