Grupo de Cosmopolenses fala sobre caminhada até ‘Aparecida do Norte’

Independente da crença religiosa, o feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, traz grandes histórias de superação, foco e determinação. Os peregrinos que se dispõem a chegar na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, possuem uma crença ou motivo pessoal para cumprir esse objetivo superando barreiras físicas e emocionais.
A Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, é o maior templo católico do País e o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o Vaticano. Por ano, a Basílica recebe cerca de 12 milhões de peregrinos, vindos de vários cantos do País.

Em Cosmópolis
Todos os anos, cosmopolenses participam desse autodesafio e proposta de fé. Neste ano, conversamos com um grupo de peregrinos que fez esse trajeto. Paulo Henrique de Aguiar Teixeira (Paulinho Sapo), de 36 anos; Fernando Luis de Andrade (Zangão), de 45 anos; e Jailton Santos (Já Morreu) estão entre eles e contam como foi a jornada.

Como funciona a caminhada?
Sapo e Já morreu, como preferem ser chamados, comentaram o ponto de partida.
“Nós nos reunimos na Dutra, altura da Capital, São Paulo, e, no nosso caso, houve uma organização geral. Funcionou da seguinte forma: no primeiro dia, tínhamos que caminhar aproximadamente 30 km para chegar a um determinado hotel pré-reservado para nós; no segundo dia, 40 km para chegar ao hotel da próxima pernoite. Então, houve metas diárias de quilometragem e cada pessoa fazia o seu ritmo até chegar lá. Tinha quem saía de madrugada para evitar o sol muito quente e, logo após o almoço, já chegavam; outros com ritmos mais desacelerados chegavam mais tarde. Contudo, vale lembrar que nem todos possuem esse planejamento, alguns peregrinos acampam, outros param muito pouco para descansar. Cada grupo ou pessoa faz do seu próprio jeito”.

Quantas pessoas costumam ir?
Segundo Sapo, “esta foi a primeira vez que fui, e o grupo de cosmopolenses foi de aproximadamente sete pessoas, porém, no meu ritmo estavam Zangão e o Já Morreu. Mas, por lá (Basílica de Nossa Senhora Aparecida), há grupos dos mais diversos tamanhos, uma única pessoa ou até 250 pessoas andando juntas com a mesma camiseta e em equipe”.

Qualquer pessoa pode participar?
Já Morreu – “Desde que tenha muita fé e não coloque em risco a saúde, vimos jovens, adolescentes, senhoras de mais de 70 anos, até portadores de necessidades especiais testando os seus próprios limites”.

Existe algum tipo de preparação? (física ou psicológica)
Sapo – “No meu caso, eu não quis, quis cumprir promessa enfrentando tudo que poderia enfrentar nesta jornada. Apenas o psicológico, porque decidi, no ano anterior, no feriado de 2017, que eu iria pela primeira vez este ano. E posso afirmar, quero ir em todos os próximos, se assim Deus me permitir”.

É preciso levar alguma coisa?
Já Morreu – “Somente um tênis confortável, porque do resto, há muito apoio no acostamento das rodovias, é muito bonito ver carros de apoio, barracas e caminhões cedendo água, curativos, massagens nos pés, joelhos e pernas, primeiros socorros, todos voluntariados e todos unidos pela fé em Nossa Senhora Aparecida. Há muito apoio”.

A experiência
Sapo e Já Morreu – “A peregrinação vale não só para os religiosos, até mesmo para curiosos ou simpatizantes e turistas que deveriam acompanhar, mesmo de carro, pela lateral, a experiência incrível e as tantas histórias de todos os tipos de pessoas que estão na caminhada para a Basílica”.

Dica para alguém que vai a pé, pela primeira vez:
Sapo e Já Morreu – “Muita fé e tênis extremamente confortáveis. Muita gente vai te ajudar no que for preciso. Se for de carro, e puder ajudar, levar água e curativo para os que vão precisar e em todos os casos é preciso. Os pés de grande parte dos peregrinos, literalmente, ficam em carne viva. Mas, mesmo assim, o sacrifício vale a pena e todo esforço é recompensado na chegada”.

A chegada
Sapo e Já Morreu – “É simplesmente de arrepiar, somente ao lembrar o que é chegar lá. As missas são constantes e a sensação é maravilhosa, incomparável. Ess experiência é ímpar e queremos repeti-la quantas vezes forem possíveis, é realmente indescritível!”.
Outras pessoas do grupo também deixaram a mensagem de fé e sobre a experiência na peregrinação para Aparecida em 2018. Acompanhe:

 

“A ida é muito difícil. Durante a caminhada, dói o corpo todo (risos). Os pés, as pernas, os joelhos, as

Fernando Luís de Andrade – Zangão

costas, dói realmente tudo. Mas, vale a pena o esforço. Quando chegamos na Basílica, diante de todo o esforço… é muito emocionante e gratificante. No meu caso, este é o segundo ano consecutivo que vou e não é por promessa, é para agradecer Nossa Senhora Aparecida e alimentar a minha fé. Gostaria, ainda, de citar e agradecer as pessoas que ficam no apoio com alimentos, água, remédios, massagem, curativos entre outras ajudas essenciais e dizer que o trabalho desses voluntários é importantíssimo e tão árduo e bonito quanto o da fé dos peregrinos que caminham… Quero agradecer muito todos os envolvidos”.

Magali Ferreira

“É muito difícil, sim, mas, não impossível. Sofremos fisicamente e emocionalmente, pois, existem momentos em que o percurso é tão difícil, que o corpo não aguenta mais, mas, a fé é maior que toda provação. Dificuldade em chuva ou sol forte. Com chuva porque a roupa fica pesada para caminhar e o sol forte judia demais, o asfalto esquenta muito e machuca os pés e tornozelos. No meu caso, foi em agradecimento pelas duas experiências de quase morte que passei e me recuperei, mas, muitos fazem a caminhada para pagar promessa. Já a emoção da chegada é muito gratificante e eu até chorei. Não pelo fato de ter chegado, mas, por ter conseguido cumprir minha meta e feliz por estar à casa da Mãe depois de tanto tempo”.

“Eu sempre fui muito engajado com a igreja e muito envolvido com ela, mas, após muitas decepções com

Claudio Titanegro

a vida, eu me senti muito desacreditado de bastante coisa. Foi quando surgiu esta oportunidade, na quinta-feira, e já saí na madrugada do domingo, algo muito rápido. Fui nesse anseio de buscar algo que estava faltando em mim e as dificuldades foram muitas, falta de preparo e tive uma lesão logo no segundo dia de caminhada, mas, mesmo assim, continuei, não desisti. É cansativo, porém, ver pessoas que você nunca viu antes na vida lhe dando água, lhe dando o que comer, cuidando de você… Desabafar e receber o apoio moral e psicológico de pessoas que, muitas vezes, estavam até piores que você. Voltei restabelecido, renovado e valeu muito a pena!”

Rita Valeria

“A motivação que me levou foi a fé! A emoção da peregrinação já começa nos encontros com os grupos de caminhada, orações, amigos e tudo vai se tornando mágico. O momento mais difícil, para mim, foi quando vi meu tênis furado, meus pés com bolhas, inchados, muita chuva, muito sol, as lembranças da família que ficou pra trás… Porém, você lembra que tem uma mãe lá na frente, te esperando de braços abertos, então, a fé aumenta, tudo fica lindo,a emoção é indescritível e só quem vive esse momento sabe, como já falei: é mágico! Mas, tenho certeza que me sinto renovada e abastecida do amor de Deus”.

“Eu gostaria de agradecer ao Paulo (Sapo), Jailton (Já Morreu) e ao Fernando que foram os ‘líderes’

José Rubens dos Santos (em companhia de Zangão)

dessa caminahada. Eu estive somente com o carro de apoio neste ano e, mesmo assim, posso confirmar que se trata de uma experiência inesquecível, não encontro muitas palavras para descrever, mas consigo dizer que é um mometo único e muito maravilhoso na vida dessas pessoas de fé, que colocam seus limites à prova para estarem um pouco mais perto de Nossa Senhora Aparecida. Fantástico, de todo meu coração!”

 

“Desde o ano passado, eu decidi que queria fazer isso. Tive as dificuldades de muita dor nos joelhos e nas pernas. A cada barraca de voluntários que eu avistava,

Paulo Henrique de Aguiar Teixeira – Sapo

precisava parar para massagens e tentar prosseguir minha jornada. Eu saía durante a madrugada com os irmãos de fé para evitar estragos maiores do sol. Não se dorme bem e realmente é um sacrifício, mas, um sacrifício que eu faço questão de fazer todo ano porque a palavra maravilhado me define. Quando cheguei ao templo, percebi que tudo valeu a pena e a fé volta completamente renovada e reabastecida. Valeu muito a experiência da primeira caminhada a pé e eu quero voltar sempre que Deus me permitir”.