Gincanas do antigo Grêmio Estudantil fizeram parte das férias cosmopolenses por anos

Antonio Carlos Mortari, carinhosamente conhecido como Cacau, foi, além de participante, um dos organizadores das gincanas do antigo Grêmio Estudantil. “O projeto iniciou no Rotary Club, com o Doutor Geraldo Viamonte e José Barbosa, o Barbosinha. A ideia surgiu como uma forma de motivar os jovens a se manterem ativos nos meses de férias e arrecadar dinheiro para os projetos do Rotary”, conta Mortari.

As gincanas aconteciam no mês de julho e visavam à interação entre a camada mais jovem da cidade. A principio foram formados dois grupos: o Gramophone, que englobava um publico mais velho, e o Gangue da Fumaça, que se voltava para os jovens.

Passado um tempo, o Rotary deixou de patrocinar as gincanas, sendo a administração do evento passada para o Grêmio Estudantil. Antonio conta que a sede se encontrava na Avenida Ester, onde os projetos iniciaram sob o comando de André Grassi e Aurélio Rubio. A partir de então, tudo mudou. Além da troca de prédio, novos grupos foram acrescentados. “Criou-se, então, o Abertura, Sucata, a Gangue da Fumaça, que permaneceu, a MUS (Meninos Unidos Sempre) e os Sempre Travados”.

“Minha temporada como organizador iniciou após Beto Spana tornar-se presidente do Grêmio. Além de mim, minha irmã, Maria Elizabete Mortari, o Mauro Pereira, o Wagner Gaido e esposa, e mais alguns passaram a cooperar na gestão organizadora”, relembra.

Foi então que as pessoas começaram a interagir cada vez mais, sendo necessária a formação de mais alguns grupos. Jovens, adolescentes e até mesmo adultos passaram compor a Equipotencia, a Panela, Garra, “Nois não Liga”, Panters e outros. “Era muito bacana toda aquela festa. Fazíamos diversas atividades e a galera se comprometia de verdade!”.

As brincadeiras realizadas envolviam provas esportivas, culturais e de conhecimentos gerais. “Para os esportes, montávamos equipes de diversas modalidades, como vôlei, basquete, futebol de salão e até ginástica artística. Quanto à parte cultural, gostávamos de fazer desfiles na Avenida Ester. Fizemos sobre televisão e anos 60!”, conta com nostalgia. “Lembro-me de uma vez que organizamos a Buzina do Chacrinha. Cada grupo deveria apresentar um cantor e duas Chacretes. Eu fui de Ney Matogrosso, inclusive, ganhei a prova (risos)”. A população comparecia fielmente e, segundo Mortari, até mesmo pessoas de outras cidades gostavam de participar.

Havia também outros tipos de atividades, algumas que colocavam os jovens em um verdadeiro contato com a cidade. “A lista de provas saia em um domingo à tarde e as equipes reuniam-se para realizá-las. Por exemplo: encontrar o maior número de gêmeos, a mulher mais velha da cidade, o avô com maior número de netos, a primeira foto de noiva e coisas do tipo. Sem dúvidas, era um mês de férias muito bem aproveitado”.

Mortari confidencia que todo o aparato utilizado pelo Grêmio Estudantil para a realização das gincanas sempre teve o apoio das administrações municipais. A Prefeitura colaborou com pessoal, segurança, veículos e disponibilizando toda a estrutura necessária para os eventos.

Os anos então foram passando e as diretorias mudando, até que o projeto perdeu força. “Ninguém correu mais atrás de organizar as gincanas e a ideia foi se desvanecendo. Durante muito tempo, mesmo sob a direção do Grêmio, nós fizemos projetos com intuito de arrecadar dinheiro para a construção do prédio onde hoje encontra-se a Secretaria de Cultura, na Rua Santa Gertrudes. Mas, como tudo foi acabando aos poucos, o prédio ficou um tempo abandonado”, desabafa com certa tristeza. Atualmente, a construção é um espaço bem formado com camarins, banheiros e palco.

Apesar do triste fim, seus antigos participantes conservam com carinho lembranças das tardes e noites passadas entre amigos na memória. Antonio é um deles e, com saudade, relembra também que, no período da noite, geralmente, todos os grupos reuniam-se e formavam “barzinhos” pela cidade. “Esses barzinhos eram o que movimentava a cidade. A galera montava sua barraca com comidas para vender, música e mesas para a clientela. Era incrível! Os amigos dos organizadores compareciam e, em cada cantinho da cidade, viam-se barraquinhas com várias pessoas”.

Por mais que, por vezes, visasse arrecadação de dinheiro, as gincanas aconteciam para o divertimento da população. Em uma época de pouca tecnologia, as formas de distração eram, talvez, mais limitadas, porém, singelas e marcantes. Com certeza, deixa saudade no coração adolescente de todos que um dia participaram.