Fomo, ‘o medo de ficar por fora’: comportamento gera ansiedade e depressão

A pergunta é: o que motiva as pessoas a permanecerem conectadas na internet e, especialmente, em serviços de redes sociais?
Um relatório da GSMA – entidade que representa operadoras móveis do mundo todo – apontou que os brasileiros estão em primeiro no ranking do tempo de permanência na internet com cerca de 30 horas por semana da América Latina. Esse tempo é bem significativo.
A psicóloga Maristela Ramos lembra que “o tempo é considerado como o bem mais precioso que o ser humano possui. O tempo não para e, portanto, empregá-lo bem é mais que arte, é sabedoria. A escolha é como vamos dedicar o nosso tempo, seja no mundo real ou virtual. O mundo real é o vivenciado no dia-a-dia, e o virtual trata-se de um ambiente na qual se faz uso dos inúmeros serviços sem contato físico. Sendo assim, para aqueles que teriam dificuldades de se relacionar ou se expressar pessoalmente por timidez ou motivos similares, acaba por ser, no mínimo, um meio interessante de interagir”.

Maristela Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
R. Santo Rizzo, 643
Cel: (19) 98171-8591

Todo o aparato tecnológico que oferece essa conectividade às pessoas, proporcionando troca de informações, experiências, novas descobertas e compartilhamentos de opiniões não é só bom, é ótimo. Todavia, utilizar a internet de maneira exacerbada, que num primeiro momento parece um ambiente “ideal”, pode se tornar um problema. A longa permanência de várias horas na internet tem tornado parte de seus usuários em verdadeiros “viciados” (da internet). Pode até parecer um “bom vício”, mas ele compromete o tempo das pessoas e, consequentemente, irá gerar conflitos em várias áreas da vida, como familiar, profissional, amorosa, entre outras.
Por mais racional que possamos ser, um “não-sei-o-quê” faz as pessoas se conectarem compulsivamente todos os dias, e até todas as horas. Será uma hipnose digital ou algum encantamento? Nada disso, esse fenômeno de dependência tem sido estudado pela psicologia e tem sua origem no nosso cérebro. De forma geral, algumas pesquisas indicaram que navegar e interagir no Facebook, por exemplo, estimulam zonas prazerosas do cérebro. Descobriram isso observando internautas que apresentaram reações fisiológicas que tradicionalmente são associadas ao prazer e ao amor, como, por exemplo, as pupilas que dilatam.
O ápice dessa paixão pelas redes sociais são as notícias, sendo assim, a multiplicação desses canais de informações/notícias criou uma nova forma de dependência, que alguns até consideram uma patologia, o FOMO (Fear of Missing Out), que em português foi traduzido como “receio/medo de ficar por fora”. Reconhecida também como síndrome, em que a pessoa não consegue ficar longe do celular por mais de 20 segundos e pelo fato de só faltarem desmaiar quando a bateria fica abaixo dos 10%. Seguem o máximo de contas possíveis. Tudo isso porque precisam saber de tudo o tempo todo, isto é, receber as últimas notícias.
Como identificar quem está desenvolvendo a síndrome? Quem sentir a necessidade de conferir o que está acontecendo online e também compartilhar sua rotina e seus momentos o tempo todo, como se todas as atividades realizadas “off-line” precisassem ser publicadas na rede. Passa-se a aproveitar menos os momentos fora da internet, e passa a apresentar mau humor, ansiedade, estresse, tédio e solidão, podendo até evoluir para um quadro de depressão.
O que fazer?
Não há como retroceder aos avanços tecnológicos, e nem negar que eles realmente mudaram o dia a dia, a rotina, a forma dos relacionamentos e a comunicação entre as pessoas. E quando a ansiedade de estar presente no mundo online interfere nas vivências off-line, é a hora de prestar atenção se existe um quadro de dependência de internet. O ideal é buscar ajuda profissional psicológica.
Uma dica é que existe um site sobre Dependência de Internet do Hospital das Clínicas de São Paulo, que dispõe de um teste online e diversos artigos abordando o tema.