Dr. Paulo Cezar, especialista em ortodontia, explica tudo sobre o assunto
Gengivite é uma inflamação da gengiva muito comum em adultos que tem fácil tratamento, mas, se não for tratada, pode evoluir para um quadro mais grave. Em entrevista, Dr. Paulo Cezar, especialista em ortodontia, explica tudo sobre a doença, suas causas, tratamento e prevenção. Confira.
Como surge o problema?
A gengivite surge através do acúmulo de placa (película viscosa que abriga bactérias) que não é removida da superfície dos dentes e da gengiva.
Quais são os principais sintomas?
Gengiva vermelha, inchada, sensível, que pode sangrar com a escovação. Outro sinal é a retração; a margem da gengiva recua, dando ao dente um aspecto mais alongado. Em casos mais avançados da doença, o paciente pode apresentar mau-hálito e um gosto ruim na boca.
Quem está mais suscetível a ter essa inflamação?
Grávidas, adolescentes, pacientes com aparelho ortodôntico e também pacientes com necessidades especiais são mais suscetíveis a gengivites.
É uma doença séria?
Não é uma doença grave por si só, pois, com o tratamento correto e boa higienização, é possível revertê-la. Mas, se não tratada, pode evoluir para outra doença gengival chamada Periodontite. Essa sim é mais grave, podendo causar bolsas gengivais, acúmulo excessivo de tártaro, reabsorção das estruturas que dão suporte ao dente, podendo levar à perda de um dente, ou de forma generalizada, à perda de vários dentes.
Qual é o melhor tratamento? Como prevenir?
O melhor tratamento a ser feito são sessões de raspagem e limpeza para a remoção da placa e tártaro já formados. Logo no início do tratamento, cabe ao cirurgião dentista orientar o paciente e ensiná-lo a fazer uma correta higienização, pontuar as regiões em que apresenta dificuldade de higienizar. E, principalmente, introduzir o uso do fio dental diariamente. A grande maioria dos pacientes com gengivite não faz uso do fio dental para remover resquícios dos alimentos que ficam entre os dentes.
Por vezes, podemos lançar mão de produtos que nos auxiliam quando a inflamação está em uma fase mais aguda, como bochechos contendo substâncias que reduzem as bactérias e inflamação, mas, lembrando que apenas bochechos e cremes dentais não vão solucionar o problema. A principal causa da gengivite é o acúmulo da placa não removida. Então, o paciente precisa higienizar corretamente e remover a placa mecanicamente (escovação e uso do fio dental).
E o fio dental? Existe uma maneira certa de usar?
Sim. Primeiramente, devemos retirar para uso uma quantidade de fio dental que seja adequada para não repassarmos uma região do fio que já foi utilizada em outro dente. Se isso ocorrer, estaremos levando bactérias de um local para outro e não retirando.
Retirada a quantidade certa, é hora de fazer o uso do fio dental. Algumas pessoas sentem dificuldade para passar o fio em regiões mais difíceis, então é interessante estar à frente do espelho para facilitar a visualização. Para ter firmeza e controle do movimento, enrole o fio nos dedos médios, o fio ficará esticado, podendo ser manipulado com os dedos polegares e com os indicadores, dependendo da região.
Devemos introduzir o fio entre os dentes, e então uma informação que faz total diferença. Muitas pessoas apenas introduzem o fio e retiram. Esse movimento apenas empurra a placa para dentro da gengiva. A maneira correta é abraçar o dente com o fio dental, fazendo movimentos curtos de vai e vem, e repetindo no dente vizinho.
Vale a pena usar pasta de dente específica e anticépticos?
Depende. Desde que o conjunto todo esteja sendo executado corretamente, ou seja, uso correto do fio dental, correta escovação e visita regular ao dentista. Caso contrário, cremes dentais e bochechos apenas vão mascarar o problema.
A alimentação interfere nesse problema?
Alguns alimentos contribuem, sim, para o surgimento dessa inflamação. Carboidratos ricos em açúcar são os principais vilões associados a gengivite. Esses alimentos se aderem facilmente à superfície dentária, criando uma placa cheia de bactérias, as quais vão induzir à inflamação.