Entrevista com o humorista Cleber Rosa, sucesso no Facebook

Aconteceu, no último sábado (11), o show de Stand-Up do comediante Cleber Rosa (37). O humorista mineiro trouxe ao Cosmopolitano Futebol Clube o seu show ‘Nói Que é Pobre’, juntamente ao personagem Chico Da Tiana, sucesso no Facebook e YouTube.
Em uma entrevista exclusiva à equipe da GAZETA de COSMÓPOLIS, Cleber contou parte de sua trajetória no ramo do humor, principalmente, os primeiros passos e o que o levou a entrar nas mídias sociais, tornando-se o principal meio de propagação de seu trabalho. Confira:

GAZETA de COSMÓPOLIS: De onde você é?
Cleber Rosa: Sou de Pouso Alegre, Sul de Minas. Moro lá.

GAZETA: De onde surgiu o gosto pela comédia? Como começou sua carreira na área?
Cleber: Comecei há muitos anos. Em 2001, tive meu primeiro contato com a comédia escrevendo um jornal de humor no colegial (hoje ensino médio). Quase fui expulso da escola (risos).
Depois, passei a me aproximar do humor de rádio, pelo qual já possuía certo gosto. Passei a fazer programas de humor em rádio, em 2003, onde permaneci por um tempo até me afastar.
Retornei em 2007 e fiquei cinco anos fazendo humor em rádio. Após isso, me afastei da comédia, mas, permaneci na área radialista. Mesmo neste período, eu continuei fazendo colunas para jornais, sempre envolvido com o humor. Tive um blog também, entretanto, o que estourou dentro da minha carreira foi a ‘Reclamação do Dia’, que iniciei em janeiro de 2017.

GAZETA: De onde surgiu a ideia de criar um canal no YouTube?
Cleber: Cobrança de amigos. Quando estourou a onda de todos serem youtubers, o pessoal insistia que eu precisava entrar para o ramo também. Eu não queria, pois, todos estavam lá, não queria ser mais um. Na hora que eu achasse uma receita, ou algo peculiar, eu iria me dedicar a isso.
E essa questão da ‘Reclamação do Dia’ apareceu no meio de algumas brincadeiras. Eu estava em casa, peguei o controle da TV como se fosse um telefone e reclamei que estava chovendo demais. A partir de então, criei a página do Facebook e, logo em seguida, o canal.

GAZETA: Como foi a aceitação do público? Demorou muito para aceitarem o seu conteúdo?
Cleber: Na verdade, foi rápido demais. Quando lancei o projeto, o primeiro vídeo foi lançado em janeiro e, em fevereiro, já era um sucesso. Tratava-se de um vídeo sobre o filme ‘Cinquenta Tons de Cinza’, que foi parar no WhatsApp de muita gente. Assim, a página cresceu bastante, o que me motivou a criar o canal.
No YouTube, não é tão simples quanto parece. Por exemplo, eu possuo quase 500 mil seguidores no Facebook, mas, no YouTube, apenas 80 mil; e no Instagram menos ainda, já que são mídias muito diferentes e o meu público é muito específico. Muitas senhoras me assistem, assim como mulheres de 25 a 44 anos.

GAZETA: Você tem algumas inspirações, alguém em quem se baseia?
Cleber: A inspiração para nós que somos humoristas vem do dia a dia. Às vezes, você está andando de carro e vê algo que daria certo para uma ‘reclamação’.
E as reclamações que mais funcionam (quando digo que mais funcionam, são aquelas mais visualizadas e mais compartilhadas) são de coisas pontuais. Por exemplo, o vídeo sobre Cinquenta Tons de Cinza, lancei no dia que o Cinquenta Tons Mais Escuros foi lançado no cinema – então, a hashtag ajudou muito.
A reclamação mais recente tem 500 mil visualizações em dois dias, que é a do Chico Da Tiana falando da Suzane Von Richthofen, que saiu para passar o dia dos pais em casa sendo que ela matou os próprios pais.

GAZETA: E essa ideia do “Nói Que é Pobre” surgiu de onde?
Cleber: Antes do YouTube, eu não tinha uma receita. Fui criando conforme os vídeos foram acontecendo. Nos primeiros vídeos da ‘Reclamação do Dia’, é perceptível que o sotaque é diferente e não há frases de efeito, como o ‘nói que é pobre’ ou o ‘vê o que dá pra fazer pra nóis’.
Essas expressões e características fui adicionando conforme a reação do público, e o ‘nói que é pobre’ apareceu justo no vídeo de mais sucesso, que foi o de Cinquenta Tons de Cinza, onde o personagem amarra a mulher na cama, algo que ‘nói que é pobre’ não pode fazer, já que a lei Maria da Penha manda prender ‘nóis’.
Vi que o pessoal gostou tanto dessa questão que comecei a colocar em todo vídeo. Quando saiu o show, pensei no bordão como título, o que o tornou marcante.

GAZETA: Você está recebendo muitos convites para programas, sejam de rádio ou televisão?
Cleber: Sim, recebo bastante. Meu produtor possui contato com as equipes de programas de TV, inclusive, temos bastante datas agendadas, como, por exemplo, o Danilo Gentilli, que estamos na fila para fazer.
Já tivemos os vídeos do Chico Da Tiana exibidos em diversos canais de TV, principalmente, o que se trata da greve dos caminhoneiros. Foi super bacana ver o conteúdo na TV.

GAZETA: Algum dia, pensou que chegaria a esse patamar?
Cleber: Eu costumo dizer que fazemos tudo pensando em um resultado, e, de preferência, positivo. Eu sempre esperei por um retorno, até porque, com 37 anos, não se pode mais ‘brincar’. Isso é o meu sustento.
Depois que o projeto estourou, a ‘Reclamação do Dia’ começou a ficar um pouco estagnada. Por isso, me dediquei a algo novo. O Chico Da Tiana chegou no melhor momento possível, reacendendo o negócio.

GAZETA: Qual sua opinião sobre o cenário humorístico atual?
Cleber: Considero meu humor politicamente correto, um humor limpo, para a família, simples e de fácil entendimento, com certa inocência, o que tem feito muita diferença. Todo show que faço, recebo espectadores que me afirmam nunca terem ido ao teatro na vida, mas que resolveram ir para me ver. Geralmente, são pessoas de mais idade. Isso significa muito. Por isso, acredito que, fazendo esse tipo de humor, acabo tendo um resultado melhor. Os outros estão muito iguais.

As próximas apresentações do comediante serão nas cidades de Paulínia, Artur Nogueira e Campinas.
A produção do show foi feita pela assessora Raquel Melo. Contato: (19) 99277 7777.

FOTOS: GAZETA de COSMÓPOLIS