Todos nós dormimos e não podemos deixar de fazê-lo por muito tempo. Parece natural concluir que o sono é necessário. Alguns experimentos de privação de sono falam a favor dessa afirmativa, e testes são feitos para esclarecer até quando se pode viver sem dormir. “A privação de sono durante alguns dias, geralmente, provoca o fenômeno do rebote, isto é, ocorre um aumento da quantidade de sono depois que se recomeça a dormir. Vai se normalizando aos poucos, mas a quantidade de sono “perdido” não é reposta durante o rebote. A privação durante muitos dias pode ser fatal”, alerta a psicóloga Maristela T. L. Ramos.
A teoria mais difundida é que o sono serve para restaurar as energias gastas quando estamos acordados. “Também chamado de estado de vigília, e outras hipóteses de que o sono possa servir para restaurar o sistema imunitário e nossas capacidades mentais.
A insônia é um distúrbio do sono e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge mais de 40% da população brasileira. Pode afetar o antes, o durante e o depois do momento de dormir na vida das pessoas. Isso porque quem convive com esse problema tem dificuldades para pegar no sono, ou quando dorme não consegue relaxar por toda a noite, e quando acorda já se sente cansada, irritada, com mau humor e sem energia para encarar o dia que só começou”, esclarece.
Maristela diz que existem tipos de insônia que são classificadas de acordo com a frequência e duração. “A intermitente, que acontece esporadicamente, isto é, de tempos em tempos e alterna com momentos de normalidade de sono. A Transiente, que pode durar alguns dias e pode se repetir por até três semanas. E a crônica, em que acontece por mais de três semanas. Há também outra classificação em que o diagnóstico é baseado em saber se a insônia está sendo causada por alguma outra doença. Nesse caso, ela é nomeada como insônia secundária, e se não há nenhuma doença interferindo no sono, ela é conhecida como primária”. E ainda completa que “a insônia é também definida como insuficiência de sono, isto é, algo que causa desconforto a pessoa. Se ela dorme pouco sem se sentir desconfortável não tem insônia”.
A maioria dos adultos requer oito a nove horas de sono para não sentir sonolência diurna, e mesmo sabendo disso priva-se de um sono adequado de vez em quando ou cronicamente. Perder uma hora de sono todas as noites durante uma semana equivale a permanecer acordado uma noite inteira. Um sinal comum de insuficiência de sono é a incapacidade de passar o dia sem ter uma perda temporária de energia e atenção, geralmente, no meio da tarde. “Com sono adequado, a pessoa fica alerta todo o dia, mesmo quando se envolve em atividades sedentárias e pouco estimulantes”, diz a especialista.
A especialista pontua os possíveis fatores que podem potencializar as causas da insônia, que possui entre as mais comuns: a ansiedade, a depressão e o estresse.
“Outros pontos consideráveis são a mudança de ambiente em que se dorme, o uso de medicações, cafeína, refeições pesadas perto do horário de se deitar, fumo e a falta de regularidade no horário de dormir e acordar. As mulheres e os idosos têm maior predisposição a insônia. Nas mulheres é comum desenvolverem insônia no período da gravidez, da menopausa e nas mudanças hormonais durante o ciclo menstrual”, explica.
Conselhos para uma boa noite de sono
– Fixar um horário regular para ir para a cama e para se levantar. Ajustar o despertador todos os dias em uma hora específica e levantar-se, independente do quão pouco tenha dormido. Em relação a sesta, sesteie todos os dias ou nunca, quando você o faz só de vez em quando, à noite não dormirá bem. Acordar tarde nos fins de semana também pode prejudicar os ciclos do sono.
– Uma dose de álcool pode até fazer dormir, mas perturba o ciclo de sono, e pode fazer com que se acorde mais cedo no dia seguinte. Além disso, evitar bebidas que contenham cafeína antes de dormir, pois esta funciona como estimulante mesmo nas pessoas que dizem não serem afetadas por ela, e o corpo precisa de quatro a cinco horas para diminuir pela metade a quantidade de cafeína na circulação.
– Não fazer refeições pesadas antes de se deitar, faça um lanche leve, pois o aparelho digestivo terá muitas horas de trabalho pela frente.
– Exercícios físicos regulares ajudam sim a dormir melhor, mas não exercícios extenuantes antes de ir para a cama.
– Cautela no uso de soníferos, pois todos os tipos tendem a perturbar o ciclo de sono, e a longo prazo, inevitavelmente causarão insônia.
– Evitar pensamentos estressantes e fazer coisas que ajudem a relaxar, como tomar um banho quente ou ouvir uma música suave.
– Quando tudo falhar e estiver deitado com dificuldade para dormir, não se levante, insista tentando relaxar. Se a tensão for muito grande, saia da cama por alguns minutos e tente fazer algo tranquilo que diminua a ansiedade, cada um saberá subjetivamente algo para tentar, que lhe traga essa tranquilidade.
Enfim, a insônia pode estar relacionada a uma preocupação exagerada com o amanhã, um medo de estar errado em algo ou alguma incerteza. O congestionamento dessas ideias ativa a ansiedade aumentando o fluxo sanguíneo no cérebro nos fazendo perder o sono. É como se o nosso “cérebro” nos cobrasse durante a noite, com a insônia, por todos os pensamentos conflituosos de origem emocional que evitamos durante o dia. “Hoje algumas abordagens da Psicologia também indicam exercícios respiratórios para amenizar a ansiedade, que consequentemente repetidos antes dormir, ajudam muito. E caso não consiga se concentrar no relaxamento, comece a conhecer um pouco mais sobre você. A busca por uma terapia pode ajudar a descobrir “motivos emocionais” que possam estar trazendo a tona esse sintoma: a insônia. Bom sono a todos os leitores!”, conclui Maristela.