Falar com o bebê ainda na barriga gera sensação de afeto e segurança

Quando a mulher descobre que está grávida, muitas vezes, é uma grande alegria. A família toda fica animada e os pais do bebê começam a planejar o futuro da criança: como educar nos primeiros anos de vida, em qual escolinha vai estudar, se vai aprender a tocar algum instrumento… Porém, no momento em que o bebê ainda é feto e está em desenvolvimento, ele também reage a estímulos externos, como sons musicais/rítmicos e o som da voz dos mais próximos a ele.

A equipe do Jornal GAZETA de COSMÓPOLIS conversou com a Psicóloga Patrícia Poletti, que explicou como os sons afetam o bebê e, posteriormente, a criança.

GAZETA de COSMÓPOLIS: A partir de qual semana o feto começa a ouvir os sons externos?
PATRÍCIA: A audição é um dos primeiros sentidos a se desenvolver no feto e um dos mais desenvolvidos ao nascer. Percebemos isso logo que o bebê nasce e que os estímulos auditivos são os que mais fazem as crianças reagirem e buscarem, e também os que mais fazem a criança chorar ou se acalmar. Por isso, a importância das gestantes estimularem este sentido mesmo na gestação, falando com seu bebê, ouvindo músicas agradáveis, etc.
A partir da 16ª semana de gestação, o aparelho auditivo do bebê já está apto a perceber os sons externos. Com 20 semanas de gestação, o bebê já consegue reagir a sons e, com 25 semanas de gestação, já consegue diferenciar os tipos de sons.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Quando o feto passa a discernir as músicas como agitadas e calmas e/ou as vozes dos pais?
PATRÍCIA: Entre a 16ª e a 25ª semana de gestação, o bebê é capaz de distinguir os diferentes tipos de sons, mas os classifica em agradáveis ou irritantes/desagradáveis. Também já distingue as vozes dos pais e pessoas próximas. Por isso, deve-se estimular os pais a falarem com o bebê, mesmo na barriga.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Qual é o efeito da música no feto? Ele pode tornar-se mais agitado ou mais calmo dentro da barriga dependendo da música e do ritmo ao qual é exposto?
PATRÍCIA: A música ou som tem efeito direto sobre o feto, o bebê e a criança. Conforme a música ou o som, teremos comportamentos mais agitados ou mais calmos. Em experiências com ultrassom, fetos submetidos a sons desagradáveis, como buzinas, gritos, apitos, expressaram caretas de incômodo e houve aumento nos batimentos cardíacos, indicando estresse fetal; e expostos a sons agradáveis, como a voz dos pais e canções, principalmente, à musica clássica, os fetos expressaram caretas de prazer, iniciavam o sono e diminuíram o ritmo cardíaco, indicando relaxamento. Acredita-se que as composições clássicas tenham ritmo semelhante ao dos batimentos cardíacos da mãe. Algumas pesquisas indicam que, por causa dessa característica, as obras de Mozart são as preferidas dos fetos e também há um aumento no potencial cognitivo de fetos expostos a esse tipo de música. O fato é que, se você relaxa ao escutar determinadas canções, seu bebê vai compartilhar do seu bem-estar. Sabemos também que recém-nascidos com cólicas ou chorando muito sentem-se aliviados ao escutar e reconhecer músicas que ouviram durante o período que estavam na barriga da mãe.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Qual é a importância da voz dos pais para o feto?
PATRÍCIA: Falar, cantar, conversar, acariciar a barriga são gestos de carinho percebidos pelo feto ainda na barriga e que passam para ele a sensação de tranquilidade, carinho, amor e segurança, e ajudam a estabelecer um vínculo mais forte e próximo com quem faz essas coisas com ele. Por isso, é tão importante a voz dos pais neste processo, o feto começa a distinguir quem são os que estão sempre com ele e também que o amam.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Após o nascimento da criança, a música que ela ouve pode afetar em sua personalidade e seu desenvolvimento? Ou isso acontece desde quando ela estava na barriga da mãe?
PATRÍCIA: Estudos indicam que a música clássica, principalmente, as produzidas por Mozart, ouvidas durante a gestação, colaboram no desenvolvimento do cérebro do bebê uma capacidade maior de aprender na infância, são mais sociáveis, desenvolvem uma capacidade maior de atenção. Claro que estudos indicam a música clássica, mas, principalmente, aquela que acalma a mãe e lhe dá prazer em ouvir também ajuda. Além disso, a música ouvida pela mãe durante a gestação ajuda a acalmar o bebê após o nascimento.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Quais tipos de música e ritmo são adequados às crianças na primeira infância?
PATRÍCIA: A Primeira Infância compreende o período que vai desde a concepção do bebê até o momento em que a criança ingressa na educação formal. Isso quer dizer que, no Brasil, a primeira infância engloba desde a gestação até os seis anos de idade. Este período é um dos mais importantes para o desenvolvimento da criança e são as experiências e o que a criança vive nesta época é que vão determinar quem ela é. Por isso, quanto melhores forem as condições para o desenvolvimento desta criança, principalmente, em casa, ser um meio cheio de estímulos e cheio de afeto, maiores são as chances do potencial desta criança.
Sendo assim, a música tem participação muito importante no processo de formação desta criança. É pela música que introduzimos a linguagem, a cultura, os valores e os afetos, sendo assim, precisamos escolher cuidadosamente o que nossos filhos escutam, pois eles entendem cada som e cada palavra ali. Neste momento, devemos estimular as crianças com estímulos diversos, por isso, apresentar diversas formas e tipos de sons, músicas e ritmos.
Estudos em creches mostram que a música mais calma e relaxante provoca este mesmo sentimento nas crianças e músicas mais agitadas também. Por isso, podemos colocar em momentos de brincadeira músicas mais agitadas que estimulem a criança se movimentar, correr, pular; e em momentos mais de atenção e relaxantes, músicas que promovam esta sensação.

Patrícia Poletti Psicóloga CRP: 06/85002 Clínica Miareli - 3812.1345

Patrícia Poletti
Psicóloga
CRP: 06/85002
Clínica Miareli – 3812.1345