Entrevista com Eduardo Abranches

Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou a entrevista com Eduardo Abranches, de 49 anos. O Guarda Municípal, que também possui um grupo de samba, conta um pouco de sua trajetória na área de segurança, acrescentando conselhos a quem deseja seguir o ramo.

GAZETA de COSMÓPOLIS: É da cidade de Cosmópolis?
Eduardo Abranches: Não. Sou nascido na cidade de São Paulo, onde vivi até os meus 19 anos. Vim para cá em 1988, quando meu irmão foi transferido para a unidade da empresa Coca-Cola, da região. Naquela época, eu havia me disposto apenas a ajudá-lo na mudança, mas, ao chegar aqui, me apaixonei pela cidade, principalmente, pelo clima quente e ensolarado, que diferia muito do frio e garoa de São Paulo.
Conversei com meu irmão, Marcos, para que ele me ajudasse a entrar na Coca-Cola também, e consegui. Em setembro de 1988, me mudei e passei a trabalhar como ajudante. Na empresa, consegui cinco classificações, saindo de lá como Supervisor de Produção.

GAZETA: Como foi o processo para entrar na Guarda Municipal? O que te levou a decidir pelo ramo?
Eduardo: Após a Coca-Cola, trabalhei por um tempo na Brahma. Depois disso, no ano de 1997, prestei o concurso municipal e consegui a vaga.
Decidi pela área de Guarda Municipal por sempre ter amado a profissão. Mesmo antes, eu já fazia alguns trabalhos como segurança das discotecas da cidade, o que me apresentou a diversos policiais. Quando vi a oportunidade, fiz o concurso e passei em 7º lugar.

GAZETA: Como lidou com os exames pós-prova?
Eduardo: Naquela época, o sistema não era tão burocrático. Eram necessários apenas o nível fundamental de ensino e um bom desempenho na prova teórica. Óbvio que, antes de colocar a farda, fui submetido a um treinamento com risco de reprova, administrado por delegados, juízes e até alguns policiais, mas, nada muito complicado.
Hoje em dia, os quesitos foram modificados; é necessário ter uma idade específica, cujo TAF (Teste de Aptidão Física) corresponderá a faixa etária, as provas tornaram-se mais complicadas e o teste psicológico é bem rigoroso. Muito diferente do que passei há 21 anos.

GAZETA: Na sua opinião, é melhor que seja burocrático desta forma?
Eduardo: De certa forma, sim, pois, é assim que estaremos contratando pessoas que se encaixam nos padrões do que consideramos corretos para a segurança pública.

GAZETA: Para você, entre o nível de conhecimentos gerais, aptidão física, ou capacidade psicológica, o que é mais importante para um Guarda Municipal?
Eduardo: A preparação mental é de suma importância. Eu, por exemplo, nunca me choquei com acidentes e fui pegando cada vez mais costume, mas, já tive parceiros que não tiveram estrutura para lidar com tudo aquilo.
Não basta ter preparo físico, tem que gostar do que se faz e saber lidar com o que aquilo vai lhe proporcionar. É muito fácil vestir uma farda, montar em uma viatura e sair pelas ruas acenando. O difícil é aguentar a pressão, pois, ser policial não é um ‘mar de rosas’.

GAZETA: Mesmo se tratando de uma área bem difícil, é inevitável que haja pessoas com o desejo de adentrá-la. Quais conselhos você pode dar para quem deseja trabalhar com segurança pública, principalmente agora, com este período de concursos?
Eduardo: Primeiro de tudo, é necessário gostar da profissão, não se iluda pela beleza da farda, vá pelo amor. Escolher a área só para garantir emprego não funciona com a Guarda Municipal. É preciso ter força de vontade e interesse em polícia. Mostre que quer ser um bom profissional e, sobretudo, seja justo. Ser Guarda não é sair por aí ‘batendo na cara de bandido’, impondo regras. Somos apenas os condutores, quem decide o destino daquele cidadão é o delegado.

GAZETA: A área de segurança pública exige um pouco de discrição no que refere-se à vida privada. Como você lida com isso?
Eduardo: No começo, eu praticamente me isolava. Dentro do meu trabalho, eu mostrava quem eu era e fora dele eu escondia.
Houve épocas em que eu não frequentava locais públicos por medo de represálias, mas, tudo foi mudando e eu me tocando de que não havia necessidade para tanto receio. Passei a mostrar quem eu era. Minha vida particular fora do meu trabalho é dinâmica, vou a todo lugar.

GAZETA: Fale um pouco sobre o grupo de samba ‘Empolgação’, ao qual você faz parte. Como e por que ele começou?
Eduardo: Em meados de 1995, eu morava na Sete de Abril e, logo acima de mim, o padrinho do meu cunhado, o Mimi. Ele sempre me chamava para “fazermos um samba”. Certa vez, fomos a Artur Nogueira, que foi onde deu muito certo. Passamos a tocar aos fins de semana no antigo Bar do Tchulo (onde localizava-se o Cantinho da Costela), o que foi tornando tudo muito sério. Passamos a investir em instrumentos e contratar novos integrantes até chegarmos a formação atual.
Hoje, com quase 25 anos de carreira, composto por 9 pessoas, o grupo Empolgação construiu uma política: todo show que fazemos tem seus lucros destinados às melhorias dos equipamentos e apresentações.