O importante é buscar ajuda para que essas crianças não entrem em um círculo vicioso de estigmas, rótulos, preconceitos e fracassos
Muitas vezes, ouvimos pais dizendo “meu filho é hiperativo”. Embora muito comum, esse termo “hiperatividade” é, muitas vezes, mal empregado. “Cerca de um entre dez pais descrevem o filho como hiperativo, mas, pesquisas demonstram que o número de crianças com verdadeira hiperatividade seja tão pouco quanto uma em duzentas”, explica Maristela Ramos, Psicóloga.
Embora haja muita controvérsia sobre as causas e da exata definição dessa síndrome, bem como a porcentagem das crianças afetadas, a hiperatividade é reconhecida pela medicina e denominada Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) ou Distúrbio de Déficit de Atenção por Hiperatividade. “Alguns médicos acreditam que a hiperatividade seja simplesmente um extremo do espectro normal do comportamento, isto é, algumas crianças são mais ativas que outras e possuem um temperamento mais impulsivo e curioso, outras ainda precisam de menos horas de sono do que as demais. Os meninos têm mais probabilidade de serem diagnosticados como hiperativos (quatro ou cinco vezes mais); isso pode ocorrer porque, em geral, os meninos parecem ser mais barulhentos e ativos que as meninas. Na verdade, eles podem ser mais estimulados a serem mais extrovertidos, pois, culturalmente, meninos quietos ou tímidos são, muitas vezes, até considerados bobos”, explica a especialista.
A hiperatividade também pode estar na mente do observador, “já que muitas pessoas não toleram ou não aprovam que as crianças sejam ativas e impetuosas, esperando que tenham comportamentos tranquilos e que sejam obedientes. Algumas crianças são rotuladas hiperativas quando seus pais ou outras pessoas simplesmente têm expectativas errôneas de como uma criança tem que se comportar”, esclarece Maristela.
A especialista explica que, “dentre todas as controvérsias que cercam causas e tratamentos desse tema, a maior é a questão da alimentação, em que algumas pesquisas afirmam que a principal causa é a intolerância a determinados alimentos, e, portanto, o principal tratamento seria a identificação e eliminação desses alimentos da dieta. Os médicos mostram-se divididos, alguns apoiam esse tratamento, outros o rejeitam”.
Contudo, o TDAH, a verdadeira hiperatividade tem um padrão de comportamento impulsivo, agitado e desatento. “A criança não consegue ficar parada, nem prestar atenção, por mais que um breve período de tempo, não consegue manter a concentração em jogos, brincadeiras, brinquedos ou atividades, assim como outras crianças da mesma idade. Tendem a ficar atrasadas no desempenho escolar, atraso na fala, podem ter problemas com leitura, e em outras habilidades básicas. A própria criança nem percebe que tem um problema e acaba por não compreender a reação das pessoas quando gritam com ela na tentativa de que foquem na atividade ou que abrandem o comportamento hiperativo”, pontua a psicóloga.
A hiperatividade pode ser tratada?
“Em casos graves, alguns médicos recomendam medicamentos para acalmar a criança e, dessa forma, diminuir os problemas comportamentais e ajudá-las na concentração escolar (curiosamente, os medicamentos para tratar a hiperatividade são estimulantes e não tranquilizantes). Esse tratamento a longo prazo não é recomendado, pois, tende a se tornar menos eficaz com o tempo, e também tem a questão dos efeitos colaterais. Existe atualmente uma grande discussão (prós e contras) a respeito da medicação mais utilizada”, conta Maristela.
“A principal alternativa à medicamentosa é a terapia convencional realizada por um psicólogo clínico ou educacional. Para os pais, também é recomendado, já que eles são muito cobrados ou até culpabilizados pelos comportamentos dos filhos.
Terapias alternativas ou complementares como a homeopatia, técnicas de relaxamento, terapia nutricional com a detecção de alergias ou intolerância a alimentos podem produzir resultados significativos. O importante é buscar ajuda para que essas crianças não entrem em um círculo vicioso de estigmas, rótulos, preconceitos e fracassos”, conclui a psicóloga.