Ricardo Jesus da Silva jogou por vários clubes no Brasil e no exterior, chegando a representar a Seleção Brasileira, na categoria Sub-20
Ser jogador de futebol não é nada fácil, principalmente, para os que moram no interior, que geralmente não têm acesso às estruturas oferecidas pelos grandes clubes. Considerando que grande parte das crianças sonham em se tornarem jogadores de futebol, a maioria delas se espelha em alguém. Geralmente, jogadores da Seleção Brasileira, de seus times do coração, ou jogadores que vieram do mesmo lugar que elas, do mesmo bairro ou cidade. Nesse último caso, a relação de proximidade alimenta ainda mais o sonho da criança, que cresce na mesma comunidade em que cresceu um grande atleta. No caso de Cosmópolis, temos Ricardo Jesus da Silva, ex-centroavante, de 35 anos de idade.
Ricardo começou em alguns times da região, nas categorias de base da Internacional de Limeira e do Independente de Limeira. Após se destacar no futebol local, o atacante foi para o Internacional de Porto Alegre, um gigante do futebol nacional. Foi lá aonde ele se profissionalizou e realizou um de seus maiores sonhos: vestir a camisa da seleção brasileira. Ele conta sobre sua primeira convocação para defender o país. ”Nem acreditei, estava em uma lanhouse e, por curiosidade, fui ver a convocação no site da CBF e vi meu nome. Não dormi e só acreditei quando o Internacional me chamou para dizer que eu me apresentaria na seleção sub-20. Aí a gente chora, se emociona e lembra do sonho, da família, dos amigos, de todos que sempre torceram pelo nosso sucesso!”.
E ele não foi à Seleção apenas para fazer figuração, fez alguns gols, foi campeão de um torneio no Japão e vice na Irlanda do Norte. “Foi uma experiência inesquecível, que me faz sentir realizado como atleta”,diz Ricardo.
Após vestir a “Amarelinha”, Ricardo foi campeão gaúcho pelo Internacional, e logo depois transferido para o CSKA, da Rússia, onde também foi campeão. Ele conta sobre sua dificuldade para se adaptar ao país, principalmente, por ser muito novo na época. Logo após sua chegada, conta que já se deparou com gelo nas árvores, um clima hostil e uma cultura completamente diferente. No primeiro treino com o novo time, ele cuspiu no chão, hábito comum entre os atletas sul-americanos, porém, na Rússia, isso significa desejar má sorte a alguém, o que causou discórdia entre o brasileiro e os companheiros russos. Depois da Rússia, ele ainda jogou na Grécia, onde ficou pouco tempo, não dando nem tempo de aprender a língua.
Após esse tempo fora do país, Ricardo voltou para o Brasil no começo da década passada, para atuar pela Ponte Preta, em Campinas. O atacante cosmopolense conta sobre sua temporada na “Macaca”, onde, para ele, teve sua melhor fase e aonde se sentiu melhor, jogando pelo Brasileirão Série B. ”Fiz 21 gols na temporada, conseguimos o acesso tão esperado pelos pontepretanos e estava perto de casa; sempre que podia, estava indo ver minha família. Meus pais e meus irmãos também sempre estavam indo nos visitar, então, foi a junção de tudo pra ser um ano feliz, tanto profissionalmente quanto pessoalmente”. Ele conta que, até hoje, sente o carinho dos torcedores da Ponte Preta, e que atuar pelo alvinegro era um sonho de infância, pois sempre foi um clube pelo qual cultivava admiração, e o faz até hoje.
Além de sua passagem vitoriosa pelo clube de Campinas, Ricardo jogou pela Portuguesa, Avaí e Atlético Goianiense. Ele ainda atuou pelo Queretaro, do México, clube aonde jogou Ronaldinho Gaúcho, e o Tijuana, também mexicano. O atacante diz que o México foi o país estrangeiro no qual teve mais fácil adaptação, justamente pela cultura calorosa e receptiva, assim como o clima quente, como o nosso. Ricardo ainda passou pelo Fortaleza, do Ceará; Honda, da Tailândia, onde foi campeão nacional; Oroba, dos Emirados Árabes; Juventude, do Rio Grande do Sul, e por fim, o Tombense, de Minas Gerais, aonde encerrou sua carreira.
Por tanta história e tanta experiência no esporte, Ricardo se diz satisfeito e realizado com a carreira que trilhou. “Profissionalmente cheguei onde Deus me permitiu, me deu uma família linda, consegui dar uma casa pros meu pais, ajudar em alguns momentos que eles precisaram, consegui comprar a minha casa, e graças à carreira, eu e minha família conhecemos o mundo, o tipo de coisa que talvez eu só consegui devido a carreira que foi feita dentro do futebol.”,completa. Sobre o futuro, ele almeja se dedicar à família e aproveitar os fins de semana sem jogos e sem concentração. Ele e sua esposa estão cursando comércio exterior, o que simboliza o planejamento da família em morar fora do país, na Europa. “Mas no momento, queremos descansar, desse tempo que passamos viajando e jogando por esse mundo a fora”, diz, cansado da corrida rotina do esporte.
O ex-jogador dá dicas aos jovens da cidade que, assim como ele, podem sair do mesmo lugar e conquistar todos os seus sonhos. “Sonhar, acreditar que é possível; estudar muito, porque isso vai te ajudar a se adaptar quando saírem de casa; treinar muito, a dedicação nos treinos é o que vai te levar a ser melhor cada dia e elevar o seu nível; valorizar cada vitória, valorize quem te ajudou a chegar onde você sonha em chegar; e Deus na frente de tudo isso, Ele vai ser seu protetor e provedor.”
Ricardo finaliza a entrevista agradecendo algumas pessoas que o ajudaram no começo: “É difícil lembrar de todos que me ajudaram e me incentivaram a seguir carreira, principalmente, que acreditaram que eu conseguiria, através sempre do pai Jonas que me apresentou, o Brecha, que me ajudou no começo; Lebrinha, que me treinou no futsal, que ajuda muito na técnica; o Seu Daniel que tinha um carinho por treinar a gente e ensinava muito ao Pezão, que foi o mais exigente, sempre nos cobrava muito e fazia a gente evoluir; em especial, ao meu pai Jonas, que foi o meu maior incentivador; minha mãe que também sempre esteve incentivando; em geral, a minha família; e aos meus amigos que sempre acreditaram e sempre estiveram comigo. Me perdoe se não citei todos, ou esqueci de alguém, mas sou grato a todos que acreditaram.”