Entrevista com o professor Vitor Orenhas

Apesar de professor de Geografia pela rede municipal, e professor de ensino técnico em Administração, no Centro Paula Souza, Vitor Eduardo Orenhas já dedicou-se ao trabalho no ramo de informática e Economia. Ambos mostraram-se benéficos para sua vida profissional, mas, nunca tão apaixonantes quanto a arte de lecionar. Conheça um pouco da história de Vitor, relatada no quadro Entrevista desta semana.

GAZETA de COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis?
Vitor Eduardo Orenhas: Sou nascido na aqui, mas, durante minha infância, morei na capital. Minha mãe veio para cá apenas para me ter, já que queria a companhia da minha avó. Passados alguns dias após o meu nascimento, fomos para São Paulo, onde fiquei até os meus 12 anos. Em 1986, nos mudamos para Vinhedo – SP e, no ano seguinte, para Cosmópolis.

GAZETA: Apesar da pouca idade, sentiu diferença no ritmo de Cosmópolis para o ritmo de SP?
Vitor: Na verdade, não. Eu achei extremamente gostoso vir morar aqui. Lá na capital, eu vivia em um condomínio fechado, não podia sair sozinho. Meu mundo era aquele. Já aqui, logo que cheguei, já passei a andar de bicicleta, ia e voltava da escola a pé e sozinho, coisa que já era impensável em São Paulo.
Além do mais, saí de São Paulo em uma fase que eu não possuía muitos amigos, por isso, construí toda a minha vida aqui.

GAZETA: Durante o período de adolescência, pensou em seguir outra carreira se não a de professor?
Vitor: Sim, pensei. Cheguei a atuar na área de Processamento de Dados, que decidi meio no susto. Infelizmente, não tive muita liga e parti para área de Economia. Iniciei a graduação pela PUCC e finalizei pelo ISCA.
Trabalhei em algumas empresas. Fui estagiário na Bosch, no mesmo tempo que fazia graduação. Trabalhei na AMBEV, uma empresa que me abriu muito meu mundo. Além de tudo, realizei diversos trabalhos com pesquisa de campo. Infelizmente, o que me desagradou nisso tudo foi estar sempre preso a um escritório. Eu, como uma pessoa descontraída, não gostava do silêncio e do ambiente fechado.
Fui buscar novas alternativas e, então, prestei um processo seletivo para ser professor de informática. No primeiro ano, o encanto aconteceu. Já no segundo, procurei dar início a uma nova licenciatura, que foi onde decidi cursar Geografia. No último ano da faculdade, prestei concurso e cá estou eu, há 12 anos nesta profissão que não troco por nada.

GAZETA: E as suas experiências passadas te ajudaram a lidar com o ramo da educação?
Vitor: Claro! Principalmente, no Centro Paula Souza. Quando se fala de administração, todas as experiências em escritório que tive ajudaram muito. Cheguei a viajar e conheci um pedaço do Brasil a trabalho e, na área de geografia, ter o conhecimento de outras culturas faz muita diferença.

GAZETA: O que você aprendeu em sala de aula?
Vitor: Aprendi que as pessoas são diferentes. Em sala de aula, sempre haverá aquele aluno com um alto grau de conhecimento em diversas áreas. Haverá outros cujo poder aquisitivo é muito alto e também haverá aqueles em que a realidade não é essa. Esses pontos influenciam muito em quem a pessoa é. Este ano, por exemplo, tenho um aluno que passou um tempo na FEBEM e é, simplesmente, um dos melhores alunos que tenho. Percebe-se que ele sentiu na pele que precisava se ajeitar.
É gostoso trabalhar com pessoas diferentes, pois, você conhece pensamentos diferentes e passa a entender o lado de outras pessoas. É como já dizia Raul Seixas: “Ser uma metamorfose ambulante”, e sempre mudar aquilo que se acredita.

GAZETA: Enfrentou muitas dificuldades no começo da sua carreira como professor?
Vitor: E como! No meu primeiro dia de aula como professor, principalmente. Imagine, você chega ao local e já é mandado para uma classe. Lá se depara com todos te olhando, foi aterrorizador (risos). Confesso que fiquei assustado pelos primeiros 20 dias, mas conversar com outros professores foi de suma importância para o meu desenvolvimento.
O professor Elo, que faleceu no ano passado, foi muito bom para mim, assim com a Ivone Bongiorno, que me ensinou a lidar bem com os alunos. A Marilaine Speridione também me ensinou muita coisa e, até mesmo, a minha esposa que é professora também, colabora com isso diariamente.

GAZETA: Se pudesse dar dicas para quem deseja entrar no ramo de educação, o que diria?
Vitor: Lecione o que ama. Não vá pelo status e nem por birra de querer aprender. No final, você vê que tudo se completa. Ame o que faz e, principalmente, aproveite.

GAZETA: Como concilia sua vida pessoal com a profissional, ainda mais por sua esposa também ser professora?
Vitor: A minha esposa, Viviane, é professora na EMEB Fernando José Bertazzo e, por isso, temos os horários bem malucos. De manhã, vou para o Paulo Freire, meu filho mais velho vai para o Rodrigo e minha filha menor vai para a escolinha dela. À tarde, fico em casa com meus filhos, cuidando dos afazeres domésticos. No fim da tarde, minha esposa sai do trabalho enquanto eu já estou me preparando para retornar novamente para o segundo ofício no Centro Paula Souza. É uma correria, mas é até legal. Nos adaptamos bem a tudo isso. As coisas vão se encaixando.

GAZETA: Sente-se satisfeito com sua vida até hoje?
Vitor: Sim! Acho que, com poucas alterações, eu faria tudo de novo.