Entrevista com Ramon de Queiroz

Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com o empresário Ramon de Queiroz, de 37 anos. O cosmopolense, que é um dos donos da Subway Som e Acessórios, conta como foi sua trajetória no ramo de automóveis.

GAZETA de COSMÓPOLIS: De onde é? Como foi o período de infância e adolescência?
Ramon de Queiroz: Sou nascido e criado em Cosmópolis. Minha adolescência foi muito boa, diferente do que é atualmente, já que há muita maldade. A cidade era bem menor, inclusive, ficávamos na rua até tarde, todo mundo se conhecia.

GAZETA: Foi nesse período que aderiu gosto por carros?
Ramon: Sempre gostei de carros, mas, nunca foi muito acentuado. Quando comecei a cursar o técnico de eletrônica, fui pegando mais apreço, principalmente, pela área de sistema de som.

GAZETA: Antes da Subway, com o que você trabalhou?
Ramon: Trabalhei na Vídeo Som, como técnico em eletrônica. Foi lá que aderi um conhecimento mais prático da área que me ajudou aqui.

GAZETA: Quando pensou em abrir um negocio?
Ramon: Na verdade, foi uma ideia minha e do Fábio Takata, meu sócio. Ele havia passado uma temporada no Japão e eu trabalhava na Vídeo Som. Quando ele voltou, me chamou para abrir um negócio. A princípio, ficamos em dúvida com relação ao que produzir, mas, como eu tinha experiência no ramo e o Fábio também, pendemos para a área de som.

GAZETA: Quais as dificuldades que você enfrentou no início?
Ramon: Todas possíveis (risos). Aqui na Subway, saí da minha zona de conforto, pois, lá na Vídeo Som, eu tinha a quem recorrer quando possuía dúvidas. Quando comecei por conta própria, aprendi muita coisa na raça. É obvio que eu tinha alguns colegas do ramo que se disponibilizavam a me ajudar, mas é bem diferente. No começo, em meados de 2003, o acesso à internet não era tão fácil como é atualmente. Quando algo novo chegava, nós não tínhamos como recorrer a nenhuma fonte midiática que pudesse nos ajudar.
No lado financeiro, também sentimos alguns impactos. Lidar com fornecedor foi bem difícil nos primeiros anos. Achar um produto de qualidade também foi difícil, já tive muita dor de cabeça. Por exemplo, houve vezes em que comprávamos os acessórios, instalávamos os mesmos para que viessem a dar problemas ao longo de uma semana inteira. Isso acabava sendo prejuízo para nós e para o cliente que, muitas vezes, não tinha tempo de ficar voltando todos os dias para consertar algum defeito.

GAZETA: No começo, o negócio teve boa recepção na cidade?
Ramon: Sim, teve um bom recebimento, pois, conhecíamos bastante gente. É óbvio que não foram as mil maravilhas, nada que se começa do zero é fácil.

GAZETA: Em algum momento, pensou em desistir?
Ramon: Não, nunca pensei. Mesmo tendo começado com dificuldade, contas novas para pagar, aluguel do salão e tudo mais, sempre persisti no que queria. Hoje, as coisas vão muito melhores, nós ainda pagamos aluguel, mas, temos terreno para construir e uma estabilidade melhor. Se me perguntarem se pretendo construir um prédio novo, vou dizer que não, até porque as coisas vão bem por aqui. O máximo que podemos fazer é comprar esse local e iniciarmos reformas.

GAZETA: Quais as dicas que você pode dar para quem deseja entrar no ramo de automóveis?
Ramon: Primeiro, procurar se informar muito. No meu ramo, não há muitas opções de cursos, pelo menos não na região. O que se pode fazer é estudar a parte elétrica de automóveis, que dá uma noção da parte de som. A verdade é que, atualmente, os carros mudaram muito, eles tornaram-se muito computadorizados, por isso, é importante entender e estudar todas essas novas mudanças.
Não recomendo abrir um negócio como esse sem se sentir preparado, pois, qualquer erro pode custar muito caro.

GAZETA: Demorou para se sentir estável com o negócio?
Ramon: Acredito que levou uns 3 anos. Com esse período, já estávamos nos sentindo mais confiantes em pegar carros diferentes e mais complicados. Já sabíamos lidar melhor com os clientes e com nossos limites. Antigamente, pegávamos carros sem tempo e acabávamos não dando conta, coisa que era extremamente prejudicial a nós mesmos. Com o tempo, melhoramos e foi assim que passamos a nos estabilizar.

GAZETA: E quais são as suas maiores gratidões dentro da sua profissão?
Ramon: Tudo que tenho hoje, ou seja, minha casa e minha família. Além disso, é muito gratificante quando conseguimos consertar um problema que, segundo o dono do veículo, ninguém mais pode. Faz bem pro ego (risos).

GAZETA: Sua profissão já chegou a atrapalhar sua vida pessoal? Como concilia os dois?
Ramon: Já chegou sim, principalmente, antes de eu casar. Eu vivia muito focado e, quando chegava o fim de semana, que eu parava, meu corpo relaxava e ficava mal o dia inteiro. Era uma espécie de ressaca, mesmo sem ter bebido nada.
Uma vez, em uma sexta-feira, fui viajar com minha esposa, mas, no sábado, nem pude aproveitar, pois, passei mal o dia inteiro. Foi aí que me toquei que trabalhar é necessário, mas, cuidar da minha saúde e da minha vida pessoal também é. Hoje, paro no final de semana, fecho a porta, esqueço-me dos problemas e vou embora para casa. É difícil, mas necessário.