Ao longo dos 2000 anos de história da Igreja Cristã, muitas gerações foram marcadas com a imagem de um Deus distante, cruel, vingativo e impiedoso. A relação com Deus se dava, então, não por fé e confiança, mas por medo de insegurança.
Em sua Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo apresenta um Deus totalmente diferente, misericordioso, amoroso, acessível, que, apesar do nosso pecado, se aproxima de nós, humanidade, por meio de Jesus Cristo. Foi justamente a leitura e o estudo da Carta aos Romanos que ajudou Martim Lutero, 500 anos atrás, se libertar dessa imagem terrível de um Deus cruel e vingativo. No testemunho do apóstolo Paulo, Martim Lutero redescobriu um Deus gracioso, que nos acolhe apesar do nosso pecado, nos reconcilia consigo mesmo através de Jesus Cristo, faz de nós Seus filhos amados e nos conduz pela força do Seu Espírito.
Pensando nessa direção: qual é a imagem que nós, você e eu, temos ou fazemos de Deus? Um Deus vingador, que nos quer castigar ou um Deus gracioso e misericordioso que quer nos recuperar para Sua comunhão? De que Deus nos falaram ou falam nossos pais e educadores ao longo de nossa vida?
O versículo bíblico acima aborda tudo isso e vai além ao apontar para a nossa relação com Deus: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (v.14). Com isso, o apóstolo Paulo lembra que existem duas maneiras de organizar e conduzir a nossa vida: Ou nós vivemos segundo a carne ou vivemos segundo o Espírito de Deus!
Viver segundo a carne é se deixar dominar por tudo o que prejudica e destrói a vida – a nossa e a dos outros.
Viver segundo o Espírito de Deus é se deixar conduzir pelo Espírito Santo, o que marca profundamente o nosso jeito de ser, de pensar, de falar e de agir. Trata-se de um esvaziar-se de si mesmo (Fp. 2.7) e um consequente encher-se de Deus (Ef. 5.18). O apóstolo Paulo fala disso ao enumerar os frutos que o Espírito Santo produz em nós: “Amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio” (Gl.5.22). Tais ações produzem vida e são manifestações da presença GUIADORA de Deus em nosso caminhar.
E agora o detalhe mais importante: Nós não alcançamos estas virtudes pelo nosso próprio esforço ou merecimento, mas tudo é ação misericordiosa de Deus, que age em nós por meio do Espírito Santo. Em nossas mãos está o aceitar ou não sermos guiados pelo Espírito de Deus. Através de Jesus Cristo, Deus vem a nós, inspira confiança em nós e nos acolhe como filhos e filhas. Ao nos deixarmos conduzir pelo Espírito de Deus, produzimos os respectivos frutos. Pelos frutos seremos conhecidos! (Mateus 12.33-37).
O apóstolo Paulo fala de uma força que influencia nosso caminhar, nosso jeito de pensar, de ser, de falar e de agir. Dá para diferenciar os fatores que identificam se somos guiados pelo Espírito de Deus ou não. Quando somos guiados pelo Espírito Santo, somos filhos de Deus e produzimos os respectivos frutos. É o que Deus mais deseja: Que sejamos Seus filhos amados!
A nossa relação com Deus vale para a eternidade – somos filhos e filhas, portanto, herdeiros e herdeiras, juntamente com Jesus Cristo, da verdadeira vida. Esta herança não envolve poder e dinheiro, prazer e coisas materiais nem honra, glória ou méritos pessoais, mas em valores que promovem a vida. Esta herança é fruto do mais profundo amor de Deus por nós – Ele veio a nós em Jesus Cristo, Ele nos amou tanto assim que permitiu que Jesus desse Sua vida por nós na cruz. Ele deseja que permaneçamos e sigamos unidos com Cristo. Para tanto, Ele nos guia e orienta por meio do Seu Espírito e, assim, nos acolhe na Sua misericordiosa paternidade, hoje e na eternidade. Viva assim, e o Reino de Deus estará em nós e entre nós.
Guiado pelo Espírito Filhos
29 de julho de 2017 Caderno de Jesus
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