Janeiro Branco chama a atenção para a saúde mental

Vida é feita de ciclos e, com empenho, pode-se aprender com os erros e seguir em frente

Janeiro Branco é um nome simbólico para uma campanha que chama atenção para o tema da saúde mental. Janeiro porque é considerado um início, uma página em branco, onde pode ser reescrita uma nova história dependendo das ações da pessoa. Branco porque é a partir dessa cor que podem surgir todas as outras cores, possibilitando colorir a vida no tom que se deseja, portanto, um convite à criatividade.
Foi criado por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG) em 2014 para incentivar as pessoas a mudarem suas vidas e buscarem o que as faz felizes. Convida a entender que a vida é feita de ciclos e que, com empenho, pode-se aprender com os erros e seguir em frente.
Quando se ouve sobre saúde mental, muitos a relacionam com ausência de doenças como a depressão, ansiedade, bipolaridade, etc. Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua saúde mental como “um estado de bem-estar em que o indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue enfrentar as situações estressantes que são comuns nas rotinas diárias e é capaz de ter uma vida ocupacional produtiva”.
O que isso significa? Significa que nosso equilíbrio mental pode ser afetado independente de doenças, por várias situações cotidianas que se vive, como conflitos de relacionamento, perdas ou luto, desemprego, pressões ou cobranças internas ou externas, entre outras, tendo reflexo também na saúde física e social.
Saúde mental caminha de mãos dadas com a saúde física, por isso, a importância de cuidar de ambas.
Muitas vezes, as pessoas normalmente procuram cuidar da sua saúde física e procuram médicos de várias especialidades para tanto. Mas, quando se trata da saúde mental, há uma resistência, porque essa ação, ainda nos tempos atuais, esbarra no tabu de que quem procura o psiquiatra ou o psicólogo pode ser considerado “louco”. Cuidar da saúde mental não é sinônimo de “loucura”. Esses profissionais diagnosticam e tratam casos de sofrimento emocional intensos, alterações e desequilíbrio de comportamentos, às vezes até muito sutis, mas que prejudicam ou dificultam a vida social, profissional, sentimental e familiar dessa pessoa. No caso o psiquiatra é o único que pode prescrever uma medicação caso haja a necessidade, e o psicólogo realiza as sessões de psicoterapia.
Ter uma boa saúde mental significa lidar com os próprios pensamentos, sentimentos e emoções, sejam eles positivos ou não. Pode receber o nome também de controle emocional ou inteligência emocional.
Alguns exemplos de descontrole emocional são imaginar pessoas que saem de casa para trabalhar ou outros compromissos, e já se estressam como o trânsito, xingam e gritam com os outros motoristas, a pressão arterial vai lá em cima. Sim, porque o corpo físico tem grande ligação com o emocional desequilibrado. Ou algo deu errado no seu dia e logo ao chegar em casa descarrega no companheiro(a). Fica triste com si mesmo por não alcançar uma nota em uma prova de um curso ou concurso, já quer desistir de tudo, ou seja, se desespera com as situações.
Se tudo está dando certo, consegue se manter estável, ser amável e produtivo, porém, se algo sai dos eixos e surge algo inesperado, perde o controle, vêm a frustração, o nervosismo, as emoções negativas e desconta as emoções em tudo o que é possível, inclusive no abuso de álcool.
Controle emocional não é ser frio ou indiferente e passar pelas situações conflituosas sem demonstrar sinais de “fraqueza” ou impacto no humor, nem mesmo conseguir ignorar ou inibir sentimentos. É sim, apesar de todos os problemas e de todos os sentimentos e emoções negativas, conseguir ter atitudes e decisões razoáveis e assertivas a respeito de qualquer coisa.
Enfim, o autoconhecimento é o primeiro passo para conhecer como as situações afetam emocionalmente cada um, e como agem a partir de afetados, com descontrole ou não. A psicoterapia trabalha esse processo do autoconhecimento e pode identificar os pontos na experiência/história de vida dessa pessoa, em que não houve o desenvolvimento de habilidades do controle emocional e buscar criá-las a partir da prática.

Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
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