Entrevista com Valdelucia Dias, a Val das Tortinhas

Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com Valdelucia Dias Sobrinho Gregorio da Costa, de 45 anos, também conhecida como ‘Val das Tortinhas’. A empresária contou um pouco de sua história no ramo da confeitaria, expondo suas dificuldades de conquistas profissionais.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Você é natural de Cosmópolis?
Valdelucia Dias Sobrinho Gregorio da Costa: Não, sou natural de Espinosa – MG. Vim para São Paulo com 14 anos, juntamente com os meus pais, que buscavam trabalho por aqui. Eles moram em Engenheiro Coelho. Já eu me mudei para Cosmópolis depois que me casei. Estou aqui desde os 20 anos de idade.

GAZETA: Qual foi a primeira impressão da cidade de Cosmópolis?
Val: Foi estranho a princípio, pois, não conhecia ninguém. Mas, conforme o tempo foi passando, esta cidade me acolheu da melhor maneira possível. Hoje, costumo dizer que ela é uma ‘mãezona’’, pois, abraça a todos que aqui chegam. Comigo não foi diferente. Por mais problemas que Cosmópolis possa enfrentar, amo esta cidade com todo meu coração.

GAZETA: Como decidiu tornar-se uma empresária? De onde você começou?
Val: Na verdade, eu estava desempregada e já tinha minhas três filhas, tendo a mais nova apenas um ano e meio de idade. Por isso, eu queria fazer algo em casa para poder ficar com ela. Passei a pedir a Deus que me desse alguma luz, já que queria muito ganhar dinheiro sem precisar deixar minhas filhas sozinhas. E daí surgiram as tortinhas. Eu havia feito para mim mesma, e deram certo; todos gostaram e eu vi que poderia render em algo.
Comecei a ir de porta em porta vendendo. Minha primeira cliente foi a Neandra, da Gente Bonita. Foi tudo muito rápido, pois a divulgação era boca a boca. De repente, havia gente na frente da minha casa encomendando as tortinhas. Meu trabalho tomou uma dimensão que eu não esperava. Hoje, atendo Cosmópolis e região.

GAZETA: Quanto tempo levou para você conseguir se estabilizar nessa área?
Val: Reconhecida mesmo, vão fazer 9 anos. Fiquei um ano meio oscilante, então, em novembro deste ano, faz 10 anos que estou no ramo.
Hoje, após todo esse tempo, me sinto segura com o que faço, pretendo buscar mais e não ficar apenas com as tortinhas.
Falo constantemente para minhas filhas que devemos nos dedicar a tudo o que fazemos, por mais simples que possa ser. Gosto de dar um bom atendimento, de vender um produto em ótima qualidade. Venho tentando melhorar constantemente e isso me ajudou a prosperar.

GAZETA: Todo trabalho possui suas dificuldades. Por quais você passou e continua passando?
Val: No começo, o meu problema era a aceitação do público. Já recebi muitos ‘nãos’, já que era tudo boca a boca. Lembro-me da minha filha me seguindo atrás da minha saia, e eu batendo de porta em porta para vender.
Era difícil sair de casa debaixo de sol e chuva com vários doces, crente de que eu iria conseguir vendê-los todos e, no fim do dia, voltar com tudo intacto. Essa parte foi difícil, porque ninguém conhecia o produto, ninguém conhecia a pessoa. Como é que comprariam algo de uma desconhecida? Ainda há esse preconceito e, no começo, fui alvo disso.
Atualmente, a crise chegou e vem sendo um grande problema também, pois, dificultou nossas vendas. Por exemplo, uma pessoa que antes comprava 200 tortinhas passou a comprar 100, pois, a economia nacional afetou todo mundo. Esse ‘luxo’ acabou ficando em segundo plano. Hoje, sentimos a queda nessa parte.
É obvio que perder a qualidade não está em nossos planos. Buscamos sempre uma ótima qualidade de serviço. Para aperfeiçoar isso, irei fazer cursos mais avançados para acrescentar junto às tortinhas.

GAZETA: Dentro da área, quais as suas formações?
Val: Cursei apenas o básico. Fiz cursos em algumas casas de doces em Americana, Artur Nogueira e até aqui em Cosmópolis mesmo. Estudei doces finos, etc. Todos bem rápidos.Para o futuro, irei buscar uma área mais avançada, tentando fazer bolos, tortas, ovos de Páscoa. Já estou para iniciar um curso de dois anos em Campinas. Se tudo der certo, estarei caminhando para a abertura da minha confeitaria, pois sou apaixonada por doces, desde um brigadeiro até o doce gourmet, e sempre quis trazer isso para as pessoas. Tenho uma verdadeira ‘química’ com doces.

GAZETA: Quais as dicas que você pode dar para quem quer montar um negócio autônomo assim como o seu?
Val: É preciso ter força de vontade e não desistir nunca. Hoje, as pessoas buscam as coisas de forma muito fácil, mas, não é bem assim, é necessário ter coragem e esforço. Não se pode fazer algo só para ganhar dinheiro ou só para não ficar parado, é necessário gostar do que se faz. Quando nos dedicamos, somos reconhecidos, pois, doamos nossa vida para aquilo.
É importante ter determinação também, pois, fácil não é. Trago isso para minha vida até hoje. Eu, por exemplo, irei me dedicar a um curso de longa duração que tenho certeza que irá me dar um retorno ótimo. Algumas pessoas até estranham, ainda mais por conta da minha idade, mas não pretendo parar nunca.

GAZETA: Suas filhas estão seguindo a sua área?
Val: Duas delas já estão seguindo a área oposta, que é gastronomia (risos). Mas, respeito e incentivo.

GAZETA: O que você pode concluir da vida até agora?
Val: Sou grata por tudo, grata a Deus e à minha família, à cidade que me acolheu e aos meus clientes fieis. Para mim, tudo que define minha vida é a gratidão.