Na madrugada da última segunda-feira, por volta das 4 horas da manhã, a cidade de Cosmópolis perdeu uma grande personalidade cosmopolense. Famoso historiador e profissional como era reconhecido, José Honorato Fozzati é lembrado por grande parte dos munícipes como o sócio do escritório de contabilidade ECIN Empresarial, já que sua dedicação a esta empresa durou mais de 50 anos e a mesma se tornou referência na cidade neste ramo de atividade.
Vítima de um infarto, ele faleceu por volta das 04 horas da manhã após ser socorrido no Hospital Beneficente Santa Gertrudes.
O velório aconteceu na Loja Maçônica 31 de Março, de Cosmópolis, durante a tarde de segunda-feira (28), onde se reuniram muitas pessoas e entes queridos para a última despedida. O sepultamento aconteceu às 16h30, no cemitério local, após um cortejo que se estendeu por toda a Avenida da Saudade.
José Honorato Fozzati deixou dois filhos, uma neta e levou consigo parte da história do município.
A família
Maria Aparecida Fozzati Jemael, uma das irmãs de José Honorato, se emociona ao falar dele. “Ele era uma pessoa
muito justa, muito maravilhosa. Não é porque é meu irmão… Vimos no velório a amizade, a sinceridade das pessoas que estavam ali realmente para agradecer a vida dele. Ele só ensinou a gente, embora fosse o mais novo da casa entre os irmãos. Ele ensinava a gente viver, com aquele carinho, falando pouco, falando baixo, ele não alterava a voz, falava manso com todo mundo e com ele nós só aprendemos.
Não era apegado a dinheiro, era humilde de coração e é perceptível ver isso através de 55 funcionários que amam ele de paixão! A vida dele foi realmente uma aprendizagem muito grande. Ele deu a vida pela família e era uma pessoa extremamente apaixonada por Cosmópolis! Se seguirmos o exemplo do ‘Zé’, seremos, com certeza, pessoas muito boas.
Como diz a palavra de Deus, ‘em tudo dai graças’, porque ter uma pessoa como ele na família, poucas pessoas possuem esse privilégio. Homem de sinceridade, amor, carinho, esperança, cheio de perseverança e sempre trabalhou muito para se manter. Ele era exemplo de homem, de pessoa, de profissional que, com certeza, deixará muitas saudades”.
Os amigos
Dulce Maria Morente Kreitlow
Amiga pessoal e funcionária da Ecin há muitos anos, Dulce também homenageia o amigo e patrão. “Como começar,
são tantas palavras, tantos sentimentos, tanta gratidão, muitas saudades… Uma pessoa que, com certeza, fará muita falta em nosso mundo, no dia a dia, aquela força, aquela vontade de viver, de nunca desistir. Nunca, jamais te esquecerei! Um patrão, um amigo especial.
Aqui uma palavra que ouvi de uma pessoa bem próxima: ‘Ele simplesmente parou de respirar… um suspiro… na verdade, foi tudo muito suave, um sopro, uma “perfeição” imperfeita!’
Vai ficar gravado em nossos corações, eternamente nesta vida, todos aqui, seus filhos que ele criou e adotou com o maior amor”.
Antônio Rodolfo Rizzo
Companheiro de longa data e amigo de José Honorato Fozzati, Antônio Rodolfo Rizzo relembra algumas das muitas atividades que José Honorato contribuiu para o município. “Realmente, é uma grande e indiscutível perda. É uma pessoa que deixou para Cosmópolis muitas coisas boas. Isso, além de tudo que escreveu e contribuiu para a história do município, como os livros de crônicas, as reportagens especiais cedidas ao jornal Gazeta de Cosmópolis e mais materiais.
Eu tive a felicidade de trabalhar com ele na ACICO, onde ele foi presidente. Além disso, foi presidente do Hospital
Beneficente Santa Gertrudes desde 2005 até 2016. Como presidente, ele ampliou a nova recepção, um novo pronto socorro, UTI, sala de cirurgia, auditório, centro de especialidades e foi um bom presidente.
Algo que poucos se lembram ou valorizam e onde o José Honorato teve atuação importante, foi quando foram autorizados os municípios a realizarem suas Leis Orgânicas! A Lei Orgânica é a constituição do município, e ele foi escolhido como presidente da comissão que elaborou nossa Lei Orgânica; isso há 26 anos em vigor.
José Honorato Fozzati realmente deixou um legado histórico para Cosmópolis. O ‘Zé Honorato’ deixa a lembrança de uma pessoa séria, sensata, honesta, quando assumia respondia por aquilo que assumiu e sempre encontrávamos nele um apoio e uma solução para os problemas. Ele cumpriu sua missão aqui e deixou para nós um exemplo muito grande. Por tudo que ele realizou pela cidade, seu nome ficará para sempre; ele é motivo de orgulho. Cosmópolis deve agradecer a ele por tudo que fez por nossa cidade”.
José Pedroso da Silva
José Pedroso da Silva também foi um amigo de longa data e recorda. “Meu amigo, companheiro e conselheiro José Honorato Fozzati, “Zezão”… Tudo começou com o futebol, com bola de meia, na calçada em frente a Alfaiataria e residência da família Honorato Fozzati, na Rua Campinas. Zezão, Carlos, seu irmão e eu jogávamos todos os dias. A partir daí, construímos uma amizade pura e sincera que durou até o presente momento.
Na infância, futebol com bola de meia; na juventude, Gepan e Grêmio; na minha formação pessoal, política e profissional, em todas, o meu amigo José Honorato Fozzati, o Zezão, esteve presente, me aconselhando, me orientando, me incentivando.
Foi no Gepan, em 1958, 1ª série, que José Honorato sempre esteve na minha frente, até nas chamadas de presença:
José Honorato e José Pedroso. Participamos juntos em todas as atividades e modalidades: teatro, futebol, preparação da Formatura… 1ª turma de formandos. O Zezão, fiel amigo, sugeriu e me escolheu como Presidente da Comissão dos Formandos; juntos, organizamos vários eventos: bailes, cantina, rifas, Concurso Miss Estudante, missa e o “Baile do grande dia”, dia da Formatura com a contratação do conjunto musical mais badalado na época: “Biriba Boys”, Buffet “Bie Mascaro”, decoração Floricultura Campinas, tudo organizado e acompanhado pelo pai Honorato. Foi o maior sucesso de todos os tempos.
No Grêmio, iniciamos juntos a criação e fundação, com o objetivo da Prefeitura receber em doação do Governo Federal uma Biblioteca. Realizamos grandes eventos que abrangeram toda a região de Campinas: Bailes com Orquestras, Festa das Nações, Gincanas, Futebol… O Grêmio tornou-se um time imbatível. José Honorato recebeu a camisa onze e me perguntou: “Você me deu a camisa 11 pra ser o primeiro a ser substituído? Eu respondi: – “Não , você recebeu o 11 porque vai jogar no meio, pra confundir o adversário”.
Concluímos o ginásio, criamos o Grêmio. A partir daí, cada um seguiu sua vocação: José Honorato fez científico: Ciências Econômicas. Eu fui trabalhar em Campinas e me formei em contabilidade. Casamos, criamos os nossos filhos, mas, conservamos nossa amizade bem sólida e sincera. Participamos com adversários na Política: José Honorato – MDB e eu na ARENA, mas, todos os sábados, jogávamos bola e muitos colegas admiravam o nosso comportamento e amizade. Realmente, fomos como irmãos, trocávamos opiniões, informávamos de tudo e sobre tudo, principalmente, sobre a cidade.
Como Presidente da Câmara, homenageei o meu amigo, com Honraria o Título de Benemérito. Que ajudou os Jorginhos, os Ulisses, as Leonores, pois, o que a sua mão direita fazia, a esquerda nunca soube.
Em 28 de março de 2016, encerrou aqui o ciclo da nossa amizade iniciada em 1955. José Honorato partiu desse mundo e, infelizmente, não pude vê-lo pela última vez. Amigo José Honorato, você partiu, foi chamado para contemplar ao lado de Jesus Cristo, face de Deus. Eu, com saudade, mantenho você na minha memória, no meu coração e nas minhas orações.
Até um dia, Zezão, amigo, companheiro e grande conselheiro”.
Lúcio Carone Dias de Arruda
O arquiteto Lúcio Carone Dias de Arruda também teve o privilégio de conviver com o ilustre José Honorato. Ele
desabafa. “Tive o prazer de fazer um programa na TV Jaguari, com o José Honorato Fozzati e também com o Paulo Frungilo, que, por sinal, era uma festa, sempre com convidados ilustres, pessoas da nossa cidade, pessoas que sempre acreditaram na nossa cidade, como o José Honorato, sempre preocupado com nossa cidade, com as pessoas, conversando, escutando e tentando sempre dar a sua contribuição para que todos pudéssemos caminhar juntos, visando um só objetivo ‘Cosmópolis’.
Tivemos grandes entrevistas e sempre lembrando coisas, fatos, notícias de nossa cidade, do nosso Cosmopolitano, de nossas pessoas, “como não falar da Dona Chiquinha, da Modestina’. José Honorato sempre teve uma memória fantástica, lembrava de tudo, gostava de ler, gostava de escrever, gostava de colecionar fotos de nossa cidade (hoje, tem um grande acervo de fotos no escritório da ECIN, aberto à visitação) e, principalmente, crônicas (acabou editando um livro de Crônica).
Sempre preocupado com seus amigos, às vezes, deixando de lado a sua própria vida para poder estar ajudando. Posso dizer, sem dúvida, que ele foi um grande homem, um grande Cosmopolense, um grande historiador, uma pessoa Justa e perfeita”.
Rosely do Carmo Leite
dos Santos
Amiga há mais de 45 anos, Rosely se despede do querido José Honorato com saudades. “Meu querido amigo Zé… ‘Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito!’ ‘Meu amigo, um dia a gente vai se encontrar.’
Me lembrarei sempre da pessoa bonita, amiga, iluminada e abençoada por Deus que você foi…”
A Loja Maçônica 31 de Março
Na Maçonaria, José Honorato também foi muito querido e admirado. Aldo Todero o homenageia em nome de todos
os Irmãos Maçons. “Nesta segunda-feira, dia estranho, pois, uma parte viva da história de Cosmópolis faz sua Grande Viagem. Nosso Irmão José Honorato Fozzati volta para a morada do Pai. Não falaremos de suas qualidades, pois, essas todos conhecem. Não será agora, na hora de sua partida, que respingarão qualquer mácula sobre sua passagem pela terra.
Ele nunca deixou de acreditar no ser humano, e sempre confiou, talvez até demais nas pessoas. Era o jeito dele. Cabe a nós, seus amigos e Irmãos, levar seu legado adiante, mantendo viva sua memória e jamais abdicar do trabalho de sermos verdadeiros ‘Construtores Sociais’, seguindo seus princípios morais e de fraternidade…
A vida nos ensinou a dizer adeus às pessoas que amamos, sem tirá-las dos nossos corações. Sorrir às pessoas que não gostam de nós, para mostrá-las que somos diferentes do que elas pensam, calar-nos para ouvir, aprender com nossos erros, afinal, nós podemos ser sempre melhores! Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que possamos acreditar que tudo vai mudar, a abrir nossas janelas para o amor. E não temer o futuro… A lutar contra as injustiças, sorrir quando o que mais desejamos é gritar todas as nossas dores para o mundo.
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que possamos acreditar que tudo vai mudar. Esses sempre foram os ensinamentos do nosso querido Irmão Fozzati. Vá em paz Irmão, na certeza de um dia estarmos todos juntos novamente, reunidos sob os Auspícios do Grande Arquiteto do Universo.”
Um verdadeiro amigo da
GAZETA e TV Jaguari
Durante mais de um ano sob o comando de Zé Honorato, e dos amigos Lúcio Carone e Paulo Frungillo, o trio apresentou o programa, na TV Jaguari, “Amigos de Cosmópolis”. Foram dezenas de entrevistas com personalidades importantes de Cosmópolis. Durante as entrevistas, a recordação era tão forte que, muitas vezes, levava os entrevistados, apresentadores e internautas às lágrimas.
O programa tinha uma fã que vinha até nosso estúdio acompanhar, ao vivo, todas as edições. Estamos falando de Rosely Leite, que até hoje se emociona ao falar sobre o assunto.
Também durante todos estes 21 anos de GAZETA de COSMÓPOLIS, o Zé Honorato sempre participou do jornal. Foi colunista e teve todo seu Livro ‘Crônicas de Uma Cidade Chamada Universo’ publicado na íntegra no jornal.
Também, sempre participava como Economista, sua profissão, em matérias relacionadas a este tema.
De uma mente lúcida e brilhante, tinha seu jeito reservado de viver, porém, estava sempre disposto a ajudar.
Tinha pela cidade de Cosmópolis um amor invejável. Vivia a cidade no contexto passado, presente e futuro.
Com certeza, junto com a morte do Zé Honorato, morre parte da história viva de nosso município. Uma grande perda, uma perda irreparável, uma grande pena…
Descanse em paz, nosso sempre amigo da GAZETA de COSMÓPOLIS e TV Jaguari.
Gelson Luiz D’Aolio
Diretor
Documentário
José Honorato Fozzati participou de uma entrevista no documentário produzido pela TV Jaguari, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura, no Programa de Ação Cultural 2010 – Proac.