“A criançada da vizinhança se achegava, tão logo os parentes da cidade também chegavam”
Para os dias de hoje, uma festa infantil tem espaço apropriado, bufê e brinquedos atrativos. Até wi-fi é disponível para os convidados. E como era alguns bons anos atrás lá na Colônia Jaguari, nos anos 80?
A festa era na casa do aniversariante. A criançada da vizinhança se achegava, tão logo os parentes da cidade também chegavam.
A estrada era de terra, e ao se aproximar da colônia, a primeira vista eram os flamboyants com suas grandes copas, e uma extensa balança pendurada em um deles. As grandes sombras eram referência de estacionamento para os carros dos convidados.
Os presentes do aniversariante eram expostos em cima da cama. Ainda dentro do quarto, enquanto desembrulhava os presentes, um pouco de prosa para matar a saudade dos que moravam mais distante.
No ambiente externo, onde cabiam mais pessoas, mesmo no improviso, eram servidos os comes e bebes.
De entrada, geralmente pão com carne moída, seguido de salgados fritos. De bebida, cerveja e refrigerante, todos em garrafas de vidro. Como eram em quantidade maior e para que os convidados pudessem tomar a bebida gelada, as garrafas eram colocadas dentro do tanque de lavar roupas, misturadas com bastante gelo e serragem, que tinha o efeito de manter o gelo sólido por mais tempo.
Após cantar o “parabéns a você” e servir o bolo, tinha a balança esperando as crianças lá fora, num espaço generoso e fresquinho debaixo dos flamboyants na frente das casas da colônia, e as crianças eram livres para brincar, sem preocupação dos pais com criminosos, onde a criatividade e a socialização reinavam plenamente.
Sequer havia telefone fixo nas casas. Tudo tão diferente, tranquilo, sem modernidade e tudo simples, mas feito com muito carinho pelos anfitriões, que tornavam essas festinhas mais que especiais e inesquecíveis a quem teve o privilégio de viver essa época.