Luto: a dificuldade para enfrentar a perda de alguém querido

Como forma de fazer orações pela alma daqueles que já se foram, o feriado de Finados, celebrado no dia 2 de novembro, é a maneira como familiares e amigos veem para recordar os bons momentos que viveram com o ente querido e prestar suas homenagens.

A psicóloga Patrícia Poletti explica que a morte é um processo natural de todo ser vivo, que deve nascer, ter uma vida e finalizá-la. “Em nossa cultura, lidamos com a morte sempre de maneira pejorativa e, por isso, causa tanto sofrimento, diferente em outras culturas. Lidar com a perda de um ente querido não é tarefa fácil. Entretanto, o luto é um processo pelo qual – infelizmente – todas as pessoas deverão passar a fim de amenizar o sofrimento gerado pela ausência do outro. Não podemos determinar um fim para o luto, ou um tempo, pois, para cada pessoa, a perda de alguém é de um jeito. Mas, todo o luto deve ter um começo e um fim, que pode demorar meses ou anos. O problema ocorre quando essa fase natural se torna mais difícil que o habitual: o que os especialistas chamam de ‘luto complicado’.”

Ainda, de acordo com a psicóloga, em geral, este luto complicado pode afetar pessoas que perderam alguém por acidente, repentinamente e não por causas naturais. Afeta também, principalmente, idosos e não conseguir superar esta morte pode trazer algumas doenças sérias, como a depressão e transtornos de ansiedade, como a síndrome do pânico e o transtorno obsessivo compulsivo.

É necessário encarar a morte da maneira mais natural possível, passando pelo processo de luto, contanto que esse momento passe depois. “Como encarar a morte depende de muitos fatores, como nossa educação, valores, personalidade e até nossa crença e fé. Quanto mais consideramos a morte como algo natural e como algo que não está sob nosso controle, melhor lidamos com ela e a aceitamos. Situações de acidente, doença em pessoas jovens fazem com que lidar com a morte se torne mais complicado. De fato, toda perda transforma a vida da pessoa, ela nunca será a mesma. Entretanto, estamos na vida para sermos transformados a partir das experiências que o acaso nos propõe. A superação só se dá a partir de um longo processo e ela não significa esquecer, fingir que não aconteceu ou ainda não sentir dor quando lembrar. Superar significa apenas aceitar e continuar”, explica Patrícia.

Com isso, a fé e as crenças da pessoa e família podem ajudar neste momento e determinar como cada um lida com a morte. Mas, em geral, não há como minimizar a dor de perder alguém, essa dor precisa ser vivida para ser superada. Nada consola. O que se deve fazer é oferecer acolhimento e apoio. Quem quer ajudar deve manter os braços abertos para que a pessoa manifeste qualquer tipo de sofrimento, sem conselhos, críticas ou cobranças, segundo a psicóloga.
Muitas pessoas optam por preservar os pertences que foram da pessoa, porém, é necessário que, após o tempo de luto, a família e/ou os amigos mais próximos se desfaçam das coisas, para que os objetos do falecido não causem dor e sofrimento para aqueles que ficaram. “Tudo depende de pessoa para pessoa e como está a elaboração deste luto, se já superado ou não. É importante que a família ou algum amigo ou familiar, ajude quem está de luto a pensar sobre isso. Pode ser que, inicialmente, seja importante manter os objetos ou recordações do ente que se foi, como fotos e roupas, mas, aos poucos, a vida deve se reorganizar”, orienta Patrícia.

É necessário também que os amigos e familiares daqueles que estão de luto fiquem atentos ao processo de luto, pois, se durar por um longo período de tempo, é necessária ajuda profissional. “Diante da perda de alguém e durante o processo de luto, esta perda é central na vida da pessoa, mas, aos poucos, a vida dela vai se reorganizando e encontrando novos sentidos, sem esquecer aquele que se foi. No entanto, quando o enlutado permanece por longo tempo, vivendo sempre esta perda e não conseguindo seguir com sua vida e rotina, é preciso, então, buscar ajuda psicológica. Em geral, estipula-se que o processo de luto dura, em média, 06 meses, mas depende de pessoa para pessoa. A ajuda psicológica é importante, mesmo logo após a perda, pois, o psicólogo ajudará a pessoa que perdeu um ente querido a passar pelas fases do luto de maneira mais tranquila e conseguir superar a perda de maneira transformadora”, salienta a psicóloga.

Datas como Finados, portanto, aumentam a saudade e as lembranças de alguém querido que não está mais vivo são fortes, porém, a psicóloga Patrícia explica que esse tipo de data, assim como as festividades de fim de ano, são importantes para ajudar a superar a morte e lembrar da pessoa querida com saudade e nostalgia dos bons vividos com ela. “Datas como finados, Natal, Ano Novo e aniversários são as mais difíceis para quem já perdeu alguém. São sempre nestes momentos que lembramos de quem já se foi, e por ser importante fazer algo nestas datas. O que fazer, vai depender daquilo que tiver significado para cada pessoa, pode ser ir à Igreja, ao cemitério levar flores, fazer uma oração em casa, até reunir os amigos e familiares para lembrar deste que foi. Mas, é importante que a data não passe em branco, os rituais, sejam eles quais forem, ajudam a dar significado à vida e também às nossas perdas e trazem conforto e saudade”, finaliza a psicóloga.

 

Patrícia C. Poletti CRP: 06/85002 Clínica Miareli 3812-5543 Medclin 3872-1345

Patrícia C. Poletti
CRP: 06/85002
Clínica Miareli 3812-5543
Medclin 3872-1345