Entrevista com Tidinho Lange

Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou a entrevista com Aristides Lange Filho, mais conhecido como Tidinho Lange. Ele conta um pouco de sua trajetória, que se iniciou no sítio e resultou na formação em Direito, Letras, Sociologia e, brevemente, em Pedagogia. Tidinho relata também o que aprendeu como professor e como legislador, demonstrando seu amor por lidar com pessoas.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Como foi a sua infância?
Aristides Lange Filho: Meu período de infância foi todo no sítio, no bairro Nova Campinas. Lá, brincava muito nos pastos, na rua e com os colegas. Não tínhamos nada de eletrônico, por isso, era tudo muito simples. Bicicleta, polícia e ladrão, pega-pega. Foi uma infância bem aproveitada.

GAZETA: Conforme foi crescendo, você passou a cogitar vir para a cidade ou sempre gostou muito do sítio?
Tidinho: Eu sempre gostei muito do sítio. Até hoje, moro e trabalho lá. Entretanto, naquela época, a roça tinha escola apenas até a 4ª serie. Quem tivesse o desejo de dar continuidade aos estudos, teria que deslocar-se até a cidade, e essa era a vontade do meu pai. Como eu já tinha apreço pelos estudos e ele queria muito ter um filho para chamar de doutor ou advogado, passei a estudar no GEPAN, que possuía da 5ª até a 8ª série. Já no colegial, fui para a Escola de Comércio. Após isso, cursei Direito, Letras e Sociologia.

GAZETA: Por que Direito?
Tidinho: Na verdade, quando adolescente, eu não sabia o que queria estudar, mas, na Escola de Comércio, tínhamos uma aula de Direito, que eu gostava muito, o que me incentivou a ir para a faculdade da área. Concluí o curso, e passei a buscar aprovação na prova da Ordem.
Depois, iniciei um estágio no Fórum para aderir experiência, algo que eu não tinha até então, pois, enquanto me graduava, trabalhava na roça para pagar a faculdade. Foi neste mesmo período que passei a lecionar como substituto no GEPAN, no Célio e na Usina. Mas, não dei continuiade à área jurídica, pois iniciaram-se as eleições e eu entrei como vereador. A partir de então, fiquei apenas com as aulas, o cargo de vereador e meu amado trabalho na roça (risos).

GAZETA: Como se interessou por lecionar?
Tidinho: Eu sempre gostei da área e de lidar com pessoas. Todos sabem que meus alunos são tudo para mim. Gosto muito da juventude, e isso sempre me motivou a continuar. Para mim, a molecada é o futuro do país e nós, professores, temos como dever torná-los cidadãos corretos e do bem.

GAZETA: O que te levou a decidir por Letras e Sociologia também?
Tidinho: Quando fiz Direito em Piracicaba, fiz dois anos de Administração também, onde tive muita aula de comunicação e expressão. Por conta disso, pude lecionar português na escola, como substituto. Na época, eu tinha apenas a autorização para lecionar, por isso, busquei a faculdade de Letras. No fim das contas, o curso que tinha tudo a ver com Direito, e como no meu currículo tinha muita coisa sobre Ciências Sociais, busquei a licenciatura em Sociologia.
Atualmente, estou terminando o curso de Pedagogia. Gosto muito da juventude, e isso sempre me motivou a continuar.

GAZETA: Nas áreas que atuou, quais as dificuldades que foi encontrando ao longo dos anos?
Tidinho: Trabalhar com a educação foi tornando-se algo difícil. As coisas mudaram, tornaram-se muito mais fáceis para os alunos, que não levam mais nada a sério. Não generalizando, é claro, mas se nem o Governo leva, por que os alunos o fariam? Essa história de progressão continuada foi criada com o intuito de passar o aluno sem o conteúdo necessário, sem a devida preparação. Isso não está certo.
Já na política, sempre vi muita bagunça e desunião. Isso nunca foi fácil de lidar. Infelizmente, vi e ainda vejo muito individualismo com relação a isso.

GAZETA: Ambas as áreas que você trabalhou são voltadas para relações pessoais e comunicação. Quais as dicas que você daria a uma pessoa que também busca carreira em profissões do tipo?
Tidinho: Trabalhar com pessoas é difícil. Por isso, sobretudo, goste do que faz, seja humilde, honesto e pense coletivamente. Se alguém entrar em um ramo da comunicação pensando apenas em si, ou em algo que não vise beneficiar um todo, com certeza, estará no ramo errado.

GAZETA: Quais são os seus planos para o futuro?
Tidinho: Voltar para a área jurídica, já que, este ano, teremos muitos concursos, continuar lecionando e jamais deixar as minhas raízes, que são a roça. Acredito que uma pessoa pode subir na vida da forma que for, mas ela nunca se sentirá completa se deixar suas raízes, aquilo que veio no início. Eu sempre levo isso comigo, por isso, continuarei na roça até o fim.