O câncer de mama não apresenta sintomas e pode ser descoberto pelo exame de mamografia ou percebido através de auto-avaliação feita pela própria mulher. Porém, quando descoberto, geralmente, o tumor pode apresentar pelo menos um centímetro de comprimento. Por isso, é muito importante, a partir dos quarenta anos, a realização anual da mamografia para ambos, homens e mulheres. O diagnóstico precoce favorece uma melhor adesão ao tratamento e minimiza os riscos. Em casos de câncer na família, a prevenção inicia-se dez anos antes. O tratamento pode ser feito com a retirada da mama (mastectomia), quimioterapia, radioterapia ou hormonoterapia.
De acordo com a Psicóloga Renata Pinheiro, a ideia da doença em si, principalmente, do câncer, ainda é, hoje, muito estigmatizada, levando à visão de morte. “O câncer de mama tem como agravante a possível retirada do seio, seio esse que possui várias representações, tais como maternidade, sexualidade e feminilidade. Isso pode favorecer possíveis quadros psicopatológicos, como depressão e ansiedade”, sintetiza.
Diagnosticada com câncer de mama, a mulher experimenta um momento traumático. “Ela fica repleta de sentimentos de medo, angústia, ansiedade, tristeza, incertezas, culpas, dor e fragilidade. As fantasias de morte e mutilação, perda da feminilidade e sensualidade marcam a vivência desta paciente”, expõe a especialista. “Em consequência disto, existem alterações em sua rotina, como trabalho, casa, lazer e estudos. Ideias, projetos e planejamentos futuros podem ser um grande desafio, diminuindo, assim, suas perspectivas de vida”, acrescenta.
O acolhimento, compreensão e carinho da família contribuem de forma significativa nessa etapa da vida. “As dificuldades em adesão ao tratamento e sintomas emocionais podem ser favorecidas devido à falta deste aporte. Porém, a família pode ter dificuldades, pois essa condição foi imposta por uma infeliz fatalidade, e não elegida. Outra dificuldade seria a impotência diante do sofrimento da paciente, e o reconhecimento do seu próprio sofrimento. A impossibilidade, visto que não podem fazer nada para evitar a doença, já que está instalada”, observa Renata.
Quando a mama é retirada, a Psicóloga explica que a mulher possivelmente apresentará uma diminuição da auto-estima e feminilidade, intensificação da depressão e outros quadros psicopatológicos. “Em muitos casos, existe um afastamento considerável das relações com o companheiro, devido a uma impossibilidade em se achar atraente e desejável. Isso faz parte de uma fase de luto, de perda de um membro do corpo, membro, como citado, com consideráveis significações. É de suma importância a compreensão do companheiro e familiares diante desta situação. Acolhendo suas angústias, dando o tempo necessário para reconstrução da visão do feminino, que não necessita exclusivamente de um seio para existir”, esclarece ela.
É importante pontuar que os sintomas emocionais diferem de acordo com a história de vida de cada uma, que é muito singular: “contexto econômico, social, amparo familiar, religioso, opção sexual, se obteve ou não acompanhamento psicológico etc.”, cita a especialista.
Renata afirma que, para obter um êxito no tratamento contra o câncer de mama, é essencial o trabalho multidisciplinar. “O acompanhamento psicológico visa à prática do bem estar emocional, contribuindo e facilitando para a melhora na qualidade de vida, possibilitando melhor adesão ao tratamento e diminuindo os sintomas adversos, enfatizando no enfrentamento do luto do membro perdido e contribuindo com um olhar para a reconstrução do feminino, da sexualidade etc. Esse acompanhamento se faz necessário durante e após o tratamento, pois são comuns a ideia e o medo do retorno ao câncer”, finaliza a profissional.