“Não existe cura, mas, portadores podem levar uma vida produtiva e satisfatória com
o tratamento”
Segundo a Psicóloga, Maristela Lopes Ramos, a Esquizofrenia é uma doença crônica e muito grave, que afeta o modo de como a pessoa pensa, como ela se sente e como se comporta. “A esquizofrenia é a doença mental mais estudada no mundo em que investigam os sintomas, tratamento com medicamentos, técnicas de psicoterapias, funcionamento cerebral, genética e, principalmente, o estigma associado à doença. Saber mais sobre esse assunto proporciona a mudança de ideias antigas e preconceituosas. É uma doença crônica e grave que afeta o modo como a pessoa pensa, sente e comporta. Pode parecer que elas perderam o contato com a realidade” completa Maristela.
A Esquizofrenia não é uma doença imediata, não é possível diagnosticar após o nascimento, o cérebro exige uma formação melhor. “Nosso corpo é um resultado biológico que se inicia desde a concepção quando herdamos a carga genética do óvulo da mãe e do espermatozoide do pai. Pequenos problemas na gestação e no parto podem tornar as pessoas mais vulneráveis a desenvolver doenças no futuro, e esse é o caso da esquizofrenia, mas, no entanto, ela só se manifestará no final da adolescência ou no começo da vida adulta. Quando nascemos, o nosso cérebro não está pronto, ele vai amadurecendo até o início da vida adulta e vários fatores podem induzir alterações no neurodesenvolvimento, isto é, mudanças nas células cerebrais (neurônios) que levam às mudanças estruturais.
Pessoas com esse desenvolvimento diferenciado se tornarão mais vulneráveis também a outros fatores externos desencadeadores da esquizofrenia, como, abuso de drogas, eventos traumáticos e situações estressantes. Substâncias como a maconha e a cocaína, por exemplo, podem causar grandes problemas em pessoas com essa vulnerabilidade, como desencadear um quadro agudo de esquizofrenia. Uma curiosidade é que a esquizofrenia tem igual prevalência em homens e mulheres. Entretanto, os homens têm um início mais precoce, cerca de mais da metade dos pacientes masculinos têm a idade pico dos 15 aos 25 anos (máximo de 35 anos), e na mulher apenas 1/3 antes dos 25 anos. Raros casos em ambos os sexos do aparecimento da doença antes dos 10 anos e depois dos 55” afirma.
E, logo após a identificação da doença, é necessário acompanhamento com especialistas para que o quanto antes se trate dessa doença. “Depois que a doença aparece, a ocorrência de novas crises e o tempo que essa pessoa permanecer sem tratamento é que determinam a progressão das alterações neurodegenerativas. Por isso, é muito importante seguir os tratamentos e, principalmente, tomar as medicamentações, pois, elas protegem o cérebro prevenindo novas crises.
Os medicamentos para tratar essa doença são os antipsicóticos, e os principais benefícios são evitar novo episódio agudo, controle dos sintomas e uma vida com mais qualidade. Mas, o tratamento não se resume apenas nos medicamentos, temos também as intervenções psicossociais, como, por exemplo: a terapia ocupacional, psicoterapia, psicoeducação, grupos de convivência e terapia familiar são essenciais. Na verdade, medicamento e as intervenções terapêuticas se complementam.
Lembrando sempre que cada caso é um caso, e o diagnóstico e a medicação correta, bem como a sua dosagem deve ser avaliada e prescrita por um médico especialista, como o psiquiatra”, conta a psicóloga
Mas, ela também completa sua fala sobre os medicamentos dizendo que “os medicamentos antipsicóticos funcionam bem para a redução dos sintomas alucinatórios e delirantes. Existem outros medicamentos que são associados com o propósito de melhorar/amenizar outros sintomas que algumas pessoas com esquizofrenia podem apresentar, como isolamento, dificuldade de sociabilização e dificuldades cognitivas (problemas para concentrar a atenção, manter informações na memória, planejar e coordenar tarefas).
Sempre bom lembrar que o Estado fornece gratuitamente a maioria dos medicamentos que os médicos prescrevem, mas que infelizmente não são acessíveis a todos. O fundamental é que os portadores e as famílias conheçam sobre a doença, seus sintomas, os efeitos benéficos e colaterais dos medicamentos para que possam ajudar o médico e os terapeutas a encontrar a melhor opção/intervenção para cada caso. Pois, existem pessoas que não aceitam que têm a doença, porque não se veem doentes, precisando de uma atenção e apoio especial da família, ou pessoas próximas para seguir os tratamentos (contínuos) e construir um processo de recuperação.
Esquizofrenia é, além de uma doença, uma experiência humana com possibilidades de superação. Não existe cura, mas, podem levar uma vida produtiva e satisfatória com o tratamento”, esclarece Maristela.
Ao finalizar, a psicóloga indica dois grandes filmes para quem está disposto a conhecer mais sobre a cabeça de um Esquizofrênico. “Minha dica é: Se quiserem entender ou visualizar melhor o funcionamento psíquico/comportamental e, principalmente, os sintomas de alucinação e delírios, deixo a sugestão de 2 filmes: A ilha do medo – Leonardo DiCaprio e Uma mente brilhante – Russel Crowe” conclui.