A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina no esforço e exercício, tosse ou espirro, representando problema social e psicológico, sendo ela mais comum entre as mulheres.
“Constitui sintoma com implicações sociais, causando desconforto e perda da autoconfiança, além de interferir negativamente na qualidade de vida da pessoa. A incontinência urinária, a incontinência fecal, o prolapso de órgãos pélvicos e as disfunções sexuais são problemas que acometem um grande número de pessoas em todo o mundo”, explica a Fisioterapeuta Janaína Genaro.
A especialista esclarece que um assoalho pélvico com função deficiente ou inadequada é um fator etiológico para a incontinência urinária e outras patologias relacionadas à musculatura perineal. “Durante muito tempo, a abordagem cirúrgica representou a solução clássica para estes desconfortos, porém, visto que o tratamento cirúrgico envolve procedimentos invasivos que podem gerar complicações e são de alto custo, atualmente, tem surgido interesse crescente por opções de tratamentos conservadores”, pondera.
A incidência e a prevalência da incontinência urinária são extremamente variáveis, dependendo da faixa etária e da população em geral e são mais evidentes em idosos, mulheres pós-menopausa, mulheres que tiveram muitas gestações, obesidade, problemas neurológicos e homens que se submeteram a prostatectomia.
Diagnóstico
“O diagnóstico da incontinência urinária de esforço pode ser feito por um clínico geral ou urologista através da avaliação dos sintomas. No entanto, também podem ser feitos alguns exames, como ultrassom da bexiga, para avaliar a quantidade de urina quando acontece o episódio de perda de urina, facilitando a escolha de uma forma de tratamento”, afirma a fisioterapeuta.
Tipos de incontinência
urinária
A IU ocorre quando a bexiga não consegue armazenar a urina ou quando é incapaz de se esvaziar completamente. Existem diversos tipos de incontinência urinária, sendo essas:
Incontinência Urinária de Esforço: a pressão vesical (bexiga) supera a uretral depois de algum esforço, tosse, espirro, agachar, ocorrendo, assim, a perda urinária, popularmente conhecida como bexiga caída e clinicamente como Incontinência Urinária de Esforço.
Incontinência Urinária de urgência: A incapacidade de armazenar urina pode ser decorrente da hiperatividade da musculatura, onde o músculo da bexiga – detrusor – contrai-se independentemente da vontade da pessoa e de maneira muitas vezes imprevisível, causando mais pressão na bexiga do que na uretra.
Incontinência mista: corresponde à combinação dos dois tipos a de esforço e urge-incontinência.
Incontinência urinária transitória: causada por alguma situação reversível, se instala de maneira aguda. A ocorrência de infecção urinária, constipação intestinal, vaginite atrófica, distúrbios psicológicos, usos de diuréticos e tranquilizantes podem ser causas reversíveis se devidamente abordadas.
Técnicas fisioterapêuticas no tratamento da incontinência urinária
Cinesioterapia: O objetivo da cinesioterapia é reforçar a resistência uretral e melhora dos elementos de sustentação dos órgãos pélvicos, hiperatrofiar os músculos dos diafragmas urogenital e pélvico. Os exercícios são contrações rápidas e lentas do assoalho pélvico.
Inicialmente, é feita uma avaliação da força de contração e da manutenção do tônus muscular, sendo assim, IUE leves e moderadas são facilmente resolvidas com exercícios pélvicos. Um programa de treinamento do assoalho pélvico supervisionado é uma alternativa à cirurgia para alguns casos selecionados de incontinência de esforço.
Também naqueles pacientes que serão submetidos a procedimento cirúrgico, poderá melhorar os resultados obtidos quando utilizado como terapia adjuvante.
Cones vaginais: são cones de diferentes pesos que são introduzidos na vagina e auxiliam o fortalecimento da musculatura em pacientes que estejam realizando exercícios pélvicos. É considerado método complementar de escolha para a consolidação dos resultados dos exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica em razão da facilidade de execução e do baixo custo.
Biofeedback: É o monitoramento, por aparelhos, em pacientes com IUE. O método é empregado para o reconhecimento da musculatura esquelética envolvida no relaxamento e na contração uretral e da musculatura indiretamente envolvida no ato da micção (abdome, nádegas e coxas). A contração muscular é monitorizada através de eletromiografia, sendo a paciente capaz de diferenciar a ação da musculatura elevadora do ânus e antagonista do reto abdominal. Com o desenvolvimento da percepção dos diferentes grupos musculares perineais através do biofeedback, a paciente passa a obter o controle voluntário de tais estruturas, entrando em programa de fortalecimento de agonistas e antagonistas.
Eletroestimulação: são eletroestimuladores pequenos e práticos, intravaginais ou transanais. A estimulação transvaginal, na dependência do tipo de frequência de corrente utilizada, inibe o músculo detrusor, diminuindo, assim, o número de micções com consequente aumento da capacidade vesical. Pode determinar, ainda, o aumento da força de contração do músculo elevador do ânus e do comprimento funcional da uretra, melhorando a transmissão da pressão abdominal.
Pilates: estimula os músculos do assoalho pélvico em quase todos os exercícios, resultando em uma melhora no ajuste postural e na posição da pelve. Logo, o equilíbrio entre a lordose lombar, os músculos transverso do abdome, multífidos, diafragma e a pelve são os princípios básicos do tratamento de IU com a utilização do método.
Sendo assim, o tratamento fisioterapêutico da incontinência urinária (IU) vem ganhando maior projeção em função de seus resultados, dos poucos efeitos colaterais e de seu baixo custo.