Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, dois milhões de pessoas morrem a cada ano no mundo em decorrência dos males causados pela poluição. No Brasil, segundo informações do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o setor de transporte responde por cerca de 9% das emissões totais de CO2 na atmosfera.
Pensando nisso, todos os caminhões de carga e veículos movidos a diesel são obrigados a circular com o filtro de partículas em seu escapamento. De acordo com o Técnico Mecânico Valdinei Antônio Ramos, a função do filtro é reter as partículas de fuligem liberadas pela queima deste combustível. “Antigamente, os caminhões soltavam aquela fumaça negra, que tinha um cheiro horrível. O ‘negro’ da fumaça é a fuligem, resultada da queima do diesel”, informa.
Este filtro tem um sistema automático de regeneração. “A cada determinada quilometragem, o próprio sistema eletrônico do veículo faz a regeneração do filtro; ele consegue identificar quando o filtro deve ser regenerado e o faz automaticamente”, observa o especialista. “O veículo leva uma quantidade de combustível ao filtro, que incinera as partículas. Dessa forma, a fumaça que é liberada à atmosfera é bem menos nociva”, explica Valdinei.
Entretanto, muitas vezes, o próprio veículo pode não conseguir fazer a regeneração do filtro, por conta de algum dano. “Nos veículos, existe uma lâmpada no painel que avisa quando o filtro está entupido. Além disso, o próprio automóvel começa a apresentar alguns sintomas: o veículo perde a força e o rendimento. São usados equipamentos específicos para desentupir o filtro de partículas”, esclarece o profissional. Um dos equipamentos utilizados é o scanner, que detecta o problema que o filtro pode estar apresentando.
O Técnico Mecânico informa que a regeneração mecânica num filtro de partículas custa em torno de R$200 a R$450. “O veículo de uso urbano suja muito mais rápido o filtro, e sua regeneração é mais lenta e tem mais chances de apresentar danos. Isso ocorre porque, para que a regeneração seja feita, o veículo tem de atingir uma temperatura correta”, alerta. “Os veículos rodoviários fazem isso com mais facilidade, porque não param a todo o momento, o que aumenta a vida útil do filtro e do motor. Se o carro permanece ligado por várias horas seguidas, a vida útil do motor pode aumentar em até 40%, porque vai atingir a temperatura correta”, ressalta ele. Com o motor frio, além do consumo de combustível aumentar, o desgaste das peças é maior.
O custo de um filtro de partículas para um modelo Picape, de acordo com Valdinei, custa em média R$ 8 mil. Já para os caminhões grandes, de cargas pesadas, custa em torno de R$ 14 mil. O filtro de partículas é obrigatório para veículos movidos a diesel. “Apesar de ser poluente, o motor a diesel apresenta algumas vantagens: ele tem mais força, o custo é menor que o etanol, por exemplo, e é silencioso”, indica ele.
O especialista explica que, fora do País, o diesel tem a classificação de “S10” – ou seja, com nível de enxofre baixo. “No Brasil, usamos o ‘S500’; o numeral desta classificação significa ‘partes de enxofre’. Então, o diesel utilizado no Brasil se mostra com um número muito maior de enxofre do que o utilizado no exterior”, explica.
Para conservar o filtro de partículas, Valdinei faz algumas recomendações: utilizar combustível de boa qualidade; realizar troca de óleo no tempo correto; garantir que o motor esteja com bom funcionamento; evitar que o veículo trabalhe frio; não utilizar óleo de motor de baixa qualidade; e procurar um especialista no caso de o veículo não estar realizando a degeneração automaticamente.
No total, o Técnico Mecânico afirma que já foi constatado que a vida útil do motor a diesel chegou a 300 mil quilômetros rodados. “Dependendo do uso do veículo e da qualidade do combustível, isso é possível. Porém, com uso severo, ou seja, urbano, a vida útil do motor, com certeza, não alcança essa quilometragem”, finaliza.