Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou uma entrevista com o mecânico e empresário Fabio Luiz Castro de Paula, de 32 anos

Esta semana, a GAZETA de COSMÓPOLIS realizou uma entrevista com o mecânico e empresário Fabio Luiz Castro de Paula, de 32 anos.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Você é de Cosmópolis?
Fabio Luiz Castro de Paula: Sou nascido em Campinas, mas, moro em Cosmópolis desde 1990. Gosto muito da cidade, pois, tudo o que tenho, eu construí aqui.

GAZETA: Quando descobriu que levava jeito para o ramo da mecânica? Houve um ponto de partida para decidir que iria seguir a carreira?
Fabio: Desde bem novinho, eu era apaixonado pela área. Sempre amei carros, por isso, não tive muitas dúvidas de que seguiria a mecânica. Eu também estive imerso no ambiente de oficinas desde cedo, sempre fazendo algum trabalho. No período de adolescência, fiz um curso no SENAI e, desde então, estou cravado na profissão.

GAZETA: Como foi o trajeto para abrir sua oficina?
Fabio: Eu já estou por conta própria há 12 anos. Iniciei a oficina com 20 anos de idade, e foi muito difícil no começo. Eu trabalhava em Campinas, na PHS, e logo que deixei aquele emprego, me dediquei na abertura da minha própria oficina.

GAZETA: Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou no ramo do comércio?
Fabio: O comércio é, de fato, muito difícil, mas o que mais pesou para mim foi a pouca idade, por isso, a minha linha de crédito era bem curta e eu tinha que me limitar em certos âmbitos. Outra coisa que me “prejudicou” no começo foi a falta de confiança dos clientes no meu serviço. Com 20 anos de idade, as pessoas não vão confiar mesmo no seu trabalho, principalmente, em um ramo como mecânica, já que sempre houve uma crença de que os mecânicos antigos e mais velhos são sempre os melhores.
Levou em torno de 5 anos para que eu sentisse aprovação do meu serviço.

GAZETA: Quanto tempo levou para que você pudesse se considerar uma pessoa estável no seu ramo?
Fabio: É difícil se considerar estável no comércio. A crise pega para todos os lados, mas, de uns quatro a cinco anos para cá, as coisas melhoraram para mim. A questão é que sempre estamos investindo, por isso, é complicado ter uma estabilidade, já que precisamos ceder bastante. Eu, por exemplo, trabalho com algumas reservas, mas, sempre com os pés no chão para saber no que investir e como investir.

GAZETA: Você costuma fazer cursos para se atualizar?
Fabio: De técnico, eu fiz apenas o SENAI, mas, também fiz alguns cursos preparatórios, já que é de suma importância se manter atualizado na área. Sempre chega um equipamento novo e é preciso saber como mexer com ele.

GAZETA: Um curso técnico e um trabalho na prática são muito diferentes. Na escola, você ainda conta com o auxílio de um professor, mas, na vida real, é você por conta própria. No começo da oficina, você teve desafios?
Fabio: Na verdade, como eu havia trabalhado antes da abertura da minha oficina, já havia adquirido muita experiência. Meu medo não foi esse, mas sim, a clientela. Passar a semana inteira abrindo o barracão e não receber ninguém é bem complicado e bem desanimador.

GAZETA: Quais as dicas que você pode dar para quem quer entrar no ramo da mecânica?
Fabio: É a melhor profissão do mundo, mesmo eu sendo suspeito para falar (risos). Mas, exige muita dedicação e atenção. Sem contar que é muito bom para quem gosta de estudar e sempre se manter atualizado.

GAZETA: E no âmbito comercial? Como é lidar com comércio em uma cidade pequena?
Fabio: Cosmópolis sentiu bastante a baixa no número de trabalhadores na refinaria em Paulínia, e nós comerciantes fomos os mais afetados. Foi um verdadeiro choque. Tivemos que readaptar nosso método de venda, os preços e as formas de pagamento, já que parte do que sustentava a cidade era a presença da massa de trabalhadores da refinaria.

GAZETA: A crise econômica chegou a te assustar?
Fabio: Para alguns, a crise foi, sem dúvidas, muito ruim, mas, para nós ajudou apenas a crescer, a amadurecer a cabeça e adquirir experiências, pois, estávamos todos com uma ideia de mercado muito bem fluida. Com a chegada da crise, tivemos que nos adaptar de uma forma drástica ao novo método de vendas, a nova demanda e/ou a falta dela. Quem estava estabilizado conseguiu passar; já quem não estava enfrentou mais problemas do que gostaria. Eu, felizmente, aprendi muito com esse período.

GAZETA: Quais os problemas que você enfrenta na sua profissão?
Fabio: O carro é a paixão nacional do homem. Lidar com ele é muito complicado, pois, o homem brasileiro ama carros. Esse é o maior problema. Temos que ter muita atenção para não realizar nada errado (risos).

GAZETA: Você tem família? Como concilia a vida profissional e pessoal?
Fabio: Sou casado e tenho uma filha de 9 meses. Eu e minha esposa trabalhamos juntos, pois, ela cuida do financeiro da oficina. No caso, tentamos deixar os problemas daqui fora de casa. É obvio que, às vezes, as coisas pesam, pois, nada é um mar de rosas, mas, tentamos sempre conciliar tudo muito bem.