Entrevista com Rosana Mendonça

Esta semana a GAZETA de COSMÓPOLIS entrevistou a assistente social e coordenadora do Lar dos Idosos de Cosmópolis, Rosana Mendonça, 48 anos, que contou sobre sua chegada em Cosmópolis e como iniciou os trabalhos no Lar. Contou também sobre as principais dificuldades que passou na vida e também como trabalhar cuidando de pessoas mudou sua vida.

GAZETA de COSMÓPOLIS: De onde você veio?
Rosana Lucia dos Santos Mendonça: Eu nasci em Sertanópolis, Paraná.
Vim para Cosmópolis com um ano e sete meses, quando meus pais vieram em busca de melhores oportunidades de trabalho. Tenho um carinho enorme por esta cidade. Cidade escolhida pelos meus pais, acolhedora. Aqui fui criada, tendo uma infância feliz, construindo uma história junto com meus familiares e amigos.

GAZETA: Estudou aqui também?
Rosana: Frequentei as escolas públicas até o ensino médio, cursei a faculdade de Serviço Social na PUCC, concluindo em 1995.

GAZETA: Desde quanto você é coordenadora no Lar dos Idosos e como foi que entrou na instituição?
Rosana: Comecei a trabalhar com 16 anos de idade como vendedora; com 18 anos, fui contratada pela empresa Coca-Cola, onde exerci a função administrativa por oito anos. Em janeiro de 1998, surgiu a oportunidade para que eu pudesse atuar dentro da área que escolhi, sendo contratada pelo Lar dos Idosos como Assistente Social. Fui a primeira Assistente Social contratada pela entidade, fiz a implantação do Serviço Social e, devido à experiência que eu tinha na área administrativa, acabei assumindo também, na mesma época, a função da coordenação da entidade. Até a presente data, respondo pelas duas funções, técnica e coordenação.

GAZETA: É uma área diferente daquela em que atuava. Você teve algumas dificuldades de passar de uma empresa para uma instituição? Nos conte um pouco sobre essa transição.
Rosana: Para mim, foi e continua sendo um grande desafio e aprendizado. Desde criança, sempre gostei de fazer ações que ajudassem de alguma forma as pessoas. Conhecendo o trabalho de algumas profissionais de Serviço Social, me identifiquei, principalmente, pela questão humana, desigualdades sociais, direitos e deveres, me levando a escolher esta profissão. Saí da faculdade somente com a teoria e algumas experiências de estágios. No Lar dos Idosos, fui aprendendo com as dificuldades que iam surgindo na prática das atividades diárias, fui me envolvendo, me identificando com o trabalho, fui aprendendo a ser “Cuidadora”. Hoje, acredito realmente que “Nada é por acaso” e que tudo tem um grande propósito de Deus em nossas vidas e acredito que a escolha da minha profissão faz parte desde propósito. Buscamos, muitas vezes, o aprendizado em livros, mas, aqui tive e continuo tendo a oportunidade maior, que é aprender através do contato com o ser humano, praticando no dia a dia o amor e respeito ao próximo.

GAZETA: Qual a dificuldade que você acredita que foi a mais difícil de superar?
Rosana: Na nossa vida, sempre iremos passar por algumas dificuldades, porém, acredito que não há dificuldade que não consigamos superar, por mais difícil que pareça ser, quando conseguimos manter nosso equilíbrio e fé inabalável, perante as situações que teremos que passar. Acredito que as dificuldades sempre têm um propósito de crescimento moral e espiritual, o sofrimento faz parte de nossas lutas diárias.
Aqui na entidade aprendi e continuo aprendendo sobre a fragilidade de nossas vidas, em especial quando começamos a envelhecer e adoecer. Aprendi a aceitar e superar perdas, em especial perdas de pessoas que nos são caras e especiais. Este processo faz, muitas vezes, nos sentirmos impotentes, mas, sabemos que é a lei da vida e que temos um Deus que sempre está no controle de tudo.

GAZETA: Dentro das possibilidades, você tomou algumas decisões na vida. Quais delas acredita que foi a melhor que já tomou?
Rosana: A decisão de ser feliz, nascemos para sermos felizes. A toda hora, somos chamados a tomarmos decisões e fazer escolhas. Quando temos que decidir, é sempre difícil, pois, a decisão que tomamos hoje pode mudar o rumo de nossas vidas. Portanto, sempre procuro tomar minhas decisões, buscando bom senso, discernimento, coração e mente sem agitação, pedindo sempre sabedoria a Deus, pois, nossas decisões não só nos atingem, como também a quem está conosco.

GAZETA: Depois que você entrou no Lar, mudou sua relação com a família?
Rosana: Sim, sem dúvida, passei a cuidar ainda mais de todos que amo. Minha família é e sempre será meu porto seguro. Muitas famílias hoje se desfazem por falta de amor, compreensão e, principalmente, perdão.

GAZETA: Você consegue sintetizar um pouco as histórias que já passaram aqui?
Rosana: Mediante a minha trajetória no Lar dos Idosos, muitas e muitas histórias de encontros e desencontros, perdas e superações, fim e recomeço, histórias que nos levam a refletir a fragilidade de nossas vidas, em especial quando precisamos ser “cuidados”, mas que sempre é possível recomeçar e fazer diferente. Para que possamos cuidar, precisamos, acima de tudo, “compreender” e “amar” o próximo na certeza que somos todos seres imperfeitos, sujeitos a erros e acertos, que viemos a este mundo para apreendermos uns com os outros e nos melhorarmos enquanto pessoas.

GAZETA: Seu sonho daqui para a frente é o que?
Rosana: Sonho poder envelhecer saudável, junto ao meu esposo, filho e família. Sonho com um mundo melhor para meu filho e toda essa nova geração. Que as pessoas possam se amar, respeitar, compreender, ser mais fraternas e solidárias. Só assim teremos um mundo melhor, quando realmente o amor prevalecer entre todos.