Na noite de terça-feira, 04, a Polícia Civil de Cosmópolis atendeu um caso de homicídio, na Rua Ramos de Azevedo, na região central da cidade. De acordo com o Boletim de Ocorrência, os policiais civis compareceram ao Plantão policial informando que foram ao local do crime, onde a vítima, Marcos Cesar Caro da Cunha, de 51 anos de idade, foi golpeada com facadas. Mesmo socorrida e encaminhada ao Hospital local, não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
Ainda no Boletim de Ocorrência, uma testemunha do caso relatou alguns detalhes.
Acompanhe na íntegra:
“Há cerca de dois anos, ele é meu inquilino, sendo que a casa que alugava fica aos fundos da minha. Ele era sozinho e, ao que sei, ele tinha um filho que se chama Marcos também e mora em Sorocaba. E hoje conseguimos manter contato com ele através do dono de uma determinada empresa, pois sabíamos que o filho dele trabalhou lá e, assim, passaram o número de telefone e ele me ligou, quando lhe contei o que aconteceu com o Sr. Marcos. Então, o rapaz disse que iria pegar um ‘Uber’ e vir para esta cidade.
Nesta noite, eram quase 20 horas, quando meu sobrinho ouviu gritos e perguntou se eu também estava a ouvir. Eu me aproximei da janela, pois nada ouvia e, ali na calçada, vi um homem que se aproximou da janela e me disse que o ‘Sr. Marcos está te chamando e, neste momento, vi o Sr. Marcos sair na calçada desesperado, gritando que sua cabeça estava explodindo, me
pedindo socorro. Ao ver o Sr. Marcos, o tal homem saiu correndo em direção ao fórum da cidade. Eu nunca o vi antes.
O Sr. Marcos estava com as mãos no peito e sangrando muito. Eu e um amigo da minha irmã o socorremos no carro, sendo que ele ainda caminhou até o veículo, entrou e fomos sentido ao hospital. No carro, o Sr. Marcos pedia para irmos mais rápido e agonizava muito, pois perdia
muito sangue.
Eu perguntei o que aconteceu e ele respondeu apenas que “o celular era roubado”. Após falar isso, abaixou a cabeça e desmaiou. Ao chegar no hospital, pedi socorro e, ao colocarem-no na maca, já estava dando os últimos suspiros, sendo que não conseguiram reanimá-lo e ele morreu.
Há uns dias, o Sr. Marcos me disse que estava num determinado bar quando comprou um tablet de um ‘nóia’ por quinze reais. Hoje, ele disse que comprou um celular, sendo que eu lhe pedi para buscar um micro-ondas no conserto e ele me disse que caso o rapaz que iria levar o celular que
ele comprou ali aparecesse, era para pedir para esperar. Quando voltou para trazer o meu micro-ondas, o Sr. Marcos já me mostrou o celular que ele comprou, sendo um modelo Moto G1, e pediu para que depois eu o ensinasse a usar, sendo certo que eu nunca o vi com um celular.
Não imagino o que ocorreu ali, sendo que o Sr. Marcos recebia algumas visitas, geralmente um casal, com uma mulher grávida e uma menina, eles passavam necessidades e o Sr. Marcos ajudava com alimentação. Bem como, iam alguns amigos dele lá.
Ele trabalhava no Supermercado da cidade, mas, foi mandado embora há cerca de três semanas, sendo que, amanhã, ele iria dar entrada no seguro desemprego. Ele ainda me perguntou se, por estar desempregado, poderia atrasar aluguel e se eu o ajudaria e, caso fosse preciso, ele acertaria
tudo comigo assim que arrumasse outro emprego.
Ele comentou comigo, dias atrás, que as pessoas eram muito traiçoeiras e que achava que estavam armando para lhe roubarem. Então, eu o orientei a abrir uma conta-poupança e ali guardar seu dinheiro. Ele disse também que as pessoas estavam a lhe pedir muitas coisas, pois sabiam que ele
tinha recebido o valor da rescisão do supermercado onde trabalhava há cerca de sete anos.
O Sr. Marcos bebia e, como tinha muita confiança em mim, deixava o seu dinheiro comigo, para não gastar tudo e ficava com um pouco no bolso. Às vezes, também deixava seu cartão bancário, sendo que os outros cartões estão na casa dele e serão entregues ao filho.
Hoje, quando os policiais entraram na casa, viram um caderno e um canudinho, o tablet que ele comprou dias atrás, estava na casa, mas o celular que ele comprou hoje não estava lá.
Ele era uma boa pessoa, não sabia de inimizades ou dívidas com outras pessoas. Ao que sei, ele tinha uma dívida com o banco, apenas. Não imagino o que ocorreu e o porquê de o terem matado. Não sei se havia dinheiro na sua casa, mas acho que não.
B.O. 2000/2019