Devido ao aumento constante do custo da energia elétrica em todo país, consumidores vêm buscando alternativas para fugir dos altos preços. Nos últimos anos, uma das formas de economizar é investir. Por mais contraditório que isso possa parecer, muitas pessoas vêm investindo em energia solar para fugir das incertezas e do alto preço cobrado pelas distribuidoras de energia elétrica.
Em Cosmópolis, isso não é diferente. Dados divulgados pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que é a concessionária que distribui energia elétrica na cidade, mostram um aumento grande no número de clientes que geram sua própria energia elétrica através de painéis fotovoltaicos.
Em 2015, na cidade, não havia nenhum consumidor com o sistema instalado. Já no ano seguinte, em 2016, o primeiro cliente foi habilitado pela concessionária. Em 2017, o número de clientes passou para seis. Este ano, até março, já havia 10 clientes autorizados a gerar a própria energia.
No Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais de 26 mil residências, indústrias e comércios utilizam energia solar, com uma potência instalada de 316.060 kW, energia suficiente para abastecer 193 mil famílias com consumo médio mensal de 200 kWh. Minas Gerais é o estado com o maior número de consumidores na modalidade, com 5.685 unidades consumidoras, seguido por São Paulo, com 5.126.
Nas cidades atendidas pela CPFL, o número de consumidores é de 886.
Apesar dos números, o mercado ainda tem muito espaço de crescimento. A CPFL criou uma empresa para atender aos clientes dispostos a investir no sistema, a Envo.
Segundo Fabiana Avellar, Diretora de Regulação e Inteligência de Mercado da CPFL, “a Envo é destinada a soluções de energia solar para pessoas físicas e também indústria e comércio. Verificou-se essa demanda do consumidor. Então, abrimos essa porta para que ficasse mais fácil para os clientes entenderem qual é o passo a passo e terem a oportunidade de gerar a própria energia”.
Cosmópolis
Em Cosmópolis, um dos consumidores que geram a própria energia é o comerciante Fábio Luis Veronesi. Proprietário de uma loja de materiais elétricos, a Cosmoluz, Fábio instalou o sistema na loja em agosto do ano passado.
Segundo Fábio, “nós tivemos uma redução grande na conta de luz. Hoje, eu pago somente o custo da transmissão. Instalei as placas e não me arrependo”.
O comerciante também comenta que recomenda a instalação do sistema. Ele, inclusive, disse que “estou construindo uma casa e já comprei as placas para instalar nela. Ela está no alicerce ainda, mas já adquiri o equipamento para ser instalado”.
Além do sistema de geração de energia fotovoltaica, a casa vai contar ainda com um sistema de reaproveitamento de água da chuva.
Adauto Gonçalves, proprietário da SermaqSolar, explica que o custo das placas é baixíssimo em relação a energia que a Companhia de energia fornece hoje, além da maioria dos sistemas solares fotovoltaicos hoje serem compartilhados.
Quanto investir
“É preciso saber o quanto você gasta de energia elétrica e, a partir daí, fazemos um cálculo da média anual e o quanto você tem que produzir por dia, levando em consideração o inverno e as épocas de chuva, pois, nessas épocas, as placas produzem menos energia. Então, calculamos e deixamos tudo programado para isso”, disse Adalto.
Após o estudo da conta de Luz, é feito o dimensionamento do sistema que precisa ser instalado para atender as necessidades da residência.
Fabiana Avellar também ressalta que “o consumidor procura uma empresa, faz uma avaliação através do consumo mensal. Precisamos entender qual é a necessidade de consumo desse cliente. Pegamos, geralmente, as 12 últimas contas de energia e fazemos uma avaliação do tamanho da solução que precisa ser instalada para que ele tenha a geração de energia adequada”.
E o consumo de energia varia bastante. “Essa solução pode ser instalada desde casas com um cliente apenas até para consumidores residenciais com contas acima de R$ 10 mil. Ela atende qualquer cliente”, completa Fabiana.
Homologação
Após a instalação do sistema na residência do consumidor, tem início o processo de homologação de todo o sistema instalado.
Técnicos da concessionária de energia elétrica, que na nossa região é a CPFL, vão até a residência para verificar se o sistema instalado está dentro das normas da legislação vigente.
“A distribuidora visita a casa do cliente, verifica se tudo foi instalado adequadamente e aí sim ela inicia o processo de compensação dos créditos. Então, de qualquer forma, tem uma avaliação da distribuidora no processo”, completa Fabiana.
Após o sistema ser homologado, um novo medidor de energia é instalado na residência do cliente. Nele, a energia gerada através das placas, que não é consumida pelo cliente, entra na rede de distribuição da concessionária e passa a ser distribuída pelo sistema da empresa. O medidor também registra quanto de energia da rede o consumidor utilizou.
A diferença nessas quantidades pode gerar um crédito, ou então um débito e vir cobrado na conta de energia.
Compensação
O processo de compensação dos créditos é iniciado após a homologação do sistema. O consumidor que gerar mais energia do que consumir acaba tendo crédito junto à companhia de energia elétrica.
Esses créditos podem ser utilizados em qualquer endereço dentro da mesma área de concessão da empresa de energia.
Por exemplo, o consumidor instala o sistema de geração na empresa dele. Naquele endereço, a energia gerada é superior a quantidade de energia consumida. A diferença, o que ele gerou a mais de energia, entra na rede de distribuição. Isso acaba gerando um crédito para o consumidor.
Esse crédito pode ser utilizado para o abatimento da conta de energia na casa do consumidor, ou em outro endereço dentro da mesma área de concessão da empresa de energia.
Vida útil
As soluções de geração de energia fotovoltaica disponíveis no mercado têm a vida útil estimada entre 25 anos e 30 anos.
Na média, o investimento realizado é pago em torno de cinco anos. Com isso, o consumidor tem aproximadamente 20 anos de geração de energia garantidos.
“Temos visto que esse equipamento dura mais do que isso, mas, sai de fábrica com essa vida útil garantida”, disse Fabiana.
Outro ponto ressaltado por ela é que muitas pessoas têm instalado o sistema como forma de reduzir os custos fixos no futuro. “Muitos clientes dizem que procuram essa solução como uma ‘aposentadoria’. ‘Já tenho minha casa própria, eu quero ter minha geração de energia para o momento em que eu estiver aposentado e para que os meus custos fixos sejam reduzidos’ é o que comentam”, explicou Fabiana.
Limitação
Uma das limitações do sistema de geração de energia fotovoltaica é que não existe a possibilidade de armazenar essa energia gerada. No momento, não existem tecnologias de baterias que sejam viáveis para uma instalação residencial.
Dessa forma, mesmo que o sistema instalado pelo cliente gere mais energia do que consome, não é possível ‘armazenar’ essa energia. O excedente sempre volta para a rede de distribuição da companhia elétrica.
“Temos feito alguns estudos buscando tecnologias inovadoras. Certamente, na hora que tivermos solução de storage (armazenamento) acessível, o consumidor gerador vai se tornar independente. Ele vai gerar a própria energia, acumular essa energia na bateria e consumir no momento em que for adequado”, explica Fabiana.
O desenvolvimento dessa tecnologia está bastante atrelado ao desenvolvimento dos carros elétricos. “Temos visto países que têm uma frota significativa de carros elétricos. Aqui no Brasil, começamos a ver essa solução se expandindo. Temos visto que essa é a tendência daqui pra frente”, finaliza Fabiana.