O Dia dos Pais é comemorado todo segundo domingo de agosto, e, neste ano, será dia 14 deste mês. Muitos filhos gostam de presentear e homenagear seus pais nessa data especial para demonstrar gratidão por terem cuidado deles. Porém, muitos não têm pai, seja por fatalidade ou abandono. Independente do que for, o papel dos pais no desenvolvimento dos filhos é muito importante.
O papel de pai na família mudou drasticamente de 50 anos para cá. Assim como o mundo, nossa sociedade vai mudando, e a família deve acompanhar as mudanças também. A Psicóloga Patrícia Poletti observa que, hoje, desafios novos se impõem ao pai e, então, uma nova configuração e expectativa do que é ser pai começa a surgir. “Hoje, o pai conseguiu conquistar mais responsabilidades e participação na educação e nas atividades no dia a dia das crianças do que há tempos. O pai e mãe, atualmente, ocupam o mesmo lugar na família, estão em igualdade, com mesmas responsabilidades e importância, assim dividindo também as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos. Aquela história de que é a mãe que educa, já não é mais realidade; hoje, pai e mãe têm o mesmo peso na vida do filho. Os filhos agradecem, pois a presença do pai é tão importante quanto a da mãe para o desenvolvimento do filho e sua formação”, afirma.
É claro para todos que o vínculo da mãe com a criança se constrói desde a gestação; porém, o vínculo paterno deve ser diariamente construído com ações simples no cotidiano, começando com os cuidados com o bebê como troca de fraldas, banho, ninar e alimentar. “Tudo isso deve ir crescendo junto com a criança, e o pai deve participar o máximo possível de sua rotina. Nessas simples interações, a criança vai percebendo que não é só na mãe que ela pode confiar e encontrar cuidado e afeto, mas no pai também”, indica a especialista.
Além disso, a profissional explica que a forma como o pai brinca com o filho tem um impacto muito importante no desenvolvimento físico e emocional e social da criança. “O pai brinca diferente da mãe, e isso é ótimo para a criança. As brincadeiras com os pais são mais desafiadoras, estimulantes para o desenvolvimento físico e, com isso, a criança também vai aprendendo a regular seus sentimentos, aprende o perder e ganhar, o limite”, informa.
Ela acrescenta que, principalmente, o pai junto com a mãe será mais um modelo e exemplo para seu filho do que é ser alguém na vida. Por isso, é importante o pai ter atitudes positivas, acolhedoras, e respeitadoras, pois isso servirá de exemplo para o filho.
Já na adolescência, período de muito crescimento, desafios e conquistas tanto para adolescentes quanto para os pais, é o momento em que os filhos estão se formando como adultos, testando seus limites e liberdade e, principalmente, formando suas identidades. “Os adolescentes formam suas identidades através dos exemplos que estão ao seu redor, principalmente, do pai e mãe. ‘Quem é o homem que serão?’, no caso dos meninos, e ‘como será o homem que eu quero para mim?’, no caso das meninas. É claro que esta construção se inicia na infância, mas é culminante na adolescência, e, por isso, os embates e conflitos são naturais”, explicita Patrícia.
Em primeiro lugar, a Psicóloga indica que, para ser o pai que os filhos de hoje precisam, ele deve conhecer de fato seus filhos. “É preciso saber suas ideias, seus pontos de vista, seus gostos, quem são seus melhores amigos, como estão suas notas na faculdade ou na escola, qual é a sua cor preferida, qual o estilo musical de que mais gosta, o que o deixa nervoso, o que o faz rir, perceber quando o filho está chateado ou triste, saber quando está bem ou quando está mal. Tem que se inteirar dos assuntos e linguagens usadas pelos filhos, para poder entender o que eles pensam sobre amor, família, sociedade, liberdade, drogas, sexo etc. e, assim, poder aconselhar e interagir com os filhos”, aconselha ela.
Em meio a tantas mudanças, o que não mudou e nem muda com o passar das décadas é a imposição de limites na criação e educação dos filhos. “Sabemos que as regras e limites são necessários para os filhos, pois educar não é só fazer obedecer, mas mostrar as fronteiras entre o certo e o errado, os valores e os limites. É preciso educar os filhos para que saibam viver a liberdade de forma responsável, sem perder os valores e bons princípios”, adverte a Psicóloga.
A especialista informa que as crianças que têm um pai presente são mais propensas a ser emocionalmente mais seguras, mais confiantes para explorar os arredores, e à medida que envelhecem, têm melhores conexões sociais. “Crianças com ‘pais envolvidos’ são mais disciplinadas e inteligentes. Além disso, numerosos estudos atribuem ao estilo presente e carinhoso de um pai desde a primeira infância às melhores habilidades verbais, desenvolvimento intelectual e desempenho acadêmico entre os adolescentes. Ter um modelo masculino positivo ajuda um adolescente a ser mais seguro, mais positivo e mais capaz de se relacionar com o mundo à sua volta de forma ética e responsável”, esclarece. Portanto, a ausência do pai causa inúmeras consequências na vida dos filhos.
“A forma como nos relacionamos com os filhos durante a infância e a adolescência vai determinar a forma como nossos filhos nos tratarão quando crescerem. Se passamos exemplos e valores positivos, é disso que nossos filhos se lembrarão e buscarão quando saírem de casa. Se temos um lar cheio de afeto e amor, os filhos sempre retornarão”, finaliza a especialista.