Muitas mulheres, em ocasiões de viagem ou de eventos importantes, escolhem interromper a menstruação para curtir melhor a viagem. Porém, nem todos os métodos de interrupção são seguros e, dependendo do organismo da mulher que fizer uso, pode vir a criar consequências irreversíveis.
De acordo com o Ginecologista Dr. Rodrigo de Angelis, existem diversos métodos que interrompem a menstruação: pílulas anticoncepcionais sem interrupção, injeção, implantes subcutâneos, DIU e ablação do endométrio. “O uso da pílula anticoncepcional é o método mais barato de todos, mas, seu uso, assim como os demais, depende de acompanhamento médico. Para suspender a menstruação, você pode usar tanto pílulas comuns quanto especiais – a escolha dependerá de como o seu organismo reage a cada uma”, afirma.
O método da injeção consiste em injeções mensais ou trimestrais de análogos dos hormônios liberadores de gonadotrofinas (que são hormônios que estimulam a produção de estrógeno, progesterona e testosterona).
Já no caso do implante subcutâneo, de acordo com o especialista, é colocado um pequeno implante no antebraço, próximo ao cotovelo, região com pouca irrigação sanguínea. “Ele libera quantidades de hormônio continuamente, durante três anos. Após esse período, deve-se lembrar que esse implante precisa ser trocado”, informa. Assim como o implante subcutâneo, O DIU com progestógenos libera doses contínuas de hormônios, mas, durante cinco anos.
O profissional explica que a ablação do endométrio é indicada para mulheres já próximas da menopausa e com prole constituída, que possuem hemorragias de causa indefinida. “Essa técnica remove por completo o endométrio, o que elimina, de vez, a menstruação. Apenas o médico pode recomendar a ablação do endométrio, já que seus efeitos são irreversíveis: a mulher que é submetida a esse método não poderá mais engravidar”, adverte ele.
O método mais eficaz, contudo, depende muito do organismo da mulher que fará uso de algum desses métodos. “Embora não ofereçam riscos à saúde, a garantia de que a menstruação será suspensa não existe, independente do método escolhido. Existe uma margem de 10 a 15% de mulheres que não conseguem se adaptar e, mesmo usando algum método, continuam menstruando”, esclarece o Ginecologista.
É claro que o uso de algum dos métodos pode apresentar consequências futuras, mais uma vez dependendo do organismo da mulher. “O uso dos métodos acima citados pode causar atrofia do endométrio (camada interna do útero) durante o uso dessas medicações, o que causa a ausência do sangramento mensal, sendo reversível após parada do uso do método”, afirma.
Além disso, as pílulas anticoncepcionais e o uso dos hormônios, assim como qualquer outro medicamento, podem causar alguns efeitos colaterais. “Estes podem variar desde leves alterações, como enjoo, vômito, dor de cabeça, tonteira, cansaço, ganho de peso, acne, cloasma (mancha escura na face), mudança de humor, diminuição do desejo sexual ou varizes até alterações mais graves como trombose venosa”, indica Dr. Rodrigo.
O profissional afirma que as pílulas ou uso de anticoncepcionais injetáveis são contra-indicadas em diversas situações, em que podem agravar determinadas doenças e aumentar o risco de trombose e suas complicações. “São elas: história prévia ou atual de câncer de mama; história prévia ou atual de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar; hipertensão arterial não controlada ou com doença vascular; trombofilias (doenças com risco de desenvolver trombose); doença cardíaca isquêmica atual ou passada (angina ou infarto); história prévia ou atual de acidente vascular cerebral (derrame); diabetes descontrolado ou com doença vascular; válvula cardíaca metálica; enxaqueca com aura; mulher tabagista; cirrose hepática; hepatite aguda; tumor no fígado”, alerta ele.
Existem mulheres que acham que é preciso fazer a pausa na menstruação a cada três meses, porém, o Ginecologista explica que não há necessidade de fazer isso, porque, na verdade, o sangramento da pausa da pílula é meramente artificial. “O sangramento só acontece porque, enquanto a mulher recebe a carga hormonal vinda da pílula, o endométrio vai se espessando. Quando há a retirada dos hormônios (estrogênio e progesterona), há o descamamento do endométrio e, logo, o sangramento. Mas, isso é um processo artificial, já que o hormônio vem da pílula”, esclarece ele.