O quadro Entrevista desta semana é com Viviane Cristina Lopes Trevizan. A cosmopolense conta que passou parte de sua juventude na Usina Ester, onde trabalhou por um tempo. Com sua vinda para a cidade, Viviane passou a exercer cargo de faturamento no antigo Hospital Beneficente Santa Gertrudes. Após seu casamento, mudou radicalmente de profissão e iniciou uma trajetória no ramo do comércio. Hoje, aos 48 anos, Viviane administra, junto ao seu marido, a Mercearia Trevizan.
GAZETA DE COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis? Como foi sua infância na cidade?
Viviane Cristina Lopes Trevizan: Sou nascida e criada aqui. Morei, até os meus 16 anos de idade, na Usina Ester, já que meus pais trabalhavam por lá. Era um lugar diferente, onde fazíamos coisas que, hoje em dia, as crianças não fazem mais. Não tinha a tecnologia de hoje, o que tornou minha infância muito mais gostosa.
GAZETA: Sua família sempre teve o desejo de migrar para a cidade?
Viviane: Sim. Na verdade, todo mundo tinha esse desejo. Nossos pais, em sua maioria, trabalhavam no corte da cana, e o objetivo deles era justamente esse; comprar um terreno na cidade, construir e depois mudar para a cidade.
GAZETA: Em algum momento da sua vida, pensou em seguir uma profissão diferente da que segue hoje?
Viviane: Antigamente, os jovens não possuíam um desejo e incentivo tão grande para entrar em uma faculdade, como hoje se tem. Nós, pais, incentivamos os nossos filhos a fazerem uma faculdade, a escolherem uma profissão, mas, antigamente, nossos pais não eram tão sabidos no que se refere à educação. Eles queriam nosso bem, é claro, mas o acesso restrito não permitia uma reflexão muito grande sobre o tema. Eu, particularmente, pensava em trabalhar, mas não tinha um ramo em específico. Como todo filho de trabalhadores da Usina, eu acabei trabalhando na Usina Ester também.
GAZETA: Onde mais trabalhou antes da Mercearia Trevizan?
Viviane: Além da Usina, trabalhei no antigo Hospital Beneficente Santa Gertrudes, na parte do faturamento. Foi um local excelente de se trabalhar. As pessoas eram ótimas, meu cargo era bem interessante, já que eu cuidava da parte de contabilidade das fichas dos SUS (Sistema Único de Saúde) e convênios. Fiquei lá por muitos anos e tenho boas lembranças.
GAZETA: Quando surgiu a oportunidade de adentrar no ramo do comércio?
Viviane: Quando eu me casei. O comércio, na verdade, é do meu marido. Após nosso casamento, eu entrei no negócio também.
GAZETA: Como foram os seus primeiros anos trabalhando com o comércio?
Viviane: Foram difíceis, porque trabalhar com o público é difícil. As pessoas estão sempre com pressa, sempre perdendo hora e a gente acaba entrando nesse ritmo; sempre atrasadas. Foi complicado entender e me acostumar com isso, mas, as pessoas funcionam assim.
GAZETA: Você saiu de um ramo inteiramente diferente, pois, não trabalhava com o público no Hospital. Foi um “choque” mudar drasticamente o seu ambiente de trabalho?
Viviane: Não muito. Eu sempre fui muito boa no que se refere à comunicação, sempre gostei de conversar e ser clara no que quero transmitir. Enfrentei dificuldades em expor algumas condições aos clientes no começo, mas, fui me acostumando e pegando o jeito.
GAZETA: Se pudesse dar dicas para quem deseja abrir um comércio, o que diria?
Viviane: Hoje em dia, é complicado abrir um comércio. As pessoas costumam ver muito o lado bom da coisa; não ter patrão, não ser mandado embora, mas desconsideram a parte complicada do ramo. A parte financeira é muito burocrática, há muitos impostos a serem pagos e não é qualquer negócio que dá um bom lucro. Nos dias de hoje, com a atual situação econômica do país, é muito difícil achar um comércio que te dê um bom retorno, por isso, pesquise.
Mas, se é o sonho da pessoa, ela tem que investir, sempre ser persistente e com fé em Deus, que dará certo.
GAZETA: Se sente satisfeita com sua vida hoje?
Viviane: Sim! Gosto muito de tudo o que faço, principalmente, do meu trabalho. Também tenho problemas, mas, busco sempre lidar com eles da melhor maneira possível.