Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou a entrevista com Paulo Sérgio da Silva, de 45 anos. O comerciante, natural de Cosmópolis, conta como foi sua vida desde o período morando na capital até a volta para a cidade, que o levou a abrir o seu próprio depósito de água, o Tele Água.
GAZETA de COSMÓPOLIS: De onde você é?
Paulo Sérgio da Silva: Sou nascido e criado em Cosmópolis. Com 10 anos, fui morar na Usina Ester, onde fiquei por sete anos, já que meu pai trabalhava como zelador da escola de lá.
GAZETA: Como se estabeleceu em Cosmópolis?
Paulo: Morar lá na Usina foi difícil, pois, minha infância em si foi difícil. Eu não tive mãe, pois, ela faleceu quando era bem pequeno. Meu pai trabalhava dia e noite e minha irmã estudava de manhã. Por isso, eu tinha que me virar, fazer comida e limpar a casa. Foi meio complicado. Mas, tirando isso, foi bom. Eu era bem travesso, adorava brincar e nadar na represa escondido do meu pai (risos).
GAZETA: O que te trouxe de volta para a cidade?
Paulo: Em 1987, meu pai pediu as contas no serviço. Ele havia comprado um terreno no Mato Grosso e, como eu estava muito peralta naquela época, decidi ir junto. Só que não deu certo, pois, começamos a construir uma casa na ‘rua da feira’, onde é o nosso depósito hoje. Acabei indo trabalhar no Miloca Gás.
Em 1988, montamos a loja de fogão, que ficava onde é a atual Caixa Econômica. Nesse mesmo período, passamos a trabalhar com a água também, onde fiquei por 3 anos. Após esse período, a loja foi para mim, e estou até hoje no ramo.
GAZETA: Foi difícil ter um negócio para administrar?
Paulo: Na verdade, não. Eu já tinha uma experiência no ramo, pois, estava ali desde os 15 anos. Trabalhei muito entre família e isso sempre me ajudou, por isso, não foi difícil me adaptar.
GAZETA: Quais foram as dificuldades que você encontrou no ramo do comércio?
Paulo: No começo, eu não tinha condições de entregar água. Eu levava em uma moto que nem suporte tinha (risos). Depois que estabilizamos, melhoramos nesse sentido. Mas, não ter um caminhão também se mostrou algo difícil, pois tínhamos que pagar frete.
Às vezes, carregávamos o caminhão lá em Serra Negra, chegávamos aqui às 22h e, com ou sem chuva, tínhamos que descarregá-lo, pois, não era meu. Essa foi a minha maior dificuldade. Passaram-se alguns anos e nós fomos comprando as coisas, graças a Deus.
GAZETA: Antes de ir para o ramo da água, você possuía expectativa de seguir alguma outra carreira?
Paulo: Tinha sim! Eu fiquei seis meses em São Paulo. Lá trabalhei na editora Abril, como operador de Telex. Eu só vim embora, pois fui assaltado. Fiquei com medo e voltei (risos). Eu já era maior de idade na época, então pude me virar.
GAZETA: Por que São Paulo?
Paulo: Ilusão. A maioria dos jovens, naquela época, tinha uma grande ilusão de ir morar e trabalhar na capital, pois, São Paulo era animada e dinâmica. Eu fui vítima disso, mas perdi essa ideia com pouco tempo de vida lá. Voltei para Cosmópolis e, hoje, posso falar que amo essa cidade é demais.
GAZETA: Quais as dicas que você pode dar para quem deseja ser comerciante?
Paulo: Bom, em primeiro lugar, o fundamental para um comerciante é ser carismático. Além disso, o comércio não é algo para se montar visando quebrar a concorrência. Isso é a pior coisa que tem. Acredito que cada um deva conquistar o seu espaço, com respeito, qualidade de serviço e atendimento. É isso que tenho como base para o meu trabalho.
Tento manter amizade com todos, mesmo sabendo que vai haver quem não queira ser meu amigo. Há muitos prós e contras nesse ramo. Hoje é difícil lidar, pois, a concorrência é muito desleal.
Por exemplo, alguém quer abrir um depósito de água visando ser tão bom quanto os demais, só que esquece que há a parte burocrática de tudo isso. É necessário abrir firma e ter toda a documentação necessária. Se isso não for realizado, o depósito torna-se clandestino e a venda torna-se ilegal. Então, não adianta ter em mente ser o maior. Vá com calma e conquiste o seu lugar.
GAZETA: Como foi para você aprender a lidar com cliente e fornecedor?
Paulo: Foi bem tranquilo. Nunca enfrentei grandes problemas com isso, até porque eu nunca fui uma pessoa antipática.
GAZETA: Quais os seus planos futuros?
Paulo: O meu sonho para o futuro é um só: morar na praia (risos). Quero um lugar bem sossegado, ao estilo Perequê-Açu; bem vilarejo.