Em 2014, a seca que assolou nosso país criou manchetes como: “Nascente do rio São Francisco secou pela primeira vez” e “Seca no ‘Mar de Minas’ causa perdas de R$ 35 milhões em pesca e turismo”. Em São Paulo, um motorista “fugiu” com um caminhão-pipa e distribuiu 16 mil litros de água para cerca de 800 pessoas do Jardim Novo Pantanal, onde morava. Veja a ironia: o lugar se chama Novo Pantanal, mas estava seco. A empresa pensou em demiti-lo, mas mudou de ideia, porque a crise hídrica justificaria seu ato heroico. Um estudo ligou a seca ao desmatamento da Amazônia, pois cada árvore cortada é um manancial que desaparece.
Essa não é a única seca da história, nem a mais crítica. Há 2 mil anos, Jesus encontrou pessoas padecendo uma terrível seca espiritual. Era o último dia da Festa dos Tabernáculos, em Jerusalém, o fechamento do ciclo anual de festas religiosas judaicas. Muito popular, ela era chamada de “a festa”. Josefo, historiador judeu do 1º século, a denomina de “a maior e mais santa festa dos judeus”. Os irmãos de Jesus O aconselharam a ir à festa e revelar Sua identidade por meio de um show sobrenatural. Porém, Jesus decidiu ir mais tarde, sozinho. Estava no controle do tempo, algo em sintonia com a mentalidade judaica de que há tempo para cada coisa.
Durante os sete dias oficiais da festa, havia uma cerimônia diária em que um pouco de água era retirado do tanque de Siloé com um jarro de ouro e levado para o templo. Quando a procissão chegava à Porta da Água, havia toques de trombetas. No altar, o sacerdote derramava água e vinho em duas taças de prata, que tinham uma conexão com passagens subterrâneas. Os dois líquidos corriam simultaneamente. A cerimônia, muito solene, era celebrada em múltiplos níveis, como o pedido por chuvas para o período seco do outono, o memorial da provisão de água no deserto e uma representação do dia em que a água fluiria do templo na época messiânica, com forte tom escatológico.
De repente, no clímax da festa, Jesus Se levanta e faz uma declaração bombástica: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba.” O convite era para todos e continua válido. Você tem passado sede em seu deserto existencial? Saiba que não existe nenhuma fonte terrena que possa satisfazê-lo. Dinheiro, poder, popularidade, cultura, viagem, esporte, gastronomia, casamento, prazer, nada disso pode saciar sua ânsia por significado. Só há uma fonte que pode hidratar sua alma. Note que o convite não foi para simplesmente ir à igreja, receber estudo ou discutir teologia; foi para ir a uma pessoa. Você tem sede? Vá à Fonte e beba.
Líquido precioso
15 de dezembro de 2016 Caderno de Jesus
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