Esta semana, o quadro Entrevista é com a cosmopolense Giovana Concheta, que conta como foi de aspirante a biomédica a fotógrafa.
GAZETA DE COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis? Fale um pouco sobre sua infância e adolescência.
Giovana Concheta: Sim. Sou nascida e criada na cidade. Aqui tive uma infância maravilhosa, bem de criança do interior. Já a minha adolescência foi mais complicada, pois, foi quando passei a ver a cidade como um lugar pacato e sem nada para fazer. Apesar disso, ainda consegui aproveitar muito este período. Foi o momento de cultivar amizades, sentar na calçada e ficar conversando até tarde, e, sobretudo, poder ficar.
GAZETA: Sempre quis ser fotógrafa ou já teve vontade de seguir outra carreira?
Giovana: Na verdade, eu sempre tive muita vontade de cursar biomedicina, mas, a vida foi tomando novos caminhos e acabei não indo para o ramo. Eu era muito encantada pela biologia, por tudo que envolvia a anatomia humana. Até hoje, acho fascinante como nós funcionamos e todas as “engrenagens” que nos compõem. Até cheguei a cursar bioquímica, trabalhar na área e fazer estágios, mas, no mesmo período, eu engravidei, o que me levou a estacionar minha carreira, visto que não seria fácil conciliar os estudos, trabalho e um bebê pequeno. Eu queria ter meu filho, queria poder curti-lo, não deixá-lo com avós e perder as primeiras fases.
GAZETA: De onde surgiu o gosto pela fotografia?
Giovana: Após o nascimento do meu filho, surgiu em mim uma vontade muito grande de registrar as fases dele. Eu precisava daquilo, até porque eu e meus irmãos não tínhamos muitos registros da infância. Foi assim que consegui uma câmera fotográfica emprestada e virei a “mão louca das fotos”. Por fim, gostei daquilo, o que despertou em mim a vontade de fotografar outras coisas, e lá estava eu tirando fotos do jardim, dos cachorros e de tudo que eu achava interessante ao meu redor.
Eu não tinha nenhuma bagagem no ramo, até porque minha família nunca teve condições de comprar uma câmera ou de revelar fotos o tempo inteiro, então, eu não tive muito contato com isso. Entretanto, quis persistir nessa minha veia.
GAZETA: Chegou a cursar algo dentro da área?
Giovana: Sim. Fiz dois cursos profissionalizantes; o primeiro foi na ARQUITEC, de Campinas, que durou, mais ou menos, três meses. O segundo durou um ano e foi mais profissional, com o fotógrafo e jornalista Humberto de Castro. De formação, foram esses dois, mas nunca parei de estudar. Sempre busquei fazer workshops ou palestras.
GAZETA: Acredita que todos possuam a fotografia dentro de si ou que alguns nascem com o dom de fotografar?
Giovana: Eu acredito que ela possa estar em qualquer um. Tecnicamente falando, é algo que te exige boa vontade e dedicação, mas qualquer um pode aprender a fotografar. O que pode variar de pessoa para pessoa é a poética dentro da fotografia. Tem gente que possui uma predisposição maior a ter um olhar mais artístico.
GAZETA: Como foram seus primeiros anos na profissão?
Giovana: Foram assustadores e, ao mesmo tempo, desafiadores, porque era uma novidade. Eu não sabia exatamente o que fazer, não tinha muita noção das minhas responsabilidades. Comecei fazendo ensaios femininos, de casais e crianças, até porque ainda não me sentia preparada para assumir um compromisso de fotografar uma festa de aniversário ou um batizado, já que se tratam de trabalhos muito diferentes.
Por isso, fui para o ramo de ensaios, o que foi me dando mais segurança de partir para uma área mais comercial. Na época, eu cobrava um valor simbólico, pois aquilo fazia parte do meu estudo, e, mesmo assim, comecei a ganhar uma grana.
Na mesma época, comecei trabalhar com uma fotógrafa de Campinas, que fez os mesmos cursos comigo. Tínhamos um olhar parecido e gostávamos das mesmas coisas dentro da fotografia. Quando nos separamos, comecei a fotografar eventos e divulgar meu trabalho.
GAZETA: Como foi o período trabalhando na Comunicação da Prefeitura?
Giovana: Foi muito bom! Aprendi a fotografar esporte, arquitetura, publicidade, tudo! Foi um período muito bom para minha carreira, pois, enquanto funcionária da Prefeitura, eu ainda pude fazer meu trabalho externo, o que me ajudou a criar um nome entre os fotógrafos da cidade.
GAZETA: Atualmente, a fotografia é um ramo muito concorrido, principalmente pela alta gama de profissionais na área. Justamente por isso, surge a dúvida sobre o ganho financeiro da profissão. É difícil se manter estável?
Giovana: Depende muito de como você lida com esse ramo comercial da fotografia. Eu apanhei bastante no começo, porque eu nunca tive o olhar comercial, sempre fui muito artista. É preciso aprender a gerenciar o seu trabalho e escolher um lado da fotografia que rende mais, como casamentos e fotos publicitárias para agências com fluxos bons.
Mas, o resultado também varia de acordo com a sua dedicação, ou seja, o quanto vai estudar administrar o que está fazendo.
Precisa ficar atento. Se não tiver controle do que entra e do que sai, você se perde, até porque, a fotografia é uma empresa, e você é a sua empresa.
Com relação ao mercado, é de consenso geral que ele está cada vez mais concorrido. É preciso saber vender, convencer o cliente sobre seu produto, porque você pode ser passado para trás.
GAZETA: Sente-se satisfeita com a sua vida até hoje?
Giovana: Sim! Sou apaixonada pelo que faço. Na verdade, o que mais me encanta na profissão é o lado artístico da coisa, o que me leva a repensar muito o comercial, que não me agrada tanto. Eu amo sentir a fotografia, inovar, experimentar. Gosto de fazer arte com a minha câmera, por isso, busco estar sempre nisso.