Incêndios criminosos em canaviais interferem na produção da Usina Ester

Os incêndios criminosos, que têm acontecido com frequência na região, interferem na produção da Usina Ester. A informação foi passada pelo Gerente Agrícola da empresa, Cristiano Peraceli.
Diferente do que acontecia no passado, quando as queimadas controladas eram usadas durante o período da safra e o corte era feito de maneira manual, hoje, a colheita é feita quase 100% de forma mecanizada e sem o uso da queima. Com essa mudança na forma de colher, o método utilizado antes não é mais necessário.
“Essa já é a quinta safra que a Usina colhe 97% do seu canavial de forma mecanizada, através de colhedoras e, de 2% a 3%, variam um pouco em cada safra, com o trabalho de pessoas, ou seja, a colheita manual”, explicou Peraceli.
Mas, mesmo nos casos em que a colheita ainda é feita de forma manual, o uso da queima controlada, como era antigamente chamado o uso do fogo, não é mais permitido. “Em ambos os sistemas de colheita, a cana deve ser prioritariamente colhida de maneira crua. Já faz cinco anos, praticamente, que a Usina Ester, a exemplo do setor sucroalcooleiro, não usa mais da queima como uma prática facilitadora para a colheita”, completou o gerente.

Mudança na produção
Existem vários motivos para a mudança do sistema de colheita nos canaviais paulistas durante os últimos anos. Entre eles, está o protocolo chamado de ‘Etanol Mais Verde’. Esse protocolo, criado pelo Governo do Estado de São Paulo, que é seguido pelos produtores signatários do acordo, definem práticas sustentáveis a serem adotadas pelas usinas para a produção de etanol. Entre os itens desse protocolo está a eliminação total da queima durante o processo de colheita.
“Estamos inseridos dentro de um protocolo agroambiental, onde nós temos uma certificação do Governo do Estado”, explicou Peraceli.
Além desse protocolo, outro fator é a questão industrial. “O processo (industrial), como um todo, está configurado para receber cana crua. A cana crua traz menos contaminação para o processo industrial, principalmente, para destilação e para a fermentação, onde os custos se elevam quando você entrega uma cana ‘queimada’”.

Incêndios criminosos
Com a mudança de postura adotada durante o processo produtivo, agora, todo incêndio que acaba acontecendo em canavial é considerado criminoso. Inclusive, sempre que esses incêndios acontecem, eles devem ser registrados através de um Boletim de Ocorrência (B.O.) na Delegacia.
Inclusive, esses incêndios, segundo o gerente, em nada auxiliam ou trazem qualquer tipo de benefício para a produção. Pelo contrário, Cristiano destaca que isso só interfere. “O incêndio criminoso nos prejudica porque diminui nossa produtividade e aumenta o nosso custo e, de uma certa maneira, temos que gastar mais para que não tenhamos prejuízo na qualidade do produto final.
Hoje, o Etanol que a Usina Ester produz é considerado um dos melhores do Brasil. O Etanol neutro, o Destilado alcoólico e o industrial, são usados em empresas de perfumaria e de bebidas, está entre os principais produtos produzidos em Cosmópolis.
Então, prezamos muito pela qualidade. E, quando entra uma cana queimada, temos que gastar mais para não afetar essa qualidade”, explicou o gerente.

Os desafios para que esses incêndios não aconteçam são grandes. Os locais utilizados para o plantio de cana pela Usina estão próximos a áreas urbanas ou cortados cercados por rodovias. Com isso, a atenção deve ser redobrada e o combate feito a qualquer indício de fogo.
“Nossas áreas possuem acessos ao longo das principais vias, estradas secundárias ou vicinais não asfaltadas, principalmente, próximas às cidades. E isso acaba sofrendo muito com a ação de pessoas que descartam entulho e lixo. Somada à condição climática, onde neste ano nós tivemos cerca de 120 dias sem nenhuma chuva, existe uma facilidade maior de se iniciar um foco de incêndio nesse tipo de material, que está depositado próximo ao canavial.
Outro fator ao longo das rodovias, que cruzam as áreas onde temos cana, o acúmulo de mato, facilita o fogo quando é jogada, por exemplo, uma bituca de cigarro”, reforça Cristiano.

Combate ao incêndio
Entre as medidas utilizadas pela Usina para o controle dos incêndios está a brigada, um grupo de funcionários, que são treinados para o combate e para apagar o fogo de forma rápida.
Também existem torres de observação usadas pelas equipes. Nessas torres, que funcionam 24 horas, um funcionário vigia o canavial. A partir do primeiro sinal de fogo, as equipes são acionadas.
Outra medida adotada pela empresa é o manejo inteligente da plantação. A partir de estudos feitos pela Usina, as áreas próximas de risco, que ficam sempre mais suscetíveis ao fogo, recebem uma variedade de cana que pode ser colhida antes do período mais seco. Assim, o canavial fica menos exposto ao risco de um incêndio criminoso.

Números do fogo
A Usina também mapeia e contabiliza os prejuízos causados pelos por esses incêndios criminosos. Neste ano, por exemplo, o percentual

Cristiano Peraceli, Gerente Agrícola da Usina Ester

de canaviais atingidos por incêndios criminosos, que causaram prejuízo, passou de 20%, cerca de 2500 ha.
Além desses números, outro item que também interfere na produção é a quebra do planejamento da colheita. Quando uma área é atingida pelo fogo, as equipes de colheita precisam ser remanejadas para aquela área. Com isso, uma cana que já estava pronta para a colheita precisa aguardar a colheita de uma cana que ainda não estava pronta, mas que sofreu um incêndio criminoso.
“Com isso, temos uma perda de 10% a 20% da produtividade desse canavial que ainda não tinha atingido o seu ponto de colheita, perdas na extração do açúcar e do álcool na indústria e consequentemente o prejuízo financeiro ocorre, impactando diretamente nos resultados da empresa,” afirma Cristiano.