Tudo começou com um poema intitulado “Por que odeio a religião, mas amo Jesus”. Inicialmente, torci o nariz para o vídeo no YouTube, pois achei que seria mais um inconsequente falando mal da religião. Mas, o estrondoso interesse despertado pelo poema, seguido por um livro escrito para dizer que Jesus é maior do que a religião, mostrou que Jefferson Bethke, então com 23 anos, tinha ressonância na cultura atual. Ele mexeu com a cabeça de milhões de pessoas que não mais confiam na religião institucionalizada, sentindo-se enfadadas com rituais vazios e deveres legalistas.
“E se eu dissesse para você que Jesus veio para abolir a religião?”, começa o poema de Jefferson. Bem, Jesus não veio para abolir a religião, mas para dar-lhe um novo significado. “Religião” (threskeia), que aparece apenas quatro vezes no Novo Testamento, é uma palavra neutra. O problema não é a religião, mas a distorção. A igreja é imprescindível. “Tentar viver sem comunidade é como tentar viver sem oxigênio”, escreveu o próprio autor em seu livro.
A resposta ao vídeo por parte de tantos corações sedentos por amor, perdão e nova chance mostra que a religião não pode ser um ritual hipócrita, a igreja não foi criada para ser um museu de santidades, o púlpito não deve ser irrelevante, o evangelho não foi anunciado para legitimar a cultura do pecado. Jesus não veio para salvar um sistema; veio para salvar o perdido. A religião não existe para impor fardos pesados, mas para que reencontremos o Deus que está nos procurando. A melhor religião é a que usa a verdade e a ação para levar a felicidade às pessoas.
Numa dimensão muito mais profunda, Jesus também protestou contra a religião de seus dias. Para ele, o padrão estabelecido pelos escribas e fariseus não era suficiente. Celebrados professores da lei, religiosos estritos, os melhores entre os melhores, eles oravam, jejuavam, davam dízimo, eram pontuais, preocupavam-se com a roupa, ajudavam os outros… Contudo, Jesus disse que era preciso ir além. A justiça deles não valia nada, pois não passava de ritualismo vazio e marketing religioso estéril, incapaz de vencer o pecado e transformar o coração.
Se a religiosidade dos fariseus não era boa o bastante, qual seria? Nenhuma! As tentativas de agradar a Deus por vias legalistas sempre fracassam. A justiça de Cristo, que muda o interior, é a única que alcança o padrão. Por isso, se você pode ter a verdadeira espiritualidade, não se contente com moralismo. Se pode ir ao âmago, não fique na superfície. Se pode sonhar com a eternidade, não fixe os olhos no presente. Se pode alcançar o Céu, não se prenda à Terra. Se pode ter Cristo, não conserve o eu farisaico.
Jesus é maior do que a religião
8 de dezembro de 2016 Caderno de Jesus
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