Sair de casa aos 16 anos, morar fora, dividir experiências, cultura e religião com uma família totalmente diferente durante um ano. É isso que Lívia Marques Simoni, 16, decidiu enfrentar a partir de quinta-feira, 10, quando pegou o voo para a Índia. A viagem faz parte do programa de Intercâmbio de Jovens promovido pelo Rotary Club.
“Eu estou com o coração apertado, mas, é uma experiência que ela tem que viver”, relata sua mãe, Tânia Simoni, também intercambista, porém, 32 anos atrás.
Seguindo os passos da mãe, Lívia conta que o intercâmbio foi inspirado pelas histórias que Tânia contava sobre o tempo em que morou na Inglaterra. “Com isso, sempre tive vontade de conhecer um país novo e ficar um tempo no lugar”.
Sendo assim, há mais de um ano, em maio de 2016, a intercambista se inscreveu para o programa. Já em setembro do mesmo ano, ela fez a prova, mas o pior, segundo ela, ainda estava por vir – a espera pela aceitação da documentação.
Uma vez aceita, ela logo foi ver quais os países que ela poderia ir. A ideia principal era conhecer a Alemanha, porém, havia apenas uma vaga, que foi preenchida pela primeira colocada na prova.
“Havia outros países, como Estados Unidos e México, mas, eu queria ir a um lugar diferente; fiquei em dúvida entre a Turquia e a Índia. Acabei escolhendo o segundo por se tratar de uma cultura bastante diferente”, conta Lívia.
Com bastante ‘frio na barriga’, a jovem já tem trocado informações com a família que irá recebê-la em seu novo país. “Eu sei que é bem diferente em questão de cultura, hábitos, religião e afins, mas, a minha família de lá já vem me explicando como são as coisas, e isso já vai me adaptando. Mesmo assim, acredito que, quando chegar lá, vou sentir a diferença real”.
A mãe acredita que o mais importante é que ela sinta as diferenças e aprenda a conviver com elas. “O mais importante para mim são as pessoas, elas são diferentes de nós; é isso que nos enriquece, a diferença”.
Mesmo com o coração apertado, ela diz que a filha deveria mesmo viver isso. “O intercâmbio, acima de tudo, é uma forma de demonstrar para os jovens que, apesar das diferenças que temos entre os países, temos que conviver com a interação”, e é essa a ideia que ela acredita que os jovens devem ter para espalhar a paz pelo mundo.
Segundo o responsável pelo Intercâmbio de Jovens do Rotary em Cosmópolis, Maurício Pelissari, o objetivo é fazer com que o jovem intercambista veja o mundo com os “olhos dos outros”, ou seja, viva as experiências que outros jovens vivem ao redor do mundo, dividindo, assim, o ponto de vista de diversas culturas e aprendendo a conviver com a diversidade, além disso, promover a paz e a boa vontade pelo mundo. “O que é diferente, é simplesmente diferente. É uma forma de pregar a tolerância, uma coisa que está tão em falta nos dias atuais”.
Pelissari diz que se sente realizado com a possibilidade de proporcionar essa experiência aos jovens. Entretanto, ele atribui o sucesso do programa ao esforço do próprio jovem e da família. “O mérito está no jovem e na família, que se preparam durante todo esse período”.
No programa, a família realiza uma troca. Jovens saem de um país, para trocar experiências com famílias de outros países e vice-versa. Entretanto, existem condições para essa troca. É necessário que as famílias estejam aptas a receber os jovens, de acordo com a avaliação dos “rotarianos”. Com isso, existe um acompanhamento que garantirá a segurança dos intercambistas. Dessa forma, “sabemos que o jovem estará seguro, independentemente de onde estiver, em um ambiente saudável e ainda que terá a garantia de poder contar com qualquer membro do Rotary, mesmo que à distância”.
Na terra do futebol
Já os cosmopolenses receberão uma jovem tailandesa, que passará um ano compartilhando experiências com os jovens.
A primeira residência que ela passará é dos Simoni, onde chegará por volta do final de agosto e começo de setembro.
A jovem já tem contato com a família. Eles relataram estar ansiosos em recebê-la. Além disso, afirmaram que ela aparenta ser muito inteligente, além de conhecer muito sobre o Brasil e gostar do futebol. “Conhece todos os nossos craques”, afirmou Tânia.
O programa
O programa Intercâmbio de Jovens é patrocinado pelos Rotary Clubs em mais de 100 países e tem como alvo pessoas de 15 a 19 anos de idade. Esses jovens têm a oportunidade de conhecer outras culturas, aprender novos idiomas e ampliar os horizontes do conhecimento.
Pelissari conta que, todos os anos, a área do distrito 4590, que abrange Cosmópolis, envia cerca de 82 jovens para fora do Brasil. Assim como, essa mesma quantidade também é importada para o País.
No mundo todo, são mais de 8,5 mil jovens que fazem essas transições por intercâmbio dos Rotary Clubs.
Contudo, este ano, no dia 16 de setembro, durante a Expoflora, haverá um encontro dos jovens intercambistas.
E ainda sobre a viagem de Lívia, o representante afirma que ela irá passar por um período de grande desenvolvimento até retornar ao Brasil. “Ela vai criar uma independência maior, aprender falar em público, melhor do que já fala, vai aprender a gestão financeira, enfim, vai chorar, vai rir, vai sentir saudade do Brasil, vai se apaixonar pela Índia, vai se sentir uma indiana, mas, quando isso acontecer, já vai estar voltando para a primeira casa e, depois disso, vai comparar as coisas que acontecem lá com as daqui, e com isso, ajudar a todos”, finaliza Pelissari.
Quais são os benefícios?
Os participantes têm a oportunidade de desenvolver suas habilidades de liderança, conhecer novas culturas e idiomas, fazer amizade com jovens de outros países.
Qual a duração do programa?
O intercâmbio de longa duração cobre todo o ano letivo. Os participantes moram com diferentes famílias anfitriãs e estudam em escolas locais.
O intercâmbio de curta duração pode durar de alguns dias a até três meses e é geralmente estruturado como excursão, estadia em casas de família ou acampamento de jovens no período das férias.
Quanto custa participar?
Hospedagem e mensalidades escolares são cobertas. Cada programa varia, mas, geralmente, os estudantes são responsáveis por passagem aérea (ida e volta), seguro-viagem, despesas com passaportes e vistos, gastos durante o intercâmbio e qualquer viagem ou excursão adicional.
Para se inscrever ou hospedar um intercambista, basta procurar o Rotary Club mais próximo.