Garoto cosmopolense supera adversidades diárias para ser jogador de futebol

Kauê tem 15 anos e, desde os três, já era apaixonado pela bola

No Brasil, podemos considerar o futebol não apenas como um esporte, mas como um pedaço à parte da sociedade. O futebol não é apenas uma fonte de entretenimento, mas uma ferramenta de ascensão social, onde os mais jovens vêem a oportunidade de dar o melhor para seus próximos através do “simples” esporte onde pessoas correm atrás de uma bola. Entre tantos jovens sonhadores brasileiros, se destaca Kauê Henrique Bonfim. Ele tem 15 anos e, desde os 3, já era apaixonado pela bola. Aos 4, entrou numa escolinha de futebol, além de ter passado em outras 8. O garoto tem passagens por diversas escolinhas na infância: São Caetano, Flamengo, São Paulo e, atualmente, joga como lateral esquerdo no projeto Bugrinho Guarani, em Campinas.
A história da família de Kauê é como a de milhões de outras famílias brasileiras, baseada no trabalho duro e na batalha de cada dia a fim de proporcionar um futuro melhor para o filho. O pai de Kauê, Francisco Lima Bonfim, soldador de 45 anos, sempre trabalhou viajando, então, cabia à mãe, Sandra Maria da Silva, dona de casa de 40 anos, levá-lo aos treinos a pé, pois na época não possuíam carro.
Às vezes, Francisco ficava desempregado e tinha de fazer bicos para pagar a escolinha do filho e manter o sonho vivo. Com 12 anos, o garoto fez testes no Corinthians e foi um dos últimos a irem embora, só foi dispensado porque o clube não pagava o alojamento para jogadores da idade dele e o pai não tinha condições de pagar a estadia no Parque São Jorge, em São Paulo. Foram gastos quase 5 mil reais pelo pai, de estadia, apenas pelo período de testes. Outro fator é que o clube não contratava jogadores sem empresário, o que, até hoje, os dois lutam para conseguir. Felizmente, hoje o garoto tem um pouco mais de condição, o pai arrumou um emprego estável e consegue pagar o ônibus do Kauê até a escolinha, onde joga de lateral esquerdo, na categoria sub-17.
Kauê possui muita admiração pelo pai, que serve de inspiração para ele, sempre superando as adversidades a fim de proporcionar o melhor para os seus. E assim como o português, Cristiano Ronaldo, seu ídolo no futebol, Kauê almeja ser um profissional reconhecido e ajudar seus pais, retribuindo todo o esforço e amor fornecido por eles a todo o momento. E além de ajudar os mais próximos, Kauê almeja usar o dinheiro e a influência de um grande jogador para ter um projeto direcionado às crianças da cidade, assim como seu ídolo português.
O futebol está no meio popular, onde grandes jogadores servem de espelho para muitos Kauês, espalhados por todo o Brasil, que sem a ajuda de pessoas poderosas e com recursos, têm a responsabilidade de carregar a esperança de melhora de vida de toda uma família, num país tão injusto e desigual.