Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com o ex-policial, professor de Educação Física e advogado, Jodenes Ornelas Marinho, ou apenas “Marinho”, de 57 anos. Jodenes nos contou como foi sua vida em todas as carreiras que seguiu ao longo de sua trajetória e como está sendo trabalhar com jovens esportistas na Escola de Futebol Futshow.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Por que foi apelidado de Marinho?
Jodenes Ornelas Marinho: É o sobrenome do meu pai. Desde que comecei minhas atividades na escola, as pessoas me chamavam de Marinho.
GAZETA: É de Cosmópolis? Se não, por que veio para a cidade?
Marinho: Nasci em Campinas, mas vim cumprir estágio aqui em Cosmópolis por três meses quando policial. Acabei ficando e já estou na cidade faz 28 anos.
GAZETA: Querendo ou não, Campinas e Cosmópolis são cidades muito diferentes. Ao chegar aqui, qual foi a sua primeira impressão?
Marinho: Campinas, apesar de localizada no interior, é um lugar muito grande, movimentado e que funciona vinte e quatro horas por dia. Quando cheguei a Cosmópolis, foi um choque, já que, às 18h, o comércio para de funcionar e os costumes são outros. Fui acostumando, é claro. Hoje, gosto da cidade. Minha vida está sendo ótima aqui e tenho muitos amigos.
GAZETA: Qual a sua formação? Como está sendo sua vida profissional até hoje?
Marinho: Atualmente, sou aposentado, mas, tenho formação em Educação Física e Direito.
Fui funcionário público por 37 anos. Comecei minha carreira em Campinas, trabalhando para a Receita Federal no aeroporto, onde fiquei por 10 anos. Prestei concurso e fui selecionado para exercer cargo de policial civil, aqui em Cosmópolis.
Também lecionei Educação Física na rede municipal da cidade por 10 anos. Dei aula em muitas EMEI’s. Era ótimo! Tenho saudades até hoje das minhas colegas de trabalho e funcionários.
Já na área de Direito, exerço o cargo de advogado. Passei quatro anos no departamento jurídico da Prefeitura.
Atualmente, sou professor da Escola de Futebol ‘Futshow’; uma escolinha com três anos de existência. Damos aulas para crianças de 5 a 17 anos. Já fomos ganhadores das categorias sub-13 em 2014 e 2015 e na categoria sub-17, em 2016.
GAZETA: De onde surgiu a ideia de criar a escola?
Marinho: A ideia de criá-la surgiu há uns 25 anos. Na época, não era fácil para eu disponibilizar o tempo necessário, pois dava aula e trabalhava na delegacia. Mas, no ano de 2014, fui convocado pelos professores Jonas e Kleber e estamos até hoje com o projeto.
GAZETA: Além do esporte, o que a Futshow busca levar para seus alunos?
Marinho: Além da formação de atletas, nossa escola busca ensinar questões familiares, religião e comprometimento com os estudos. Já no esporte, permitimos que a criança escolha o que mais se identifica e incentivamos a prática.
Focamos também em projetos com palestra. Todo mês temos algum evento. Este ano, por exemplo, para a programação de janeiro a dezembro, fizemos uma parceria com a Frente Parlamentar Federal, para disponibilizarmos palestras sobre pedofilia voltadas para os pais, drogas, etc. No mês de junho, fizemos a campanha do meio ambiente, onde plantamos mais de 30 mudas na mata ciliar, na Empresa Fernandes Fernandes. Já em setembro, fizemos uma campanha da semana do trânsito. Estamos sempre fazendo parceria com o Poder Público e iniciativa privada. Gostamos muito de ter essa interatividade com as crianças.
GAZETA: Para você, como é trabalhar com crianças e adolescentes que sonham em atingir um alto patamar no esporte?
Marinho: O que sempre falamos para os jovens é que todos nós temos um sonho, mas nem sempre ele vai acontecer como esperamos. Por exemplo, se você tem o desejo de ser um craque, mas não consegue tocá-lo para frente, não significa que você precisa, necessariamente, desistir da área esportiva. É possível optar por ser um médico ortopedista, um nutricionista voltado para área de esporte, um fisioterapeuta, assistente social do esporte, entre outros. Na vida, é importante termos várias opções de estarmos imersos no universo que gostamos.
GAZETA: E por que de policial e professor de Educação Física, decidiu cursar Direito? Exerceu alguma função na área?
Marinho: Resolvi fazer a faculdade porque trabalhava na polícia. Lá, é necessário ter conhecimento da legislação e da área jurídica.
Na época, eu era já estava formado em Educação Física, mas, quando saí da faculdade, tinha em mente entrar no curso de Direito, o que para mim é mais uma realização pessoal. E sim, trabalhei na área. Tive escritório de 2001 a 2013, em Campinas.
GAZETA: Quais foram os principais desafios na área?
Marinho: O que mais temos como desafio é lidar com a realidade de que o Direito é muito bonito na teoria, mas, na prática, é extremamente diferente. Quando você ainda é universitário, tudo é novidade, tudo é legal. Já no dia a dia, as coisas mudam bastante.
GAZETA: O que aprendeu exercendo tantos cargos, de certa forma, diferentes?
Marinho: Aprendi que ser professor é quase um sacerdócio; nós temos que ter comprometimento com a educação. Como policial também, pois, há um grande dever para com a sociedade. É importante ser constante e determinado. Além disso, aprendi que nunca devemos trabalhar em uma profissão insatisfeito. E no Direito, você deve ter senso de Justiça e buscar sempre a verdade.
GAZETA: E quanto à família? Em algum momento, sua vida profissional atrapalhou a pessoal?
Marinho: Sou casado, com minha esposa Agnes, e tenho um casal de filhos, Carol e Henrique; ela é nutricionista e ele é jogador de futebol. E não, nunca permiti que atrapalhasse. Temos que separar a vida profissional da pessoal. Nenhuma deve interferir na outra, pois, se isso acontece, você passa a desempenhar mal ambos os lados. Sempre fui bem discreto nesse quesito. Dentro da minha casa, não colocava em pauta meus problemas de trabalho, e se as coisas ficavam difíceis, eu conversava com Deus.
GAZETA: E por fim, o que sonha para 2018?
Marinho: Espero que Deus ilumine a cabeça de nossos governantes e da população. Será um ano de eleição, e quero muito que as coisas deem certo para o nosso país.