Oficiais de Justiça, Advogados e a Polícia Militar realizaram, na manhã de quarta-feira (7), a reintegração de posse de uma área ocupada, ao lado do Assentamento Milton Santos. A área estava sendo ocupada desde dezembro do ano passado.
Mais de cem famílias estavam acampadas no terreno, que fica ao lado do Assentamento Milton Santos, na estrada que liga Cosmópolis à Americana.
Os policiais chegaram ao local no início da manhã, acompanhados por Oficiais de Justiça e pelos advogados de uma usina, que alega ter a posse da área. A reintegração estava marcada para acontecer por volta das 6h30.
Um grupo de moradores, cerca de 150 pessoas, ficou reunido na frente da entrada principal da área. O acampamento, inclusive, já tinha nome – o local foi batizado de Acampamento Rosely Nunes.
Após cerca de quinze minutos de conversa entre a PM, Oficiais de Justiça e os representantes dos acampados, o grupo decidiu se retirar da área pacificamente.
Foi dado um tempo para que os moradores retirassem de dentro dos barracos os objetos pessoais e também os móveis.
Em seguida, os policiais acompanharam os funcionários da empresa com um caminhão.
Alguns móveis e objetos que foram deixados dentro dos barracos de lona foram retirados e amontoados na entrada do acampamento.
Em seguida, alguns tratores também entraram no acampamento. Conforme os barracos eram esvaziados, os tratores destruíam o que sobrou.
A todo momento, os moradores saíam com veículos próprios transportando objetos pessoais.
A imprensa foi impedida, em primeiro momento, de acompanhar a saída dos moradores da área, devido a possibilidade de ocorrer um confronto com a PM. Em seguida, a Cap. Carolina, responsável pela comunicação da PM, acompanhou a imprensa até a área do acampamento.
Segundo a Capitã, “pedimos a autorização e a ela foi concedida ainda em dezembro (para a reintegração). Continuamos aqui no apoio até que sejam retirados todos os barracos, todos os pertences e que todas as famílias saiam”, completou a Capitã.
Também acompanharam o trabalho de desocupação equipes da Rocam (Ronda Ostensiva com o Apoio de Motos), Bombeiros e Grupamento Aéreo, com o Helicóptero Águia.
Uma ONG (Organização Não Governamental), que cuida de animais abandonados também esteve presente. Os cachorros que não foram levados pelas famílias foram recolhidos pela ONG. Eles passarão por consultas veterinárias e serão encaminhados para a adoção.
Conforma a área era desocupada, os funcionários da empresa cercavam o terreno, que tem cerca de 80 mil metros quadrados.
Assentamento
As ocupações dessa área têm sido frequentes nos últimos anos. Os representantes dos acampados alegam que o local pertence à União e deveria ser entregue para a reforma agrária.
A empresa, por sua vez, diz possuir a área há vários anos e que o local é produtivo. Todos os 80 mil metros estavam com cana plantada. Após a colheita, a área foi ocupada.
A senhora Lourdes Carneiro, que estava no acampamento desde o início, disse que não tem para onde ir. “Desde o começo que a gente está aqui. É doação, é ajudando as pessoas. Todo mundo plantando alface, feijão, milho, pé de bananeira. Hoje, a gente tinha outra plantação pra fazer e é isso que vem pra nós”, disse dona Lourdes.
“A gente vai ter que ficar por aí, na linha do trem, ou pedir abrigo lá em Americana. A gente não tem onde ficar”, finalizou.
Dentro do acampamento já existia um barracão, feito de lona, onde as reuniões aconteciam.
Também foi possível ver alguns barracos sendo utilizados como comércio e as ruas divididas. Os barracos já haviam sido numerados.
Toda a área vai ser limpa e terá novamente cana plantada.