Cada ser humano enfrenta a situação de diferentes formas, seguindo o emocional de cada um
A perda é uma das dores emocionais mais intensas que o ser humano pode vivenciar. Aprender a conviver com a ausência de alguém que sempre esteve por perto não é uma situação fácil de se enfrentar. Quando falamos sobre o luto, automaticamente, nossa tendência é imaginar as roupas pretas, o caixão e o funeral, mas o luto não acontece somente naquele momento da despedida dos familiares para com o ente que se foi. O luto, muitas vezes, começa a ser vivenciado algum tempo depois do falecimento, algumas pessoas enfrentam o luto anos após a morte, e essa é uma questão muito subjetiva e que deve ser compreendida para melhor aceitação e respeito com aqueles que vivenciam a preda.
Cada um de nós carrega bagagens emocionais que vão sendo construídas a partir do que vivenciamos, do ambiente em que estamos inseridos e tudo isso é associado a personalidade de cada um, todos esses fatores são fortes influenciadores para a formação dessa nossa bagagem emocional e da nossa forma de enfrentar a vida. A partir dessa informação, fica mais claro o entendimento de que cada ser humano enfrente uma mesma situação de diferentes formas, e o luto é uma situação que pode ser vivenciada por cada um de uma forma diferenciada ou por um período diferenciado.
O luto, independente do período em que é vivenciado, possui cinco estágios: a negação, fase em que a pessoa ainda não assimila a realidade e alimenta pensamentos de como voltar a situação anterior à perda. A raiva onde a pessoa enlutada vive constantemente em busca de um culpado pela sua grande perda, direcionando a raiva a pessoas envolvidas na situação, como médicos, familiares, pessoas do convívio ou até mesmo, a si própria, podendo manifestar também o sentimento de culpa. A negociação, muito semelhante à negação, é a terceira fase do luto, é nesse momento em que a pessoa busca soluções para alterar o que aconteceu, tendendo a pensar em tudo o que poderia ter feito de diferente para alterar o rumo da atual situação. A depressão é o quarto estágio do luto, onde a dor e a tristeza ficam mais fortes pelo fato de a pessoa se deparar com a sensação de que a perda é algo irreversível, é bastante comum o indivíduo apresentar demasiado cansaço, desinteresse por suas relações e atividades, desconexão e solidão. Por fim, ocorre o estágio da aceitação, onde a saudade sempre irá existir, mas essa fase costuma vir acompanhada de uma sensação de paz e alívio por compreender melhor o que aconteceu. Após a compreensão do acontecimento é possível enxergar novamente perspectivas para a vida.
O luto, na maioria dos casos, costuma vir junto da reclusão e, com isso, o diálogo é muito importante para ajudá-lo a ser vivenciado de uma maneira menos agressiva a saúde mental do indivíduo. É de extrema importância não tornarmos o luto um tabu, o luto é parte de um processo importantíssimo do qual necessita ser vivenciado e respeitado por todos. Falar sobre o ente que se foi ajuda bastante esse processo, relembrar as experiências vividas, momentos especiais e histórias marcantes também ajuda no processo. O diálogo faz com o que o assunto se torne mais natural, ajudando o enfrentamento dessa situação.
A psicoterapia ajuda bastante na organização mental e na diminuição da sensação de caos interno. Com o acompanhamento de um psicólogo, também é possível concluir quais os fatores que estão agravando o luto e, com isso, aprender a lidar com a situação de uma maneira mais assertiva.
Caroline Decreci
Psicóloga Clínica
Galeria Scursoni
Rua Santa Gertrudes, n° 664 – Sala 13