Entrevista com Vera Bendheim

O quadro Entrevista desta semana é com Vera Bendheim, de 65 anos. Nascida na capital paulista, Vera é formada em Química e mudou-se para Cosmópolis a trabalho. Após vários anos atuando em seu ramo, a paulistana resolveu se aventurar no comércio, abrindo a Edelweiss Enxovais.

GAZETA DE COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis?
Vera Bendheim: Não. Nasci em São Paulo, onde vivi por muitos anos da minha vida, me formei em química e trabalhei em diversas empresas lá na capital.

GAZETA: Por que química?
Vera: Desde a época do ginásio (naquela época era primário, ginásio e colegial), eu adorava a disciplina. Sempre interagi bem com todos os experimentos que fazíamos e, por isso, acabei decidindo seguir a área. Cheguei a cursar Química na Universidade de Blumenau, mas meus pais me queriam de volta em São Paulo, por isso, fui me graduar na Faculdade Oswaldo Cruz.

GAZETA: Como veio para Cosmópolis?
Vera: Após vários anos trabalhando em São Paulo, recebi a proposta de me mudar para Cosmópolis para trabalhar na Ecadil, onde fiquei por 15 anos. Após isso, fui para a EMS, por 2 anos, até decidir abrir a Edelweiss, junto com a Doroti Franco Fernandes. Mesmo após isso, continuei no ramo de controle de qualidade e química por um tempo.

GAZETA: Foi um choque para você vir morar em uma cidade como Cosmópolis após muitos anos na movimentação de uma grande capital?
Vera: Foi estranho no começo, até porque não tinha nem hotel na cidade. Precisei, por um bom tempo, ficar hospedada em uma pousada que cedia quartos a duas professoras. Mas, hoje, costumo dizer que amo mais Cosmópolis do que São Paulo. A capital não para, é muito agitada, muito corrida. Aqui, a gente tem tempo de respirar. Sem contar que fiz muitas amizades no município e criei muitos vínculos, o que me ajudou a acostumar com mais facilidade ao ritmo da cidade.

GAZETA: Por que resolveu abrir a Edelweiss?
Vera: Na verdade, se tratou de uma ideia minha e da Doroti, que trabalhava na Taurus. Naquela época, a fábrica de tecidos possuía poucas opções de enxovais, e achamos a necessidade de expandirmos este ramo. A Doroti, como já possuía um conhecimento maior no ramo, foi me ensinando sobre o ofício.

GAZETA: Foi difícil para você se acostumar com o comércio?
Vera: Sim! Extremamente difícil. Eu estava na área de controle de qualidade para química, ou seja, caí de pára-quedas no comércio. Tive que aprender sobre administração, contabilidade e tudo que um negócio demanda, sem contar no quanto investi no conhecimento de tecidos da variedades em enxovais. Busquei expandir muito a opção de escolha dentro da loja, e hoje contamos com mais de 2000 itens diferentes entre cama, mesa, banho, tapete, cortina, decoração e presentes.

GAZETA: Por que escolheram o nome “Edelwaiss” Enxovais?
Vera: Quando eu a Doroti estávamos escolhendo o nome, ela sugeriu Edelweiss Enxovais por se lembrar de uma história que contei anos antes quando mostrei um quadrinho que minha mãe tinha trazido da Alemanha. Era um quadrinho com a flor autêntica dentro.
Edelweiss é uma flor muito importante na Europa, só cresce acima de 2000 metros nos rochedos dos Alpes (Itália, França, Suíça, Áustria) e é conhecida como Flor do Amor Eterno, porque, antigamente, os rapazes escalavam os rochedos para apanhá-las para as amadas. Assim, demonstravam sua bravura e seu grande amor. Infelizmente, muitos não conseguiram voltar para suas amadas.
Essa flor era a preferida de reis e imperadores, se tornou símbolo nacional na Áustria e na Suíça e ficou muito conhecida no filme musical “Noviça Rebelde” por causa da música composta para ela “The Sound Of Music”.
Então, a Doroti achou a história romântica e que tinha tudo a ver com a nossa loja de enxovais.

GAZETA: Quanto tempo levou para se sentir estável com sua loja? Sentiu-se afetada pela crise?
Vera: Demorei bastante tempo para estabilizar. Acredito que uns 15 anos (risos), até porque eu busquei aprender, e tudo que eu conhecia, eu trazia para a loja. Com relação à crise, fui afetada, com toda certeza. Acredito que todos foram e por isso muitas lojas e fornecedores foram fechados.

GAZETA: Se pudesse dar dicas para quem deseja entrar no ramo do comércio, o que diria?
Vera: Prepare-se bem antes, pesquise o ramo e região que vai colocar o comércio. O SEBRAE tem muito para ensinar. Principalmente, nessa época, é um pouco difícil entrar com algo novo. Pesquise o público, a preferência dele, os preços, fornecedores, a localidade do seu comércio. Isso ajuda muito.

GAZETA: Se sente satisfeita com a sua vida?
Vera: Extremamente satisfeita. Gostei muito da minha nova escolha.