Entrevista com Eduardo Lopes

Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou a entrevista com Eduardo Lopes. O cosmopolense, de 43 anos, conta um pouco de sua vida como tapeceiro, que teve início quando seu pai decidiu que não teria um filho empregado por outras pessoas. Hoje, Eduardo pode se considerar apaixonado por sua profissão, mesmo após todos os altos e baixos que enfrentou.

GAZETA de COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis mesmo?
Eduardo Lopes: Sim, sou cosmopolense. Aqui tive uma infância tranquila, mesmo tendo que começar a trabalhar muito cedo. Com 12 anos, eu já estava imerso neste mundo.

GAZETA: Durante seu período de juventude, você tinha interesse em seguir uma carreira diferente da que segue atualmente?
Eduardo: Não. Eu não tinha intenção de seguir nenhuma carreira, na verdade.

GAZETA: E o que te motivou a entrar no ramo de tapeceiro?
Eduardo: Há 25 anos, meu pai quis montar um comércio para que eu não precisasse trabalhar para ninguém além de mim.

GAZETA: Como foi no começo? Adaptou-se bem à profissão?
Eduardo: Bom, no começo, eu não gostava e não tinha a mínima intenção de costurar. Meu pai contratou um tapeceiro para poder abrir o comércio enquanto eu ia aprendendo, apenas de olhar.

GAZETA: E a partir de que momento você viu que seria uma profissão para a vida toda?
Eduardo: A partir do momento que eu passei a gostar, pois, é necessário apreciar a profissão para que dê certo. Qualquer serviço, na verdade, demanda isso.

GAZETA: Como começou a gostar?
Eduardo: Quando se vê um tecido reto, todo moldado e costurado, você passa a apreciar o trabalho. Com o tempo, fui pendendo para um lado que poucos vão; o da restauração, onde é necessário desmontar bancos, checar a soldagem, a espuma, etc.

GAZETA: Como funcionou para abrir o espaço que utiliza hoje?
Eduardo: Esse prédio é próprio e vem da época que meu pai abriu a tapeçaria pra mim. Fui apenas tocando o negócio, comprando materiais, aprendendo a estocar. Foi ficando gostoso de mexer com isso.

GAZETA: É um ramo difícil para se manter estável?
Eduardo: Depende. Tudo depende se a pessoa cobra um preço muito barato ou o justo. Digo isso, pois, carros são diferentes, os antigos não demandam as mesmas coisas dos novos e o preço precisa estar de acordo com a condição do veículo. Eu trabalho com um esquema diferente de preços correspondentes ao trabalho que busco fazer, já que manter-se neste ramo não é fácil.

GAZETA: Se alguém fosse começar hoje, o que poderia dizer para ajudar?
Eduardo: Na verdade, eu não recomendaria ninguém a entrar no ramo, já que é muito complicado. A não ser que a pessoa tenha a oportunidade de trabalhar com tapeceiros famosos, o que faz toda a diferença, pois, só assim o serviço será reconhecido.

GAZETA: Mas e no âmbito comercial? Quais dicas você daria para quem quer abrir um estabelecimento?
Eduardo: Tem que lutar muito! Nada é fácil nessa vida de comerciante. É importante visar o que vai dar lucro naquele momento, optar por algo mais simples, como um foodtruck, pois as taxas de uma firma aberta estão cada vez mais altas.

GAZETA: Sofreu muitas dificuldades no começo? Pensou em desistir?
Eduardo: Não, sempre tive muitos clientes, o que me ajudou a persistir. A única coisa pelo que fui acometido foi o estresse, já que uma tapeçaria mexe muito com a cabeça.

GAZETA: Quais são os seus planos futuros para o local?
Eduardo: Investir mais. Um negócio nos demanda isso; ou se investe, ou perde.