Equilíbrio e qualidade de vida são fundamentais na melhor idade

O Dia Internacional do Idoso é mundialmente comemorado no dia 1 de outubro. A data foi definida pelo mesmo dia em que se tornou vigente o Estatuto do Idoso. Todos sabemos o quanto é importante para os idosos terem uma velhice saudável e feliz. Para tanto, os exercícios físicos, juntamente com alimentação, convívio social e equilíbrio mental são essenciais para proporcionar qualidade de vida.

Os moradores de Cosmópolis, provavelmente, já viram, ao passar por alguma praça pública, um grupo de pessoas (em sua maioria, idosos) praticando atividades físicas ao ar livre. Esse é um projeto que nasceu em 2006, juntamente com o projeto Exercita Cosmópolis, que também proporciona exercícios, como caminhadas. De acordo com o Diretor de Planejamento em Saúde da Secretaria de Saúde de Cosmópolis, Alexandre Avansini Giovelli, as atividades realizadas nas praças da cidade têm origem na medicina tradicional chinesa, englobando os conjuntos Lian Gong e Tai Chi Chuan. “Temos o Tai Chi Chi Kung com movimentos mais leves, que é bem relaxante; o Xian Gong é voltado para pulso, braço; o Lian Gong é uma mistura de movimentos do Kung Fu com a ortopedia, movimentos de fisioterapia”, explica.

O especialista explica que as atividades são baseadas em três pilares fundamentais: “a respiração, que tem que estar vinculada aos movimentos – ou seja, não adianta fazer movimentos rápidos se a respiração está lenta, calma; a parte física; e a parte mental. Essas três devem estar em equilíbrio; se estiverem em desarmonia, o exercício não vai ter a mesma eficácia. É claro que, no começo, há desarmonia, e isso é normal; mas, com o passar do tempo, essa harmonia é adquirida e fica para a vida toda”, informa.

Alexandre Avansini Giovelli é diretor de Planejamento em Saúde da Secretaria de Saúde de Cosmópolis

Alexandre Avansini Giovelli é diretor de Planejamento em Saúde da Secretaria de Saúde de Cosmópolis

“De um modo geral, a respiração traz serenidade, tranquilidade, paciência e também traz a necessidade de agir na hora certa, estando vinculada também ao movimento físico, que não é bem feito quando a pessoa está agitada ou tensa. E, como consequência, leva paz e serenidade à mente, também. Para alcançar resultados realmente eficazes, o ideal é realizar esses exercícios todos os dias”, esclarece o profissional.

O projeto realiza atividades para qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, desde que ela esteja bem de saúde suficiente para conseguir realizar os movimentos. “É claro que as pessoas debilitadas física ou mentalmente também podem participar. Em alguns casos, pode ser que os exercícios não curem a pessoa totalmente, mas, dentro da faixa em que ela pode melhorar, os resultados costumam ser 100%”, ressalta Alexandre.

Segundo o especialista, a maioria das pessoas que faz os exercícios é idosa. “Eles têm momentos: de imediato, eles vêm muito pela necessidade física, pensando ‘estou envelhecendo, quero ter mais qualidade de vida’, ou, ‘o médico recomendou’. Conforme vou conversando sobre a necessidade da respiração, eles, quando se tornam mais assíduos, percebem por si mesmos e se sentem melhor realizando a respiração mais correta. É algo que leva tempo para entender que não se trata somente da parte física. Naturalmente, o convívio social ajuda muito esses idosos, que, em grupo, conseguem se sentir parte de algo e fazem amizades”, observa ele.

Outro ponto importante é que o projeto é realizado em praças públicas, ao ar livre. “De início, a ideia do local público foi para que a população visse a importância dos exercícios físicos, e tornar isso mais social possível para todos. Porém, as vantagens que temos de respirar ar puro, ouvir o som dos pássaros e receber a luz solar são indescritíveis”, ressalta Alexandre.

Qualidade de vida. Harmonia, tranquilidade, melhor desempenho físico, postura, equilíbrio, alongamentos. Não existe mágica para ter uma velhice o mais saudável possível.

O aposentado de 71 anos, Lauro da Silva Maia, conta que faz os exercícios por recomendação médica, por conta da diabetes. “Faço esses exercícios três vezes por semana, há um ano, porque a diabetes estava alta… Então, como sozinhos não fazemos exercícios, vim para esse grupo. A diabetes estabilizou e, hoje, voltou ao normal”, observa.

Já Dulce Possani Calvi, de 64 anos, do lar, tinha ruptura no ombro e sentia muita dor no braço antes de começar a fazer os exercícios. “Venho duas vezes por semana, há dois anos. O meu problema do ombro não era recomendado operar. Eu tinha muita dor no braço… Então, o médico recomendou fazer exercícios. E, realmente, hoje não sinto mais dor no braço”, afirma ela.
Fernando Gonçalves de Souza, de 53 anos, estuda na APAE e conta que melhorou muito seu desenvolvimento depois que passou a frequentar o grupo. “Venho aqui há cinco anos já, e eu melhorei muito, não sinto mais dor, gosto do pessoal daqui, já fiz amizade com todo mundo”, comenta.

Dulce Possani Calvi, Fernando Gonçalves de Souza e Lauro da Silva Maia são participantes do projeto

Dulce Possani Calvi, Fernando Gonçalves de Souza e Lauro da Silva Maia são participantes do projeto

 

Quero participar
Para participar, não é necessário ser morador do bairro em que as atividades ocorrem; basta aparecer em uma das praças com uma roupa confortável, tênis adequados e disposição para realizar os exercícios. “Se a pessoa quiser participar, mas tem uma história de cirurgia cardíaca, derrame, problema físico ou mental, é de costume pedirmos uma declaração médica indicando que aquela pessoa está apta a fazer atividade física. O interessado pode entregar para o próprio instrutor do local em que as atividades estão sendo realizadas”, informa o especialista.

Os locais onde as atividades ocorrem são: Praça da Saúde (próximo ao Posto de Saúde Integrado), Beto Spana, Vila Cosmo, Nosso Teto, Parque Ester, Jardim de Fáveri e Andorinhas.
Alexandre informa que as praças em que ele instrui as atividades são a Praça da Saúde, às segundas e quintas-feiras, e na Praça da Pátria, às terças-feiras, das 8h15 às 9h15.

O idoso na sociedade
De acordo com a Psicóloga Patrícia Poletti, o idoso tem papel fundamental em nossa sociedade, já que é ele o responsável por passar para os mais jovens as experiências, valores e cultura de uma sociedade. “Dizemos que o idoso é quem faz a ponte de gerações, pois ele é responsável por passar todo o conhecimento de uma sociedade para quem ficará depois dele”, explica.

Patrícia Poletti Psicóloga CRP: 06/85002 Clínica Miareli - 3812.1345

Patrícia Poletti
Psicóloga
CRP: 06/85002
Clínica Miareli – 3812.1345

Contudo, a especialista afirma que ainda existe muito preconceito com relação à velhice e ao idoso. “Essa fase ainda é vista como o fim da vida, um momento em que devemos encerrar nossas atividades para descansar. Mas, com nossa sociedade aumentando sua expectativa de vida e se tornando mais idosa, este paradigma tem sido quebrado. Foi-se o tempo em que ser idoso era sinônimo de não ser mais capaz de fazer as coisas. Hoje, os idosos apresentam uma vida muito mais ativa do que muitos jovens. Por isso, uma forma de garantir que esta fase seja saudável e feliz é mudarmos também nosso paradigma de que a vida não se encerra aos 60 ou com a aposentadoria, pelo contrário, é o início de nossa oportunidade de realizar nossos projetos de vida e sonhos que ficaram de lado por causa de trabalho e filhos. Viagens, cursos, esporte e lazer são formas de nos realizarmos e olharmos agora para nós mesmos, agora livres das obrigações do dia a dia”, observa ela.

Patrícia explica que nossa sociedade capitalista atrela que somente somos úteis e importantes se somos produtivos, se estamos trabalhando. “Por isso, o envelhecer é tão assustador. Muitas pessoas se perguntam ‘o que farei quando me aposentar? O que será de mim? Não terei mais nada para fazer’. Errado. Pelo contrário, agora sim é que teremos realmente muitas coisas para fazer, mas que não são mais obrigações, mas realizações de nossos desejos. O envelhecimento deve ser visto como algo natural e inevitável e que só podemos aceitar nossa condição e curtir cada momento dela”, aconselha.

É claro que, na era tecnológica em que estamos vivendo, os mais idosos podem ser passados para trás; porém, por incrível que pareça, a Psicóloga afirma que ela tem trazido muitas vantagens para a população idosa. “Quem pensa que eles estão de fora da tecnologia se engana. Os idosos cada vez mais buscam as redes sociais e tecnologias para manter contato com familiares e aumentar cada vez mais sua rede de amigos. Claro que podem ter dificuldades, mas, hoje, já existem cursos e treinamentos específicos para este público, já que o interesse do idoso está cada vez maior”, finaliza ela.