Na vida cotidiana, adquirir inteligência emocional não é uma tarefa fácil, como bem retratou o filósofo Aristóteles em seus escritos na antiguidade. Saber perceber, expressar e gerir suas próprias emoções e as dos outros requer disposição para aprender e maturidade para aceitar as diferenças – isso que define controle emocional.
“Sendo este conceito de Inteligência Emocional relativamente recente na Psicologia e nos âmbitos de seus estudos científicos, entende-se por inteligência emocional a capacidade do indivíduo de identificar suas emoções e as dos outros, como também, saber manusear cada uma delas. O indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que aderiu este conjunto de habilidades, agindo de forma prudente ao se relacionar com os outros e consigo mesmo”, explica a psicóloga Abigail M. Faria.
Todavia, no início dos estudos psicológicos sobre este conceito, Salovey e Mayer (2000) referem-se à inteligência emocional, em sua definição básica, com cinco domínios principais presentes no indivíduo, como aquele que:
– Conhece as próprias emoções;
– Gere as emoções;
– Motiva a si mesmo;
– Reconhece as emoções dos outros;
– Gere relacionamentos.
Para os autores, a relevância da inteligência emocional está em reconhecer suas próprias emoções para lidar com elas. “Este domínio próprio encoraja o indivíduo a perceber as emoções alheias, além de relacionar-se melhor com o próximo. Em suma, buscar melhorar cada um dos domínios propostos eleva o nível de inteligência, traz melhoria no desenvolvimento pessoal e na qualidade de vida de cada indivíduo”, esclarece.
Com os avanços nos estudos científicos, Daniel Goleman considerado o “pai da inteligência emocional na atualidade”, é um renomado psicólogo responsável por popularizar este tema em todo o mundo. “Ele possibilitou, por intermédio de seus escritos, o ensinamento sobre o controle das emoções, esclarecendo conceitos anteriores, como aqueles propostos por Salovey e Mayer, proporcionando novos conhecimentos”, conta Abigail.
A especialista explica que, deste modo, Goleman esclarece que, nos dias atuais, a inteligência emocional é a grande causa do sucesso e insucesso dos indivíduos. “Na maioria das situações da vida ou no trabalho, os indivíduos são cercados por relações, e isso significa que pessoas com qualidades de relacionamento humano – como afabilidade, compreensão e gentileza, possuem mais chances de alcançar o sucesso”.
Portanto, o autor categoriza inteligência emocional em cinco habilidades, que podem ser desenvolvidas, sendo:
– Autoconhecimento emocional: capacidade de reconhecer as próprias emoções e sentimentos. A ausência dessa habilidade possibilita o “encarceramento de si mesmo”, impossibilitando qualidade de vida.
– Controle emocional: habilidade de lidar com as próprias emoções, adequando-as a cada situação vivida. Exemplos: emoções negativas podem ser libertadas pela razão; quando triste pode-se pensar de maneira otimista; ou quando furioso, distrair-se com algo agradável para acalmar essa sensação. São estas percepções que levam o indivíduo a adequar suas emoções às situações.
– Automotivação: dirigir as próprias emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal. Quando o prazer em fazer o que se gosta relaciona-se com a motivação, saber esperar sem ansiedade a gratificação a receber pelo trabalho realizado.
– Reconhecimento das emoções em outras pessoas: habilidade de reconhecer as emoções dos outros e ter empatia, compreensão pelo que percebe. Empatia é um autonível de sentimento capaz de construir relações mais eficazes – permite reconhecer necessidades e desejos nos outros.
– Relacionamentos interpessoais: habilidade de interação com outros indivíduos, saber gerir emoções dos outros e de si mesmo nas relações, consiste a base de sustentação da popularidade, da liderança e da eficiência interpessoal.
“Cabe salientar que qualquer indivíduo tem a possibilidade de desenvolver sua inteligência emocional.
Melhorar ou desenvolver as habilidades categorizadas por Goleman é uma forma de se obter qualidade de vida e relações mais eficazes e saudáveis”, pondera. Abigail diz que a inteligência emocional pode ser desenvolvida, treinada e aprimorada de forma singular para cada indivíduo, possibilitando a construção de novos hábitos e maneiras de pensar e se comportar.
O controle das emoções está muito além da aquisição de habilidades, mas da qualidade de vida e nas relações estabelecidas. Cada indivíduo sente e se comporta de formas diferentes. “Ao adquirir a capacidade de perceber para agir, nos volta a refletir sobre a disposição de aprender e maturidade para aceitar as diferenças – isso é inteligência emocional”, diz.
“Tudo começa pelo primeiro passo: dedicando-se ao que realmente importa, você!”, conclui a psicóloga.