Fruto de muita dedicação, mata ciliar situada às margens da represa hoje é um dos bens mais valiosos de Cosmópolis

Quando Antonio Rodolfo Rizzo plantou sua primeira árvore, tinha em mente apenas uma singela homenagem a sua neta recém-nascida. Logo, se viu completamente apaixonado pelo ato, o que o levou a continuar a plantar até tonar-se um dos fundadores da mata ciliar municipal.

Mata ciliar é uma floresta que margeia rios ou represas. A reserva cosmopolense se encontra nas proximidades da Usina Ester e da represa que abastece a cidade. Hoje, com 24 anos desde sua primeira muda, possui cerca de 2000 árvores plantadas e uma extensão de 4 km. A mata, segundo Rodolfo, é herança de seus netos Marina e Felipe.

Quando iniciada, a tarefa contava apenas com Rodolfo e sua esposa, Cleide. A iniciativa acabou chamando a atenção de um amigo da família, Valter Garutti, que logo adentrou o time de plantadores.

A ajuda veio também por parte dos proprietários de ranchos pesqueiros, como Paulo Sergio Bianchi (Melinho), Paulinho de Queiroz, Bratfich e Fernando Longuin, que, em cooperação ao trabalho voluntário, cederam seus ranchos para o deposito de todas as ferramentas que o trio usava.

A princípio, conta o aposentado, houve problemas com insetos que prejudicavam o plantio e crescimento das mudas, por isso, o mesmo prontificou-se a comprar todo o equipamento para a solução de problemas como esses. Assim, pássaros de diversas espécies passaram a habitar aquela região, o que trouxe pequenos lagartos, coelhos da índia, lontras e tatus.

Entretanto, no dia 14 de janeiro de 1996, um incêndio atingiu a região, destruindo boa parte do trabalho do trio. Com muito esforço, ela foi recuperada. Já em 20 de dezembro de 2004, um novo incêndio ocorreu e acabou por prejudicá-la novamente.

Cenário florestal e benefícios ecológicos

A cultura da cana-de-açúcar sempre ocupou as extensões da represa e utilizava um manejo de solo pouco saudável para o meio ambiente, pois, suas formas de aplicação de defensivos agrícolas afetavam a qualidade da terra e as queimadas do canavial agrediam o solo e o ar, comprometendo a fauna local.

A mata ciliar trouxe, dentre vários benefícios, o fortalecimento e enriquecimento do solo com diversos nutrientes. Além disso, promoveu maior facilidade na captação e tratamento da água de abastecimento da cidade, ocasionada pela proteção cedida ao solo das margens.

Uma das peculiaridades dessa região é o embondeiro, ou imbondeiro. A árvore, conhecida também por baobá, é nativa da ilha de Madagascar, Continente Africano, Oriente Médio e Austrália. Possui grande porte, podendo atingir 25 metros de altura, 7 a 11 de diâmetro e uma capacidade de armazenar muita água.

Rodolfo conta que as sementes do baobá chegaram até ele através da avó paterna de seu neto, Felipe, de nacionalidade angolana. A senhora trouxe-lhe alguns frutos da árvore e o aposentado logo as transformou em mudas, estas que se encontram até hoje na mata.

O baobá é uma espécie extremamente rara em solo brasileiro e possuir exemplares da mesma em Cosmópolis é de grande importância para a flora municipal, sendo digno de registro nos manuais florestais.

Contribuição e importância

Em 2002, foi lançada uma proposta de investimento nas matas ciliares da região e seria necessário o plantio de 150 mudas. Rodolfo, sua esposa e Valter disponibilizaram-se a executar a tarefa, tudo pelo respeito e compaixão à natureza.

O crescimento da mata em volume e extensão atraiu a atenção da mídia regional, levando a Usina Ester a firmar um contrato com a empresa Katoen Natie Brasil, no ano de 2015, que visava o plantio de 100.000 mudas de árvores com a meta de margear toda a represa do Pirapitingui, numa extensão de 600.000 m2.

Além disso, trouxe a ilustre visita do engenheiro florestal Dr. José Carlos B. Nogueira, que possui outra mata ciliar nas margens do rio Jaguari. O engenheiro, que frequentou a escola primária com Rodolfo nos anos 40, parabenizou o trabalho realizado e enalteceu as árvores ali existentes, como o Jacarandá-da-Bahia, Marfim e o Embondeiro.

Praça do Amor

Além da mata ciliar, Rodolfo foi responsável pela iniciação do projeto da construção do Bosque das Nações, popularmente, conhecido como Praça do Amor.

A ideia surgiu em uma reunião do Rotary Club de Cosmópolis, quando o presidente, Dr. José Marques Barbosa, pediu sugestões sobre a homenagem para o clube no seu 75º aniversário. Rodolfo logo colocou a questão em pauta, pois sabia da existência de um local entre as ruas Francisco de Mario e Raul Veroneze completamente coberto por mato. A sugestão foi bem recebida por todos ali presentes e, depois da aprovação do projeto pela Prefeitura, as obras iniciaram-se.

Após o trabalho, o aposentado ia todas as tardes para o local onde realizava a tarefa de plantio. Logo, a iniciativa despertou a atenção do Secretário de Meio Ambiente da Prefeitura, o arquiteto José Roberto Spana, que ofereceu a ajuda da Secretaria.

O local passou a ser muito frequentado e tornou-se palco para passeios, corridas e lazer.

Respeito ao trabalho

O amor pela cidade e pela família motivou Antonio Rodolfo Rizzo a dedicar-se a uma das mais belas tarefas que o homem pode realizar: a preservação do meio ambiente. Para a população cosmopolense, é uma honra possuir essa mata e pessoas que se importam verdadeiramente com tais questões.

Hoje, após perder a companhia do estimado Valter Garutti, Rodolfo e Cleide continuam dedicando-se ao plantio e aos cuidados da mata ciliar, pensando no futuro das gerações que ainda estão por vir e na saúde dessa ainda pequena Cosmópolis.